O cantor e
compositor americano Bob Dylan,
de 75 anos, foi anunciado nesta quinta-feira (13) o ganhador do Prêmio Nobel de
Literatura 2016. A escolha foi divulgada em um evento em Estocolmo, na Suécia.
Além do título, Dylan, que é considerado um dos maiores nomes da música do
século XX, receberá 8 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 2,9 milhões).
A opção por um
músico – e não por um escritor de ofício – soa incomum, mas o nome do Dylan
vinha sendo cotado havia muitos anos. Também poeta e com diversos livros
lançados (veja lista abaixo), o artista é aclamado sobretudo pelo
lirismo de suas letras. Desta vez, no entanto, ele não estava entre os
favoritos nas casas de apostas.
Reconhecendo
que o Nobel de literatura de 2016 pode parecer surpreendente, a
secretária-geral da Academia Sueca, Sara Danius, declarou que Dylan foi
escolhido "por criar novas expressões poéticas dentro da grande tradição
da música americana".
A academia
citou ainda que "Dylan tem o status de um ícone" e que "sua
influência na música contemporânea é profunda". "Ele é provavelmente
o maior poeta vivo", declarou Per Wastberg, membro da instituição.
A nota biográfica do prêmio afirma que "Dylan gravou um grande número de álbuns que giram em torno de temas como a condição humana, religião, política e amor". Dentre os clássicos compostos por ele, estão "Blowin' in the wind", "Subterranean homesick blues", "Mr. tambourine man" e "Like a rolling stone".
A nota biográfica do prêmio afirma que "Dylan gravou um grande número de álbuns que giram em torno de temas como a condição humana, religião, política e amor". Dentre os clássicos compostos por ele, estão "Blowin' in the wind", "Subterranean homesick blues", "Mr. tambourine man" e "Like a rolling stone".
Bob Dylan (nome artístico) de Robert Allen
Zimmerman; Duluth, 24 de maio de 1941),
é um compositor, cantor, pintor, ator e
escritor norte-americano.
Nascido no estado de Minnesota, neto de imigrantes judeus russos, aos dez anos de idade Dylan escreveu
seus primeirospoemas e, ainda adolescente,
aprendeu piano e guitarra sozinho. Começou cantando em
grupos de rock, imitando Little Richarde Buddy Holly, mas quando foi para a Universidade de
Minnesota em 1959, voltou-se para a folk music, impressionado com a obra musical
do lendário cantor folk Woody Guthrie, a quem foi visitar em Nova Iorque em 1961.
Em 2004, foi eleito pela renomada revista Rolling Stone o 7º maior cantor de todos
os tempos e, pela mesma revista, o 2º melhor artista da música de todos os
tempos, ficando atrás somente dos Beatles, e uma de suas principais canções,
"Like a Rolling Stone",
foi escolhida como uma das melhores de todos os tempos.[1] Influenciou diretamente grandes
nomes do rock americano e britânico dos anos de 1960 e 1970. Em 2012, Dylan foi
condecorado com a Medalha
Presidencial da Liberdade pelo presidente
dos Estados Unidos Barack Obama.[2]
Ganhou o Prêmio Nobel da
Literatura em 2016 por "ter criado novos modos de
expressão poética no quadro da tradição da música americana"[3].
