domingo, 13 de março de 2022

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A CARREIRA ARTÍSTICA DE NEWTON MAXWELL


Itabuna antiga, do tempo de Newton Maxwell

Walmir Rosário*

Os tempos eram difíceis e disse não se há de negar. Àquela época costumavam-se dizer que em Itabuna “se ganhava o ouro – é verdade –, mas se deixava o couro”. Era um relato sobre as oportunidades existentes para os que não tinham medo ou receio de enfrentar as adversidades. Nas roças abundavam o rico cacau, na cidade tudo convergia para gastar o ouro negro ou fazer fortuna.

Desde o início do século passado a ainda acanhada Itabuna se rivalizava com as grandes cidades quando o tema eram as atividades culturais. As grandes companhias artísticas do Rio de Janeiro e São Paulo incluíam a cidade no seu roteiro, ao lado de Salvador e Ilhéus. A economia cacaueira era garantia de sucesso de público e de finanças, com as salas de cinema e teatro lotadas.

Lembro que na segunda metade da década de 1950 eram presenças obrigatórias das vedetes do Rio de Janeiro, das grandes bandas, cantores famosos, humoristas, enfim, todos aqueles que víamos nos filmes da Atlântida e Vera Cruz. Aqui, além do sucesso, também influenciavam as artes e despertavam vocações nos nossos conterrâneos que se aventuravam a seguir uma carreira em plagas grapiúna.

E Itabuna não era diferente das cidades interioranas, com seus personagens que povoam a vida dos seus habitantes, marcando indelevelmente a comunidade, alguns com fatos pitorescos, outros com estórias curiosas que sobrevivem ao passar dos tempos. Itabuna era uma cidade rica dessas figuras. E o que passo a narrar é fruto dessa cultura, contada pelo advogado e colega ceplaqueano Lício de Almeida Fontes, com todos os créditos.

Vale lembrar uma dessas pessoas que marcaram sua passagem pela cidade e que até hoje é lembrada como protagonista de estórias interessantes: Newton Maxwell, que ele dizia ser seu nome artístico, quando alguém falava que aquele bonito nome era falso, com a intenção de desmerecer as suas qualidades artísticas. E ele seguiu fielmente o roteiro do imperador Romano Júlio César: “Veni, vidi, vici” (vim, vi, e venci).

Na verdade o saudoso Newton Maxwell era o pseudônimo do cidadão Nílton Caetano do Almada, que chegou a Itabuna na primeira metade do século XX ainda rapaz, se estabeleceu como fotógrafo. Também dominava algumas habilidades como dançarino sapateador e mágico. Era gordinho, cintura grossa, cabelo repartido no meio, extremamente comunicativo e engraçado.

Como a arte da fotografia inicialmente não lhe possibilitava viver com muito conforto, trabalhava também como balconista de uma farmácia que havia na antiga Rua da Lama, hoje avenida do Cinquentenário, e à noite se aventurava – fazia bico – dando shows como sapateador e mágico no Cine Theatro Odeon existente na época, e localizado onde hoje é a rua Paulino Vieira.

Mas, devido à sua compleição física: gordinho, cintura grossa, passadas curtinhas e apressadas, logo – não se sabe por quem – foi apelidado de Buião. Este apelido o perseguiu pelo resto da vida e lhe causava grande irritação quando assim o chamavam. Em roda de amigos, com os quais tinha grande amizade como Washington e Weldon Setenta, João Fontes, Raleu e Pedro Baracat, Fuad Maron, Silvio Midlej, Fernando Andrade ele entrava no clima da brincadeira e não se zangava. Fora disso ficava injuriado.

Num fim de semana o Cine Theatro Odeon anunciou um espetáculo de dança e mágica protagonizado pelo artista Newton Maxwell recém-chegado à cidade, mas o suficiente para ser batizado com o malsinado apelido: Buião.

Eis que na hora marcada, Theatro com plateia lotada, nos bastidores o artista é anunciado, as cortinas se abrem, refletores o iluminando, eis que surge, vestido num smoking, gravata borboleta, o artista Newton Maxwell, peito estufado, cinturinha grossa, passinhos curtos e apressados. Cessados os aplausos, faz-se o silêncio costumeiro para o início do grande espetáculo.

Mas eis que ouve-se a voz bem alta de um garoto que grita em alto e bom som:

– Mãe olhe só quem está ali! Aquele é o bujão da farmácia –.

