007: Conheça
todos os filmes da franquia de 53 anos
Os seis James Bond do
cinema: Sean Connery, George , Roger Moore, Timothy Dalton, Pierce Brosnan e
Daniel Craig.
Nenhuma franquia no cinema foi tão
longeva e bem-sucedida quanto a do agente secreto a serviço de Sua Majestade,James
Bond, o 007. Desde 1962 são 53 anos e 23 filmes, com
o último há pouco tempo: 007 – Operação Skyfall.
Ao longo do caminho, 007 criou o gênero de
ação que conhecemos hoje no cinema e deixou um legado fortíssimo em
frases de efeito, veículos possantes e inúmeros Gadgets fantásticos.
Além disso, cada filme refletiu a época em que foi feito, construindo um
retrato ficcional impressionante do último meio século.
Vivido por seis atores diferentes até hoje – Sean
Connery, George Lazenby, Roger Moore, Timothy Dalton e Pierce Brosnan, além
do atual Daniel Craig – 007 teve filmes excepcionais e
horríveis, mas deixam um legado que vai além de garotas bonitas e
vilões excêntricos.
Vejamos, então, todos os 23 filmes oficiais de
James Bond já realizados.
Pegue sua pistola, suba no Aston Martin azul,
pegue a garota mais bonita do cassino, transe com ela antes ou depois dela
tentar lhe matar e vamos mergulhar no mundo de James Bond.
Os filmes
Dr. No: primeiro filme traz o Caribe e Ursula Andress.
007 CONTRA O SATÂNICO DR. NO – 1962
A estreia de 007 nos cinemas não é
uma escolha óbvia, mas serviu para introduzir o personagem e o clima da
franquia. Quando um informante britânico é misteriosamente assassinado na Jamaica,
o MI6 envia James Bond, o agente 007, para investigar e este
termina descobrindo que todos vivem amedrontados pela figura misteriosa do Dr.
No, dono de um mina de bauxita que, na verdade, está tramando um ataque
nuclear aos Estados Unidos. Além de 007, M e Moneypenny, o
filme também introduz o agente da CIA Felix Leiter. O armeiro do
MI6 também aparece pela primeira vez, dessa vez por seu nome verdadeiro, major
Boothroyd. O Dr. No é o primeiro dos vilões megalomaníacos e
tem as mãos substituídas por próteses de metal. Além disso, ele afirma
pertencer à SPECTRE uma misteriosa organização terrorista que
seria a principal oponente de 007 nos primeiros filmes. Ficou histórica a cena
em que Ursula Andress, no papel de Honey Ryder, sai
de biquíni do mar, transformando as bond girls em
elementos fundamentais dos filmes. O roteiro é de Richard Maibaum,
que seria o mais frequente colaborador da série desde sempre.
Direção: Terence Young. Elenco: Sean Connery (James Bond), Ursula
Andress (Honey Ryder), Joseph Wiseman (Dr. No), Jack Lord (Felix Leiter),
Bernard Lee (M).
Tatiana Romanova é usada como isca da SPECTRE para atrair James Bond.
MOSCOU CONTRA 007 – 1963
A segunda aventura de 007 traz um filme bem
diferente, na qual boa parte da trama se passa dentro de um trem, o Expresso
Oriente, numa viagem a partir da Turquia. Há ainda um
acampamento cigano e ummenáge a trois envolvendo Bond e duas
garotas que disputam o mesmo homem. Diferente do livro no qual é baseado – no
qual quem organiza o ataque é a SMERSH, a agência de
contraespionagem da União Soviética – no filme, o ataque a
Bond é feito pela SPECTRE que usa agentes soviéticos para
causar uma guerra entre a Inglaterra e a URSS. O plano envolve enviar uma
pretensaagente russa desertora que está apaixonada por James Bond,
daí o título original From Russia with love. Rosa Klebb e
Donald Grant são os vilões dessa vez, mas vemos uma figura misteriosa
por trás de uma cadeira que é claramente o líder da SPECTRE.
Aqui, o armeiro do MI6 é chamado de Q pela primeira vez
e interpretado, também pela primeira vez, por Desmond Llewelyn.
Direção: Terence Young. Elenco: Sean Connery (James Bond), Daniela
Bianchi (Tatiana Romanova), Robert Shaw (Donald Grant), Pedro Armendariz (Kevin
Bey), Lotte Lenya (Rosa Klebb), Bernard Lee (M), Desmond Llewelyn (Q).
Para muitos, Goldfinger é o melhor filme de Bond.