1941-1960
Robert Allen Zimmerman (nome hebraico: Zushe ben Avraham)[4] nasceu no hospital St. Mary
de Duluth, em Minnesota, no dia 24 de maio de 1941[5] e cresceu em Hibbing,Minnesota, no Mesabi Iron Range a oeste
do Lago Superior. Os
estudos realizados por vários de seus biógrafos mostraram que seus avós
paternos, Zigman e Anna Zimmerman, emigraram de Odessa (atual Ucrânia) para os Estados Unidos por causa de um pogrom antissemita ocorrido em 1905.[6] Seus avós maternos, Benjamin e
Lybba Edelstein, eram judeus lituanos que chegaram à América em 1902.[6] Em sua autobiografia, Crônicas,
Vol. 1, Dylan escreveu que o apelido de sua avó materna
era Kyrgyz e que sua família era procedente
de Istambul.[7]
Seus pais, Abram Zimmerman e Beatrice "Beatty" Stone, faziam
parte de uma pequena mas muito unida comunidade judaica. Robert Zimmerman viveu
em Duluth até seus seis anos, quando seu pai
contraiu poliomielite e
sua familia voltou à cidade natal de sua mãe, Hibbing, Minnesota, onde passou o resto de sua
infância.[8] Robert passou boa parte de sua
juventude escutando rádio: em um primeiro momento, escutando emissoras de Shreveport, em Louisiana, country, e posteriormente, rock and roll.[9] Durante sua estadia na escola,
formou várias bandas, como The Shadow Blasters, de curta duração,
e The Golden Chords,[10] com a qual chegaria a tocar no
programa de busca de talentos Rock and Roll Is Here to Stay.[11] No anuário escolar de 1959,
Robert Zimmerman assinalou sua principal ambição "unir-se a Little Richard".[12] No mesmo ano, usando o
pseudônimo de Elston Gunn, tocou em duas apresentações com Bobby Vee,
acompanhando ao piano e improvisando com palmas.[13][14][15]
Em setembro de 1959, Zimmerman se mudou para Minneapolis, para estudar na universidade de
Minnesota. Durante a época, seu interesse inicial no rock and roll deu lugar a uma aproximação
ao folk. Em 1985, Dylan explicou sua atração pelo
folk: "A coisa sobre o rock'n'roll é que para mim de qualquer jeito ele
não era suficiente... Havia bons bordões e ritmo pulsante... mas as canções não
eram sérias ou não refletiam a vida de um modo realista. Eu sabia que quando eu
entrei na música folk, era um tipo de coisa mais sério. As canções eram enchidas
com mais desespero, mais tristeza, mais triunfo, mais fé no sobrenatural,
sentimentos mais profundos".[16] Logo começou a tocar no 10
O'Clock Scholar, uma cafeteria a poucas quadras do campus universitário, e
se viu envolvido no circuito folk de Dinkytown.[17]
Durante seus dias en Dinkytown,
Zimmerman passou a se chamar de "Bob Dylan". Em uma entrevista
concedida em 2004, Dylan disse: "Você nasce, sabe, com nomes errados, pais
errados. Digo, isso acontece. Você se chama do que quiser se chamar. Este é o
país da liberdade"..[10] Em sua autobiografia, Crónicas,
Vol. 1, Dylan escreveu sobre a mudança de nome:
"Eu havia visto alguns poemas de Dylan Thomas. A pronúncia de
Dylann e Allyn era parecida. Robert Dylan. A letra D tinha mais força.
Entretanto, o nome Roberto Dylan não era tão atraente como Roberto Allyn. As
pessoas sempre haviam me chamado de Robert ou Bobby, mas Bobby Dylan me parecia
vulgar, e além disso já haviam Bobby Darin, Bobby Vee, Bobby Rydell, Bobby
Neely e muitos outros Bobbies. A primeira vez que me perguntaram meu nome
em Saint Paul, instintiva e automaticamente
soltei: 'Bob Dylan'".[18]
Bob Dylan em novembro de 1963.
1960-1963: Mudança
para Nova Iorque e contrato de gravação
Dylan abandonou a universidade após seu primeiro ano. Em janeiro de
1961, mudou-se para Nova Iorque com
a esperança de ver seu ídolo musical, Woody Guthrie, que estava gravemente doente,
com um estado avançado do mal de Hutington no
hospital psiquiátrico de Greystone Park.[19] Guthrie foi uma das maiores
influências nas primeiras apresentações de Dylan. Sobre Guthrie, Dylan chegou a
dizer: "Você pode escutar suas canções e aprender a viver".[20] Também escreveu,
posteriormente: "As canções em si têm o infinito alcance de humanidade
nelas... [Ele] era a verdadeira voz do espírito americano. Eu disse a mim que
seria o maior discípulo de Guthrie".[21] À medida que o visitava no
hospital, Dylan ficou amigo do assistente de Guthrie, Ramblin' Jack Elliott.