Após esta fala toda a plateia se desmanchou em risos e marcou o último espetáculo de sapateado e mágica do nosso artista Newton Maxwell em terras grapiúna.

sexta-feira, 4 de março de 2022

Quem é Albert Camus

 

Quem é Albert Camus



É inegável a importância de Albert Camus na produção literária do século XX no Ocidente, um autor que dedicou a vida a explorar o absurdo da condição humana. E essa edição conjunta é uma celebração de sua obra, que reúne seu primeiro ensaio filosófico – O mito de Sísifo – e os três romances que Camus publicou em vida – O estrangeiroA peste e A queda. Segundo Manuel da Costa Pinto, “Camus sempre insistiu em que, apesar da heterogeneidade formal e estilística das suas obras, todas giravam em torno de alguns temas obsessivamente revisitados a cada momento criativo”. E é pensando nestes temas camusianos que a Editora Record publica esse box com novo projeto gráfico que enaltece esses quatro livros obrigatórios em qualquer estante.

Além dos livros, essa coletânea é acompanhada também por um livreto com o texto inédito Um romance sempre é uma filosofia posta em imagens, de Manuel da Costa Pinto, e fotos de Albert Camus. Ele amarra as quatro obras, traçando uma linha ligando cada um dos livros às reflexões da filosofia camusiana e à própria história do autor, o que enriquece ainda mais o repertório de quem já é leitor de Camus e serve como uma bela introdução para quem deseja se aventurar pelos tratados de um dos autores mais importantes do mundo.

O estrangeiro (176 pág)

Escrito em 1942, O estrangeiro, a mais famosa e importante obra de ficção de Albert Camus, narra a história de um homem comum que se depara com o absurdo da condição humana depois de cometer um crime quase inconscientemente. Meursault, que vivia sua liberdade de ir e vir sem consciência dela, subitamente perde-a envolvido pelas circunstâncias e descobre uma liberdade maior e mais assustadora na autodeterminação. Uma reflexão sobre liberdade e condição humana que deixou marcas profundas no pensamento ocidental. Uma das mais belas narrativas do século XX.

A peste (424 pág.)

Orã, na Argélia, é atingida por uma terrível peste transmitida por ratos, que dizima sua população. É inegável a dimensão política desse livro, um dos mais lidos do pós-guerra, uma vez que a cidade assolada pela epidemia lembra a ocupação nazista na França durante a Segunda Guerra Mundial, e que retornou à lista de mais vendidos durante a pandemia de Covid-19. A peste é uma obra de resistência em todos os sentidos da palavra. Narrado do ponto de vista de um médico envolvido nos esforços para conter a doença, o texto de Albert Camus, publicado em 1947, ressalta a solidariedade, a solidão, a morte e outros temas fundamentais para a compreensão dos dilemas do homem moderno.

O mito de Sísifo (224 pág.)

O mito de Sísifo, publicado em 1942, é um ensaio sobre o absurdo e se tornou uma importante contribuição filosófico-existencial e exerceu profunda influência sobre toda uma geração. Camus destaca o mundo imerso em irracionalidades e lembra Sísifo, condenado pelos deuses a empurrar incessantemente uma pedra até o alto da montanha, de onde ela tornava a cair, caracterizando seu trabalho como inútil e sem esperança. O autor faz um retrato do mundo em que vivemos e do dilema enfrentado pelo homem contemporâneo: “Ou não somos livres e o responsável pelo mal é Deus todo-poderoso, ou somos livres e responsáveis, mas Deus não é todo-poderoso.”

A queda (152 pág.)

Em A queda, um advogado francês faz seu exame de consciência num bar de marinheiros, em Amsterdã. O narrador, autodenominado “juiz-penitente”, denuncia a própria natureza humana misturada a um penoso processo de autocrítica. O homem que fala em A queda se entrega a uma confissão calculada. Mas onde começa a confissão e onde começa a acusação? Ele se isolou do mundo após presenciar o suicídio de uma mulher nas águas turvas do Sena, sem coragem de tentar salvá-la. Camus revela o homem moderno que abandona seus valores e mergulha num vazio existencial. Publicado em 1956, esse livro é fundamental para todas as gerações.

 

quinta-feira, 3 de março de 2022

apoesiadeclaudioluz

 

apoesiadeclaudioluz

 

Conhecimentos



Queria ter te conhecido,

Ao rufar da aurora, em

Plena madrugada com

Os lábios molhados de orvalhos que

Umedecia as águas em volta dos lagos.

Queria ter te conhecido envolta nas relvas,

Descabidas, mas vestida de cor púrpura, no.

Primeiro raio do sol.

Queria ter te conhecido, beijando os seus.

Lábios, sussurrando nos seus ouvidos

Quanto gosto de ti.

Queria ter te conhecido, ao sol do meio-dia,

Início da tarde em busca do anoitecer que

Em prelúdios me faria te conhecer.

Queria não ter te conhecido, agora que

A lua desperta para que eu espere um

Novo amanhecer.