007 CONTRA GOLDFINGER – 1964
Para a maioria dos fãs e críticos, Goldfingeré o
melhor de todos os filmes de James Bond. De fato, este filme dá a
tônica para as aventuras seguintes: um vilão absolutamente megalomaníaco, com
um plano louco quase impossível (mas genial) e uma trama que se desenvolve por
vários países: aqui, Bond sai do México, passando pelos EUA, Inglaterra, Suíça
e EUA de novo. Curiosamente, este filme funciona de modo isolado em relação aos
dois anteriores ou seguintes, já que não há menção à SPECTRE. Também há uma
troca de diretor, já que Terence Young pediu dinheiro demais e foi substituído
por Guy Hamilton. Na trama, o joalheiro Audric Goldfinger quer
invadir o Forte Knox, onde os EUA guardam todo o seu estoque de
ouro, é aliado ao Governo Chinês. O número de bond girls dessa
vez é bem maior e envolve até uma vilã genuína: a aviadora Pussy Galore,
com um nome bem provocativo. É neste filme em que Bond usa pela primeira vez
seu Aston Martin DBV azul cheio de apetrechos, como
metralhadoras, armas de gás, lançador de óleo na pista, cortador de pneus e até
um assento ejetor. Outro elemento fundamental da série também é introduzido
neste filme: o capanga exótico que dá bastante trabalho ao herói, aqui no caso
o truculento Oddjob e seu chapéu
com lâmina cortante. Goldfinger foi o primeiro filme
de Bond a ser um grande sucesso nos EUA e transformou a bondmania em
um fenômeno mundial.
Direção: Guy Hamilton. Elenco: Sean Connery (James Bond), Honor
Blackman (Pussy Galore), Gert Frobe (Audric Goldfinger), Harold Sakata
(Oddjob), Shirley Eaton (Jill Masterson), Cec Linder (Felix Leiter), Bernard Lee
(M), Desmond Llewelyn (Q).
007 CONTRA A CHANTAGEM ATÔMICA – 1965
O livro que deu origem a esse filme também deu
início ao ruidoso processo judicialenvolvendo o direito de
adaptá-lo. Este teria sido o escolhido para o primeiro filme, mas foi adiado
pelo processo. Agora, com o escritor Kevin McClory autorizado
pela justiça a produzir a adaptação cinematográfica do livro, Harry
Saltzman e Albert Broccoli decidiram cooptá-lo como parceiro, o que
deu certo. Surfando no sucesso da obra anterior, este foi ainda mais
megalomaníaco e épico, embora não seja um filme tão bom como Goldfinger. Terence
Youngretornou à franquia, mas os críticos acham o ritmo meio lento. De qualquer
modo, se destaca pelos Gadgets em especial o cinturão voador com
o qual Bond foge voando do quartel general da SPECTRE. O filme traz
o emblemático vilão Emilio Largo conseguindo roubar duas
ogivas nucleares, obrigando Bond a comandar um ataque aquático. Chama a atenção
a grande quantidade de cenas submarinas e boa maneira como
elas são executadas. Essa obra coloca 007 dentro de um contexto maior,
envolvendo outros países e a ação de um verdadeiro exército de agentes
secretos. O número de bondgirls é ainda maior e este é o filme mais
atrevido em termos sexuais até agora, com Bond deliberadamente usando
a vilã Fiona Volpe e a esposa do vilão, Domino.
O líder da SPECTRE, reaparece, novamente sem ser visto, chamado apenas de
“nº 1” e exibindo suas mãos acariciando um gato.
Direção:
Terence Young. Elenco: Sean Connery (James Bond), Claudine Auger (Domino),
Adolfo Celi (Emilio Largo), Luciana Paluzzi (Fiona Volpe), Rik van Nutter
(Felix Leiter), Bernard Lee (M), Desmond Llewelyn (Q).
COM 007 SÓ SE VIVE DUAS VEZES – 1967
Perseguido pela SPECTRE, James Bond se
faz de morto para continuar sua caçada ao inimigo neste filme que é um ponto
baixo na franquia e era o último filme do contrato deSean Connery que,
então, estava decidido a nunca mais voltar a encarnar o personagem.
Infelizmente, a desempolgação do ator é sentida no filme e o
atrapalha. Na trama, a SPECTRE está boicotando os lançamentos ao espaço dos EUA
e da URSS na esperança de que as duas potências entrem em guerra. Com a
suspeita de que a base da organização está noJapão, Bond é enviado ao
país para investigar e se encontra pela primeira vez com o
líder da SPECTRE, Ernst Blofeld, que é retratado como careca e
com uma longa cicatriz no olho e na face direita. Marcou história a base do
vilão, no interior de um vulcão inativo, fruto da arte de Ken
Adams, desenhista de produção de todos os filmes de Bond até agora. Um novo
diretor assume: Lewis Gilbert, o que aumentou os problemas internos
da produção. O desenvolvimento da trama é lenta, apesar do clímax bastante
movimentado.