Muito do repertório de Guthrie era na verdade canalizado através de Elliott, a
quem Dylan prestou tributo em Crônicas (2004).[22]
A partir de fevereiro de 1961, Dylan tocou em vários clubes do bairro
de Greenwich Village.
Em setembro, ele começou a ganhar certa reputação graças a uma resenha de Robert
Shelton no The New York Times durante
uma apresentação no Gerde's Folk City.[23] No mesmo mês, Dylan tocou a
harmônica para Carolyn
Hester durante a gravação de seu terceiro álbum, o que levou
seus talentos para a atenção do produtor John H.
Hammond.[24] Hammond contratou Dylan para
a Columbia Records em
outubro.
As interpretações incluídas em seu primeiro trabalho para a Columbia,
intitulado Bob Dylan e
lançado em 1962, consistiam em material de música folk, blues e gospel combinado com duas composições
próprias, "Song to Woody"
e "Talkin'
New York". O álbum teve pouco êxito comercial, vendendo cinco
mil cópias em seu primeiro ano, o suficiente para uma rescisão de contrato.[25] Dentro da Columbia, Dylan
começou a ser tachado como a "tolice de Hammond" e sugeriram findar
seu contrato. Apesar disso, Hammond defendeu vigorosamente Dylan, e ao mesmo
tempo encontrou um bom defensor em Johnny Cash, que havia assinado pela Columbia
meses antes.[25] Durante seu trabalho para a
Columbia, Dylan também gravou várias canções sob o pseudônimo de Blind
Boy Grunt[26] para a revista de música
folk Broadside Magazine, uma revista e gravadora de música folk.[27] Dylan usou o pseudônimo Bob
Landy para gravar como tocador de piano no álbum de antologia de 1964, The
Blues Project, lançado pela Elektra Records.[26] Sob o pseudônimo de Tedham
Porterhouse, Dylan contribuiu com a harmônica para o álbum de 1964 de Ramblin'
Jack Elliott, Jack Elliott.[26]
Bob Dylan com Joan Baez naMarcha por Trabalho
e Liberdadeem Washington, D.C., em 1963.
Em agosto de 1962, Dylan deu dois importantes passos em sua carreira
musical ao modificar seu nome legalmente para Robert Dylan na Corte Suprema de
Nova Iorque e ao firmar um contrato de representação com Albert
Grossman. Grossman foi o empresário de Dylan até 1970 e se
caracterizou por sua personalidade algumas vezes confrontativa e pela extrema
proteção que mostrava para seu principal cliente.[28] Dylan descreveria
posteriormente Grossman como "uma espécie de Coronel Tom Parker...
você podia cheirá-lo vindo".[29] As tensões entre Grossman
e John Hammond obrigaram o segundo a
abandonar as sessões de gravação do segundo trabalho discográfico de Dylan,
sendo substituído pelo jovem produtor Tom Wilson.[30]
De dezembro de 1962 a janeiro de 1963, Dylan fez sua primeira viagem
ao Reino Unido.[31] Ele foi convidado pelo diretor
de televisão Philip
Saville para aparecer em um drama The Madhouse on Castle Street, o qual
Saville estava dirigindo a emissora BBC.[32] No fim da apresentação, Dylan
tocou "Blowin' in the Wind",
uma das primeiras exibições da canção para um público maior.[33] Enquanto em Londres, Dylan tocou em alguns clubes folk da
cidade, como Les Cousins, The Pinder of Wakefield,[34] e Bunjies.[31] Ele também aprendeu novas
canções de alguns intérpretes britânicos, como Martin
Carthy.[31]
Próximo da época de seu segundo álbum, The Freewheelin'
Bob Dylan, lançado em maio de 1963, ele começou a fazer seu nome
como cantor e compositor. Muitas das canções incluídas no álbum foram
classificadas como canções de protesto,
inspiradas parcialmente em Woody Guthrie e influenciadas pela paixão
de Pete Seeger por canções tradicionais.[35] "Oxford Town", por
exemplo, é um conto irônico sobre a arriscada matrícula de James Meredith como o primeiro negro
na universidade do
Mississippi.[36]
Seu mais famosa canção à época, "Blowin' in the Wind",
deriva parcialmente sua melodia da canção tradicional "No More Auction
Block", apesar de sua letra questionar o status quo social
e político da época.[37] A canção teve muitas versões e
tornou-se um sucesso internacional com Peter, Paul and Mary,
criando um precedente para muitos outros artistas que se alçariam com sucessos