Somos o início e o fim que nos dizia: Deveríamos nos conhecer na escuridão

Do dia ou no clarão da noite para nos redimir.

 

Meu Coração bate por ti


 

Meu coração é um lugar vazio

Convivo com minhas tristezas

Esperando que alguém aperte o gatilho

Afastando de mim a solidão que ainda cisma

Em queimar no meu peito.

Se acaso você viesse e

Preenchesse minha vida com ardor

E atirasse meu coração ao fogo, fogo

Alto, bem alto dos altos céus.

Aonde a água, não derretesse em chamas.

A essência do ébano, fazendo-me forte, abrindo caminhos.

Intrínsecos dos meus sonhos, essência da ausência.

Que o teu corpo faz, aqui e agora.

Venha atire no meu coração para que o seu amor flua entre

Ondas

Eternas, nos maremotos que hão de vir, entre.

O oriente e ocidente, para que eu me sinta feliz.

Por acaso você que abrirá a porta estreita que bate

No calor da noite entre sonidos sagrados, como incenso.

Entre nuvens incandescentes, realizando o ultimo desejo.

Do fundo do meu coração que bate por ti.

Então eu queimarei na sua chama de amor, doce amor.

Quem dera...




Quem dera

Um amor assim inocente

Chegando docemente

Tranquilizando o meu viver.

Quem dera

Afagar os teus cabelos

Sentir o teu cheiro

E naturalmente nunca pensar em morrer

Quem dera

Ser cantado em seus versos

Num momento sublime de

Doce inspiração

Quem dera

Eu e Você num momento

Murmurando no encontro dos

Ventos

O sentido da doce união

Quem dera. 

Mulher



Em busca das cores

Fui ao encontro do arco-íris;

Em busca da imensidão

Fui ao encontro dos céus;

Em busca do calor

Fui ao encontro do sol;

Em busca do frescor

Fui ao encontro da chuva;

Em busca da serenidade

Fui ao encontro do orvalho;

Em busca do perfume

Fui ao encontro da Rosa;

Em busca da música

Fui ao encontro dos ventos;

Em busca da harmonia

Fui ao encontro dos anjos;

Em buscado afeto fui ao encontro de Maria;

Em busca da verdade

Fui ao encontro de Jesus;

Em busca da salvação

Fui ao encontro de Deus e

Em busca do sentimento profundo

Fui ao encontro de você... Mulher!

Logo, existo





Teceste-me às margens do Almada.

Fizeste-me Ser.

Cobriste-me com o calor do meio-dia,

Amamentando-me com os seios

Da própria terra-mater. que criastes.

Já não sou Eu, somos Nós,

Alegres, como em contínuas farras de felicidade,

Embriagando-nos de alegria e bem-querer.

Logo, existo.

Uno, no sentido que o Almada escoa

Em noites de paz, não de insônias.

E, ao contemplar o dia raiando que nos atrai

Para a doce Itajuípe banhada, penso

Agora existo...

Santa Prostituta



Venha com os astros e santos planetas o

Sol,

Lua,

Mercúrio,

Vênus,

Marte,

Júpiter

E Saturno

Venha como

No Evangelho copta dos egipcios e nos papiros mágicos

Gregos, perante um céu invisivel,

Que transborda dos meus pensamentos não senis.

Venham como os 365 dias do ano, que talvez nos modifique.

E nos transforme em meros expectadores dos sete tronos

Que compõe os meus sonhos não material, que

Povoam os seus sonhos que não sãos os meus,

Traga os Santos anjos que povoa o segundo céu,

Nas nossas ilusões incontidas.

Venha como a Santa prostituta, entre os céus e a terra,

Com o carinho que lhe é peculiar.

Venha Santa Prostituta!!! 

Adonias Aguiar

  Centro


 homenagem ao grande acadêmico e romancista itajuipense,

   que através de sua obra literária,
Deu-nos o Corpo Vivo, para percorrermos as Léguas da promissão
  observando através de Uma Nota de cem,
O Forte, o romance brasileiro em
Noites sem madrugada
Inspirando-nos com o
Auto de Ilhéus,
S
agrando-nos com os Bonecos de Seu Pope,
Fora da Pista,
I
ndicou-nos com as Memórias de Lázaro, a miscigenação racial ocorrida em       terras colonizadas em
Luanda Beira Bahia ensaiando-nos através da
História da Bahia e também com
O Romance Brasileiro e Cornélio Pena.

“Sonhamos como conterrâneos, que estamos às margens do Rio Sena, só em observar as águas do nosso Rio Almada, reluzindo a Serra da Temerosa, com Cajango, a nos espreitar.”