Direção:
Lewis Gilbert. Elenco: Sean Connery (James Bond), Mie Hama (Kissy Suzuki),
Donald Pleasence (Ernst Blofeld), Akiko Wakabayashi (Aki), Tetsuro Tamba (Tigre
Tanaka), Bernard Lee (M), Desmond Llewelyn (Q).
007 A SERVIÇO SECRETO DE SUA MAJESTADE – 1969
Embora o ator George Lazenby não
tenha agradado no papel do novo James Bond, este filme é um dos
melhores da série, além de um dos mais fieis ao livro original. A
direção coube a Peter Hunt, que fora o editor de todos os filmes
até agora. A produção, contudo, foi bastante problemática, devido à
dificuldade em filmar na neve e no alto da montanha e ao súbito ataque
de estrelismo de Lazenby. Na trama, Bond está obcecado em perseguir a SPECTRE e
por isso é afastado do MI6. Assim, resolve agir por conta própria e
vai aos Alpes, onde termina se aliando ao gângsterMarc
Ange-Draco e se enamorando de Tracy di Vicenzo. Após
vencer seus inimigos, 007 se casa com a bela moça, mas ela é
morta em um ataque liderado porBlofeld. Curiosamente, esse
filme tem um caráter bem mais realista do que os anteriores e
depende menos de Gadgets, além de ter uma maior carga dramática e
profundidade na história e nos personagens. Talvez por isso mesmo, tenha sido o
primeirofracasso de bilheteria de 007. Outro detalhe curioso é que Ernst
Blofeld é interpretado porTelly Savallas, que mantém a
calvice e as batas em estilo chinês, mas não exibe a cicatriz do
filme anterior.
Direção: Peter Hunt. Elenco: George Lazenby (James Bond), Diana Rigg
(Tracy di Vicenzo), Telly Savallas (Ernst Blofeld), Ilse Stepat (Irma Bunt),
Gabriele Ferzeletti (Marc-Ange Draco), Bernard Lee (M), Desmond Llewelyn (Q).
Sean Connery vive James Bond pela última vez na série oficial.
007 – OS DIAMANTES SÃO ETERNOS – 1971
Após a bilheteria aquém do filme anterior, a EON
pagou US$ 1 milhão para que Sean Connery voltasse
ao personagem pelo menos uma vez. O ator aceitou, mas embora o diretor de Goldfinger, Guy
Hamilton, tenha sido trazido de volta, o cenário era outro. Este filme
marca não somente a entrada de Bond nos anos 1970, mas a opção por
aventuras mais frenéticas e megalomaníacas e mais bem humoradas.
Isso conferiu maispopularidade à série, mas comprometeu alguns
elementos: na tentativa de não deixar Bond sombrio, não há paixão na vingança
do agente secreto contra o assassino de sua esposa, Blofeld, agora
vivido por Charles Grey. Curiosamente, o vilão é retratado com
cabelo grisalho e não mais calvo como antes. Na trama, Blofeld
contrabandeia diamantes para construir um poderoso canhão
laser com o qual irá chantagear as grandes potências do globo. O
vilão não é morto nem capturado e seu arco ficainacabado, pois esta é
sua última aparição (real) na cinessérie. O filme foi um grande sucesso e traz
a última aparição de Sean Connery na série oficial, além da
primeira participação do roteirista Tom Mankiewicz.
Direção: Guy Hamilton. Elenco: Sean Connery (James Bond), Jill St.
John (Tiffany Case), Charles Grey (Ernst Blofeld), Bruce Glover (Kidd), Putter
Smith (Wint), Norman Burton (Felix Leiter), Bernard Lee (M), Desmond
Llewelyn (Q).
Roger Moore faz sua estreia como James Bond.
007 – VIVA E DEIXE MORRER – 1973
Este é um dos mais famosos filmes de
James Bond, tanto pela trilha sonora do maestro George Martinquanto
pela canção tema do ex-Beatles Paul McCartney, além de ser a estreia de Roger
Moore no papel de 007. Moore já havia sido cotado para o papel desde
1962 e dez anos depois ganhou a sua chance. Diferente da elegância e ironia de
Sean Connery, Moore era mais focado em charme e humor, o que
combinou bastante com o novo encaminhamento da franquia: menos violência, mais
comédia. Infelizmente, Moore era até mais velho do que Connery (três anos) e
sua entrada na franquia foi muito tardia. O filme em si traz alguns elementos
interessantes: Bond tem que ir à ilha caribenha deSan Monique,
investigar o diplomata Dr. Kanangaque o MI-6 suspeita de ter matado
três agentes britânicos e termina descobrindo que o vilão tem conexões com um sindicato
do crime que age em Nova York, nos Estados Unidos, liderado pelo
misterioso Mr. Big. Ao longo da trama, 007 termina por descobrir
que Kananga e Mr. Big são a mesma pessoa, numa aventura repleta de insinuações
sobrenaturais, já que o vilão tem envolvimento com o vodu.