através de composições de Dylan. Por sua parte, a canção "A
Hard Rain's a-Gonna Fall" se baseia nos acordes da balada folk
"Lord Randall". Com suas referências ao apocalipse nuclear, a canção ganhou
ressonância durante o desenrolar da crise dos mísseis
de Cuba, poucas semanas depois de Dylan começar a tocá-la.[38] Como "Blowin' in the
Wind", "A Hard Rain's a-Gonna Fall" marcou uma importante
direção na composição de novas canções, mesclando o uso do fluxo de consciência e
a lírica imagista com as formas tradicionais do
folk.[39]
Enquanto as primeiras canções de Dylan solidificaram sua reputação
inicial, The Freewheelin'
Bob Dylan também incluía canções de amor mescladas com uma
lírica irônica e blues falado surreal. O humor se converteu em um dos pilares
da personalidade de Dylan,[40] e a variedade de material
impressionou muitos ouvintes, incluindo os Beatles.George Harrison comentou: "Só
colocávamos e nos viajava. O conteúdo das letras de suas canções e só a atitude
- era incrivelmente original e maravilhoso".[41]
A voz áspera de Dylan era perturbadora para alguns ouvintes iniciais, ao
mesmo tempo que uma atração para outros. Descrevendo o impacto que Dylan havia
ocasionado em seu marido e nela mesma, Joyce Carol Oates escreveu: "Quando
escutei pela primeira vez essa voz crua, muito jovem e parecendo não treinada,
francamente nasal, como se a lixa pudesse dalar, o efeito foi dramático e
eletrificante".[42] Muitas de suas primeiras
canções famosas alcançaram o público em geral através de versões imediatamente
mais palatáveis de outros intérpretes, como Joan Baez, que se converteu na protetora de
Dylan assim como sua posterior amante.[10] Baez foi determinante na hora
de levar Dylan à popularidade nacional e internacional com numerosas versões de
suas canções e ao convidá-lo frequentemente ao palco em suas apresentações.[43]
Alguns outros que gravaram e tiveram sucessos com canções de Dylan no
início e metade da década de 1960 foram The Byrds, Sonny & Cher, The Hollies, Peter, Paul and Mary, The Association, Manfred Mann e The Turtles. A maioria tentou dar uma batida
pop e ritmo às canções, enquanto Dylan e Baez os tocavam na maior parte como
peças folk esparsas. As versões cover tornaram-se tão ubíquas
que a CBS começou a promovê-lo com a
frase"Nobody Sings Dylan Like Dylan."[44]
Transição
Mas logo Dylan mudou de rumos artísticos, afastando-se do
movimento folk de protesto e voltando-se para canções mais
pessoais, introspectivas, ligadas a uma visão muito particular de mundo. As
questões sócio-políticas de seu tempo: racismo, guerra fria, guerra do Vietname,
injustiça social, cedem espaço para a temática das desilusões amorosas, amores
perdidos, vagabundos errantes, liberdade pessoal, viagens oníricas e
surrealistas, embaladas pela influência da poesia beat. Esta transição se dá entre 1964e 1966,
quando Dylan eletrifica a sua música, passa a tocar com uma banda de blues-rock como apoio e choca a plateia
folk, com sua aproximação ao rock. Na época, muitos
ignoravam que Dylan já havia tocado rock and roll na adolescência e apreciava
artistas country como Johnny Cash, que já
trabalhavam com instrumentos elétricos desde os anos 50. O sucesso dos Beatles e demais roqueiros britânicos na
releitura do rock americano também lhe chamaram a atenção. Em compensação, foi
aclamado pela crítica, ampliou o seu público (mesmo sendo chamado de
"traidor" por fãs do Dylan cantor folk), tornando-se cada
vez mais influente entre artistas contemporâneos (John Lennon, por exemplo) e lançando os mais
apreciados discos de sua carreira, com uma série de canções clássicas de seu
repertório: "Maggie's Farm", "Subterranean Homesick Blues",
"Gates of Eden", "It's Alright Ma (I'm Only Bleeding)",
"Mr. Tambourine Man", "Ballad Of A Thin Man", "Like a
Roling Stone", "Just Like a Woman", entre outras, lançadas em
seus álbuns mais inspirados: "Bringing It All Back Home" e
"Highway 61 Revisited" de 1965 e
o duplo "Blonde on Blonde",
de 1966.