Chama a atenção a aparição da entidade Barão de Samedi, que não se
sabe se real ou apenas uma metáfora cinematográfica. E a aliada de 007 é uma
vidente chamada Solitaire. Bastante influenciado pela estética da Blackexploitation –
fenômeno cultural cinematográfico protagonizado pela cultura negra dos EUA – e
até pela moda hippie da época, o filme fez sucesso, embora não
tenha agradado à crítica.
Direção: Guy Hamilton. Elenco: Roger Moore (James Bond), Jane
Seymour (Solitaire), Yaphet Kotto (Dr. Kananga/Mr. Big), David Hedison (Felix
Leiter), Bernard Lee (M).
Christopher Lee como o Homem da Pistola de Ouro: bom vilão, filme ruim.
007 CONTRA O HOMEM DA PISTOLA DE OURO – 1975
O Homem da Pistola de Ouro cumpre
o curioso papel de ser um dos piores livros deIan Fleming e
um dos piores filmes de James Bond. O livro ficou inacabado
pela morte do autor. Já o filme, caiu na armadilha daautoparódia e do humor
excessivo que transformam o longa quase num pastelão. É um momento
constrangedor na carreira cinematográfica de 007. O vilão Scaramangaé
interpretado com charme por Christopher Lee (famoso pelo papel
de Drácula na série de filmes da Hammer), mas é um desperdício em um filme
desse tipo. O fracasso artístico se refletiu nas bilheterias
baixas, o que terminou selando-o como o último filme da franquia produzido
por Harry Saltzman, que se cansou dos problemas que se desenvolviam
há seis anos e vendeu sua parte da EON ao sócio Albert
Broccoli, que dali em diante seguiu no comando sozinho.
Direção: Guy Hamilton. Elenco: Roger Moore (James Bond), Britt
Ekland (Mary Goodnight), Christopher Lee (Scaramanga), Maud Adams (Andrea
Anders), Herve Villechaize (Nick Nack), Bernard Lee (M), Desmond Llewelyn (Q).
007 – O ESPIÃO QUE ME AMAVA – 1977
Após o fracasso do filme anterior, o produtorAlbert
Broccoli se esforçou para garantir que este filme fosse melhor e deu
certo. Lewis Gilbert foi trazido de volta à direção, assim
como o desenhista de produção Ken Adams, além da contratação
de um novo roteirista à série: Christopher Wood. A trama quase
não tem referência nenhuma ao livro que lhe inspirou e, de certo modo, reproduz
os mesmos elementos de Só Se Vive Duas Vezes, mas funciona
maravilhosamente. Até a comédia e a sátiradessa vez são melhor
utilizadas e mostram que podem funcionar se usadas corretamente.
Coprotagonizado pela nela atriz Barbara Bach, na pele da major
Anya Amasova, o filme mostra Grã-Bretanha e
União Soviética unindo forças para combater o megalomaníaco Karl
Stromberg, que quer causar a III Guerra Mundial e construir uma nova civilização
subaquática. Como resultado, este é o melhor filme de Roger
Moore como James Bond e foi um dos maiores sucessos da
franquia. Marcaram época o carro-submarino Lotus Spirit, o
vilão Jaws com seus dentes de aço e a canção Nobody
does it better cantada por Carly Simon.
Direção: Lewis Gilbert. Elenco: Roger Moore (James Bond), Anya
Amasova (Barbara Bach), Carl Jurgens (Karl Stromberg), Richard Kiel (Jaws),
Water Gotell (general Gorgol), Bernard Lee (M), Desmond Llewelyn (Q).
O carismático vilão Jaws retorna em Moonrarker: 007 no Brasil.
007 CONTRA O FOGUETE DA MORTE – 1979
O acerto do filme anterior, infelizmente, não
prossegue neste que, para maioria dos fãs e críticos, é o pior filme de
James Bond em todos os tempos, embora, de modo irônico, tenha sido também um
dos maiores sucessosda franquia. Assumindo deliberadamente a
influência das produções de ficção científicada época – em
particular Star Wars, Superman – O Filme e Flash Gordon – a
trama absolutamente inverossímil leva 007 ao espaço numa história cheia de
furos. Apesar de Moonrarker ser um dos melhores livros de Ian
Fleming, o filme optou por não manter quase nada da trama original e
inovar. Na trama, 007 é enviado para investigar o excêntrico milionárioHugo
Drax que é suspeito de tentar roubar ogivas nucleares. O vilão é um neonazista que
está construindo uma base no espaço para de lá lançar ataques à superfície e,
depois, povoar a terra com um novo povo perfeito que o adoraria como um deus.