Em maio de 1966, após uma tumultuada turnê pela Inglaterra, devido ao formato rock dos shows,
Dylan sofreu um grave acidente de moto que o afastou dos palcos e gravações
até 1968. Em seu retorno, surpreendeu o público e
a crítica com o álbum "John Wesling Hardin", fortemente influenciado
pelo country, tendência que acentuou-se no trabalho
seguinte, "Nashville Skyline", que trouxe o clássico "Lay Lady
Lay" para as paradas. Limitando-se a apresentações esporádicas, das quais
a mais importante foi sua participação no Festival da Ilha
de Wight em agosto de 1969,
além de sua participação no Concerto para
Bangladesh, organizado por George Harrison em 1971, Dylan só
voltaria a realizar turnês em 1974.
Anos 70
O que produziu no início dos anos 70 não foi bem recebido pela crítica,
considerado muito abaixo de seus hits originais. Apenas algumas canções
destacam-se: "If Not For You" (1970),
"Knockin' on
Heaven's Door" (1973), "Forever Young" (1974).
Mas ao voltar as turnês, acompanhado pelo grupo The Band, retorna a evidência e ao sucesso,
principalmente pelo elogiado duplo ao vivo "Before the Flood" (1974).
Na retomada da carreira de forma mais ativa, Dylan produz "Blood On
Tracks" (1975) e "Desire" (1976),
seus melhores discos nos anos 70, aclamados pela crítica. Deste último, a
canção "Hurricane", baseada na história de Rubin Carter, um boxeador negro preso
injustamente, foi um sucesso espetacular, ao mesmo tempo que a turnê Roling
Thunder Revue (75/76) era aclamada por crítica e público. São também de Desire
as músicas Sara (dedicada a sua esposa) e Romance in Durango, essa última
vertida para Romance no Deserto pelo letrista Fausto Nilo para o disco de mesmo
nome do cantor Raimundo Fagner.
Conversão
Apresentação de Bob Dylan em Roterdão, 23 de
junho de 1978
Após seu divórcio em 1977, da esposa Sara Lownds[45], com quem era casado desde 1965,
Dylan viveu uma grande crise pessoal, que refletiu-se em seu trabalho
artístico. Depois de uma turnê mundial em 1978,
em parte registrada no duplo ao vivo "At Budokan" (gravado no Japão),
ele voltou-se para a música gospel, após converter-se
ao cristianismo e
filiar-se a uma igreja. Foi o período mais
controverso e polêmico de sua carreira, principalmente por Dylan afastar-se de
seu repertório clássico e investir em canções com temática cristã. Nesta nova
fase, surpreendeu seus antigos fãs e se apróximou de músicos do segmento
cristão, como Larry Norman[46], Chuck
Girard[47]e Keith Green, em cujo álbum "So
You Wanna Go Back to Egypt" chega a gravar uma participação com
sua harmônica[48].
Mais importante do que isso, motivado por sua nova espiritualidade,
Dylan gravou três álbuns: "Slow Train Coming" (1979)
considerado o mais inspirado dos três, deu a Dylan um Grammy de melhor vocal masculino, pela
canção "Gotta
Serve Somebody". O segundo álbum,"Saved" (1980),
teve uma recepção menos entusiasmada, embora na opinião de Kurt Loder da Rolling Stone este álbum fosse superior
ao primeiro [49]. "Shot of Love" (1981)
encerra a fase cristã de Dylan.