No intento de impedi-lo, Bond passa por Veneza, na Itália e vem ao Brasil,
passando na Amazônia e no Rio de Janeiro. Esta
cidade é bem explorada em termos cinematográficos e há uma batalha entre Bond e
o vilãoJaws (de volta após o filme anterior, caso raro na série) no Bondinho
do Pão de Açúcar. O clímax é no espaço, em uma batalha que mimetiza Star
Wars. Este é o último filme com a participação de Bernard
Lee como M, pois o ator morreu de câncer
pouco antes das filmagens do próximo.
Direção: Lewis Gilbert. Elenco: Roger Moore (James Bond), Lois
Chiles (Holly Goodhead), Michael Lonsdale (Hugo Drax), Richard Kiel (Jaws),
Corinne Clery (Corinne Dufour), Bernard Lee (M), Desmond Llewelyn (Q).
007 SOMENTE PARA SEUS OLHOS – 1981
O filme anterior foi um grande sucesso, mas não
agradou à crítica, então, o produtorAlbert Broccoli optou por dar
um acento mais humano a este filme e devolver a série a uma
ambientação mais próxima dos livros de Ian Fleming. Foi trazido um
novo diretor, John Glen, que realmente inovou na caracterização e na
construção das cenas de ação. Também foi incorporado ao time o filho adotivo de
Broccoli, Michael G. Wilson, que atuou como consultor e roteirista.
O resultado agradou público e crítica. Para marcar essa virada
“humana”, a cena pré-créditos mostra o fechamento do arco do
personagem contra a SPECTRE e o vilãoErnst Blofeld.
Apesar de o nome da organização e do vilão sequer serem mencionados – para
evitar problemas legais com o escritorKevin McClory – a caracterização
do vilão (com careca, túnica e gato) não deixa dúvidas. Numa cena cruel, Bond
usa um helicóptero para içar a cadeira de rodas ao qual o vilão está preso e o
atira dentro de uma chaminé industrial. Em seguida, vemos o agente em um cemitério,
diante do túmulo de Tracy de Vicenzo, sua esposa
morta em A Serviço Secreto de Sua Majestade, de 1969. A trama do
filme em si envolve o roubo, por parte dos Russos, de uma máquina
chamadaATAC que é capaz de controlar os mísseis britânicos à
distância. Bond é enviado à Grécia para recuperá-la e descobre
que o aliado grego Ari Kristatos se vendeu aos russos, aqui
liderados pelo mesmo general Gogol que se aliou a 007 em O
Espião que Me Amava, de 1977. Curiosamente, apesar da temática da Guerra
Fria explorada desde os anos 1960, está é a primeira aventura
cinematográfica de 007 na qual os Russos são realmente os inimigos a serem
combatidos e não uma terceira força (a China, a SPECTRE ou um vilão
excêntrico). Outra curiosidade é a bond girl da vez, Melina
Havelock, que armada com sua besta, é o primeiro interesse amoroso de Bond
que é realmente emancipada, uma mulher dos novos
tempos. É umbom filme e deu uma levantada na franquia, embora Roger
Moore (com 53 anos) começa a se mostrar velho demais para
o papel.
Direção: John Glen. Elenco: Roger Moore (James Bond), Carole
Bouquet (Melina Havelock), Julian Glover (Ari Kristatos), Water Gotell
(general Gorgol).
[Octopussy: repetindo uma bondgirl em novo papel.
007 CONTRA OCTOPUSSY – 1983
Este filme tenta consolidar a nova estéticaadotada
no anterior e se sai ainda melhor. Para muitos, este é o melhor filme de Roger
Moorenos anos 1980, muito embora, novamente, sua idade já
apareça um pouco demais na tela. Natrama, um dissidente líder soviético,
o general Orlov, tenta dar início a uma guerra detonando um
artefato nucelar na Europa. Para detê-lo, James Bond precisa se unir a uma
organização criminosa liderada pela bela Octopussy, uma britânica
cujo pai conhecera Bond no passado. O filme traz de volta alguns elementos dopassado –
o general Gogol aparece de novo rapidamente – e num efeito
raro, traz de volta uma bond girl em outro papel: Maud
Adams, que esteve em O Homem da Pistola de Ouro, de 1975,
retorna agora como a heroína-vilã do título. Era a estratégia de conferir um romance
mais maduro a Bond. O resultado final agradou e o filme foi um grande
sucesso, embora tivesse que concorrer nos cinemas com outro filme
de Bond: o escritor Kevin McClory usou seus ganhos nos
tribunais para refilmar A Chantagem Atômica, lançando
naquele mesmo ano, 007 – Nunca Mais Outra Vez, estrelado por Sean
Connery no papel de 007. Falaremos sobre isso depois.
Direção:
John Glen. Elenco: Roger Moore (James Bond), Maud Adams (Octopussy), Louis
Jordan (Kamal Khan), Steven Berkoff (general Orlov), Kabir Bedi (Gobinda),
Robert Brown (M), Desmond Llewelyn (Q).
007 NA MIRA DOS ASSASSINOS – 1985
Um Roger Moore quaseidoso estrela
este filme aos 57 anos, o que depõe muito contra ele. Havia pelo menos
cinco anos que o ator deveria ter sido substituído e sua manutenção em uma era
repleta de filmes de açãofrenética e cheios de violência estrelados
por jovens como Rambo II, Cobra, Mad Max, Comando para Matar, Predador etc.,
não ajudou nada à franquia um velhinhovisivelmente cansado fingindo
ser um espião ágil, relativamente jovem, cheio de energia e com um sex
appel irresistível. Na Mira dos Assassinos é cheio de ação,
mas talvez como maneira de lidar com seu protagonista, é inteiramente marcado
pela sátira, na qual Bond não leva nada a sério (nem
a si mesmo). É uma pena, pois até haveria espaço para uma boa história e um bom
par de vilões: o afetado Max Zorin, vivido por Christopher
Walken, e a impressionantemente agressiva e moderna May Day, interpretada
de maneira assustadora pela cantora Grace Jones. Um detalhe do
filme é que as obras de Ian Fleming começavam a rareardepois
de 20 anos de franquia, então, este aproveita apenas o título de um dos contosestrelados
por 007, mas trata-se de uma história original de Michael G. Wilson e
Richard Maibaum. Após a boa fase anterior – em termos de sucesso – este
aqui foi um fracasso, encerrando definitivamente a Era Roger Moore,
que se despede do personagem neste filme, após 12 anos como
James Bond.
Direção: John Glen. Elenco: Roger Moore (James Bond), Tanya Roberts
(Stacey Sutton), Christopher Walken (Max Zorin), Grace Jones (May Day), Fiona
Fullerton (Pola Ivanova), Robert Brown (M), Desmond Llewelyn (Q).
Timothy Dalton como 007: mais jovem e mais perigoso.
007 MARCADO PARA A MORTE – 1987
Finalmente, a franquia de James Bond sofre uma renovação neste
filme. O atorshakespeareano Timothy Dalton assume o
papel de 007 e encarna uma versão mais jovem, perigosa e
melancólica do personagem, se aproximando, como nenhum outro até aqui, do
Bond dos livros de Ian Fleming. A crítica
simplesmente adorou o novo filme – de fato bem mais complexo e
interessante do que os imediatamente anteriores – mas os estragos da reta final
deRoger Moore também pagaram um preço: osucesso foi apenas
mediano. De qualquer modo, Marcado para a Morte é um ótimo
filme, que posiciona Bond em uma trama armada por um dissidente da KGB e
um contrabandistanorteamericano que usam a invasão do
Afeganistão pela União Soviética para vender armas e
drogas. É um filme bem mais violento do que os anteriores,
aproximando 007 da estética dosfilmes de ação dos anos 1980, além
de também ser mais baseado na realidade e menos fantasioso.
Ainda assim, sobrevivem elementos: o espião usa um Aston Martin 1987 dotado
de vários apetrechos especiais, inclusive esquis para neve. A obra também se
alinha aos novos tempos: em referência à AIDS, que
atingia seu auge no mundo naquela época, 007 só se envolve com uma
única bond girl: a violoncelista Kara Milovy, a
quem ele deveria matar no início do filme, mas ao observá-la desiste. Quando
confrontado por M porque não cumpriu sua missão, 007 dá uma
das melhores frases da franquia, que define seu perfil: “Ela
mal sabia segurar uma arma, eu só mato profissionais”. De fato, a moça estava
sendo usada pelos vilões. Por fim, assim como o anterior, este filme é baseado
em um dos contos de Ian Fleming,Encontro em
Berlim, que alguns julgam ser uma de suas melhores e mais complexas
histórias.