A despeito da intolerância das críticas à época do seu lançamento,
em 2003, o conteúdo das músicas de "Gotta
Serve Somebody" foi depurado, revisitado e redimido por nomes
como Shirley
Caesar, Helen
Baylor, Chicago
Mass Choir e outros representantes da música afro-americana,
em "The Gospel Songs of Bob Dylan", um CD que se
desdobrou em indicação para o Grammy e em documentário (2006)
sobre esta fase. O jornal International Herald Tribune declarava que a
interpretação afro-americana levava a música de Dylan a um outro patamar[50].
Anos 80
Com "Infidels", de 1983,
Dylan afasta-se da fé cristã, volta-se inesperadamente para as suas raízes
judaicas e parece reencontrar certo equilíbrio artístico. Bem recebido pela
crítica, é considerado seu melhor álbum desde Desire. As apresentações ao vivo,
em que volta a interpretar suas canções clássicas, marcam uma reconciliação com
seu público. Em 1985 participa do especial We are the world com outros 40 grandes
nomes da música estadunidense - entre eles Michael Jackson, Tina Turner, Ray Charles, Stevie Wonder - pela campanha contra a
fome na África.
Dylan continua a gravar regularmente, buscando uma sonoridade "made
anos 80" ao mesmo tempo em que tenta preservar seu estilo. "Down In
The Groove", álbum de 1988, passou despercebido,
contém várias covers, mas equivale a uma declaração de princípios, com canções
de folk-rock, gospel, rock, que demarcam os gostos artísticos preferenciais do
artista. Depois de uma turnê com a lendária banda californiana Grateful Dead, ele lança o álbum "Oh
Mercy" (1989), elogiado pela qualidade inesperada das
canções e volta às paradas com o super-grupo Traveling Wilburys,
formado com os amigos George Harrison, Tom Petty, além de Jeff Lynne e Roy Orbison.
Anos 90
No início dos anos 90, Bob Dylan parece dar uma "parada" na
carreira. Para comemorar e fazer um balanço de seus 30 anos de trajetória, ele
volta a gravar folk tradicional, acústico, sem importar-se com o pouco apelo
comercial deste gênero nos dias atuais. Em 1992 é
realizado um show-tributo em grande estilo, com a participação de vários nomes
do rock, country e do soul cantando suas músicas: Eric Clapton, George Harrison, Stevie Wonder, Neil Young, Willie Nelson, Lou Reed, Eddie Vedder entre outros.
Depois do acústico produzido para a MTV em 1994,
Dylan só voltaria com um CD de inéditas em 1997 (ano
que vários outros famosos voltaram a ativa com sucesso, entre eles os Bee Gees). O álbum "Time Out Of
Mind" ganharia vários prêmios Grammy e foi considerado por muitos uma nova
ressurreição artística, confirmada pela qualidade de "Love and Theft"
(2001). Neste mesmo ano a revista Rolling Stone publicou uma lista com as
500 melhores músicas da história e em primeiro lugar ficou Like a Rolling Stone,
de Bob Dylan. Atualmente registra-se um novo interesse pela vida e obra de
Dylan, com o lançamento oficial de várias gravações piratas, além do lançamento
do documentário "No Direction Home", de Martin Scorsese, que flagra os anos iniciais
de sua carreira (1961-1966) e, mais recentemente, com "Modern Times",
seu novo álbum lançado em 2006, com o qual, pela quarta vez na carreira, Dylan
conquistou a liderança do ranking dos mais vendidos dos Estados Unidos,
vendendo 192.000 cópias na primeira semana. A última vez que Dylan tinha
alcançado a liderança nos Estados Unidos, foi com o álbum "Desire",
de 1976, que ficou 5 semanas no topo das paradas. Antes disso, alcançou o
primeiro lugar com o clássico disco "Blood On The Tracks", em 1975, e
com "Planet Waves", no ano anterior. (Fontes: G! e wikipedia.org/wiki/Bob_Dylan
Nenhum comentário:
Postar um comentário