Direção: John Glen. Elenco: Timothy Dalton (James Bond), Maryam
D’Abo (Kara Milovy), Jeroen Krabble (general Koskov), Joe Don Baker (Brad
Whitaker), Andreas Wisniewski (Necros), John Terry (Felix Leiter), Robert Brown
(M), Desmond Llewelyn (Q).
Um dos (melhores e) mais violentos filmes de 007
007 – PERMISSÃO PARA MATAR – 1989
Nenhum outro filme de 007 foi tão violento
e realista quanto este. E isso gerou profundo estranhamento de
críticos e público. Em primeiro lugar, é preciso dizer: Permissão para
Matar é um filme muito bom, mas como fugiu demais do que
se estavam acostumados nos filmes anteriores, causou repulsa. Os críticos
também não gostaram, mesmo aqueles que adoraram o anterior. Mas o filme é bom e
tem uma história interessante. Na falta de uma história completa de Ian
Fleming – todos os livros foram adaptados, à exceção de Cassino
Royale – os produtores Albert Broccoli e Michael G. Wilson chamaram
de volta o roteirista Richard Maibaum, que trabalhou a partir do
conto A Raridade de Hilderbrand, presente em Somente
para Seus Olhos, mas utilizou elementos de várias outras obras que não
tinham sido usadas nos filmes. Por exemplo, a cena da mutilação de Felix
Leiter por um tubarão está no livro Viva e
Deixe Morrer. A trama mostra a CIA investigando
um cartel de drogas no fictício país de Isthmus, na qual Leiter, o
melhor (único?) amigo de James Bond, é capturado e aleijado; e sua esposa é estuprada (!).
Bond decide sair numa missão de vingança e, diante do impedimento do MI-6 e
de M, pede demissão– o que rende outra boa frase da
série, quando M diz: “Não somos o Country Club, 007!” – e sai numa vingança
transloucada contra o traficante Franz Sanchez, vivido de maneira
exemplar porRobert Davi como o mais cruel de todos os
vilões de 007 até hoje! Não menos importante, o capanga do vilão é o sádico Dário,
vivido por um jovem Benicio Del Toro, que é assustador. A trama
desse filme é interessante porque desta vez é Bond quem atua como “inimigo
oculto” e se infiltra secretamente na organização de Sanchez para eliminá-los.
Infelizmente, o filme não foi bem nas bilheterias, até porque foi
lançado numa época de outras produções de muito sucesso, como Batman –
O Filme. É o segundo e último filme de Timothy Dalton.
Direção:
John Glen. Elenco: Timothy Dalton (James Bond), Carey Lowell (Pam
Bouvier), Robert Davi (Franz Sanchez), Benicio Del Toro (Dário), Talisa Soto
(Lupe Lamora), Anthony Zerbe (Milton Krest), David Hedison (Felix Leiter),
Robert Brown (M)
Goldeneye: novo Bond, nova pegada.
007 CONTRA GOLDENEYE – 1995
Após o filme anterior, a franquia de 007 entrou em
uma hibernação de seis anos. A demora levou Timothy Dalton a
dispensar o papel (algo previsto em contrato), além de que a conjuntura
mundial mudou radicalmente no intermédio: o Muro de Berlim caiu
em 1989 e a União Soviética se desfez em 1991, acabando com a Guerra
Fria. Com isso, Albert Broccoli e seus filhos,Michael
G. Wilson e Barbara Broccoli(estreando como produtora), decidiram renovar
completamente a franquia. Um novo James Bond entrou no barco, o irlandês Pierce
Brosnan, e o cargo de M foi ocupada por uma mulher:
a ganhadora do Oscar Judi Dench. Alguns elementos também foram
mexidos para se adaptar aos novos tempos dos anos 1990: Bond
não fuma mais; é menos machista; e se preocupa com a AIDS ao afirmar que faz
“sexo seguro”. A trama começa dez anos antes, quando vemos um
007 mais jovem ao lado do agente 006, Alec Trevelyan, em uma
missão. No presente, descobrimos que o dado como morto 006 agora é o chefe de
uma organização criminosa chamada Janus. A história lida com o
fim da URSS e mostra o novo papel dos Russos na ordem mundial. Também
chama a atenção a vilã Xenia Onatopp, uma ninfomaníaca vivida
por Framke Janssen (que mais tarde ficaria famosa como a Jean
Grey da cinessérie dos X-Men). É um filme muito bom e fez um grande
sucesso, servindo com louvor na missão de renovar a franquia. Uma
curiosidade: este é o primeiro filme a não usar absolutamente nenhuma obra de Ian
Fleming como referência, já que todas foram filmadas (a exceção de
alguns contos e de Cassino Royale). Contudo, o Goldeneye – na obra
um satélite de ataque – é uma homenagem à casa na Jamaicaem que
Fleming escrevia seus livros. Este é o último filme produzido
por Albert Broccoli – o fundador da franquia cinematográfica – que faleceu em
1996.
Direção:
Martin Campbell. Elenco: Pierce Brosnan (James Bond), Izabella Scorupco
(Natalya Simonova), Sean Bean (Alec Travelyan), Framke Janssen (Xenia Onatopp),
Joe Don Baker (Jack Wade), Judi Dench (M), Desmond Llewelyn (Q).
007 – O AMANHÃ NUNCA MORRE – 1997
Apesar da morte de Albert Broccoli, a saga
continua tocada por seus filhos, Michael G. Wilson e Barbara
Broccoli. Após o megassucesso do capítulo anterior, o novo filme segue
os mesmos direcionamentos, mas agora, trazendo um pouco de volta o charme dos grandes
vilões eloquentes e megalomaníacos com planos de grande destruição.
Neste filme, a ameaça é o dono de uma rede de comunicações chamado Elliot
Carver (Jonathan Pryce), que aliado a um chinês dissidente, trama para que
um submarino britânico seja afundado em mares chineses por engano. A partir
daí, suas redes de TV, jornais e internet podem lucrar milhões cobrindo os
eventos. Para impedi-lo, o MI-6 usa James Bond, que teve um
relacionamento no passado com a esposa do magnata, Paris Carver (Teri
Hatcher, famosíssima na época como a Lois Lane da TV). Curiosamente, ao
longo de sua missão, 007 ganha a ajuda de uma agente chinesa, Wai Lin (Michelle
Yeoh), especialista em artes marciais. Assim como a
produção anterior esta não tem absolutamente nenhuma ligação às
obras de Ian Fleming, já esgotadas. Mantendo o pique do anterior e
certa dose de politicamente correto, O Amanhã Nunca Morre fez um grande
sucesso de bilheteria, consolidou Pierce Brosnan como
007 e trouxe mais um vilão célebre à série.
Direção: Roger Spottiswoode. Elenco: Pierce Brosnan (James Bond), Elliot
Carver (Jonathan Pryce), Paris Carver (Teri Hatcher), Wai Lin
(Michelle Yeoh),Gotz Otto (Stamper), Don Baker (Jack Wade), Judi Dench
(M), Desmond Llewelyn (Q).
007 – O MUNDO NÃO É O BASTANTE – 1999
Com o novo momento da série já consolidado, O
Mundo Não é o Bastante se permite a algumas “ousadias”. Aqui,
representadas por uma maior aprofundamento nos personagens, algo
não tão comum nas produções bondianas. A tramatambém é um pouco
mais complexa: Bond é enviado para impedir um anarquista chamadoRenard, que
roubou uma ogiva nuclear e pretende detoná-la na região dos Bálcãs
mas o vilão é conhecido do MI-6 por ter sequestrado no passado Elektra
King, filha de Sir Robert King, um magnata do petróleo amigo de M.
As investigações de 007, contudo, terminam por mostrar que Elektra está
aliada a Renard e que a detonação da bomba vai deixá-la com o
monopólio da distribuição do petróleo entre a Europa e a Ásia. As
personalidades de Elektra e Renard são bem desenvolvidas e o vilão também ganha
uma marca pitoresca para se adequar melhor ao mundo de 007: por causa de um
tiro na cabeça, é incapaz de sentir dor, o que o torna ainda mais perigoso. O
Bond de Pierce Brosnan mantém seu charme e ironia, porém, é
retratado como um assassino frio, protagonizando até uma cena de
assassinato à sangue frio. Apesar disso, mais uma vez, o filme foi um grande
sucesso. E muitos acham este o melhor dos filmes da Era
Brosnan. Uma curiosidade mórbida: no filme, há uma cena em que Q (Desmond
Llewelyn) apresenta o seu substituto, R (John Cleese),
dizendo que quer se aposentar. Meses após a estreia, o ator morreu em
um acidente de automóvel em Londres. Llewelyn é até hoje o ator que mais tempo
permaneceu na franquia, aparecendo em 16 filmes.
Direção: Michael Apted. Elenco: Pierce Brosnan (James Bond), Sophie
Marceau (Elektra King), robert Carlyle (Renard), Denise Richards (Christmas
Jones), Robbie Coltrane (Valentin Zukovsky), Judi Dench (M), Desmond
Llewelyn (Q), John Cleese (R).
Comemorando 40 anos de franquia. Pierce Brosnan vive Bond pela última
vez.
007 – UM NOVO DIA PARA MORRER – 2002
Este filme foi lançado justamente no 40º
aniversário da franquia cinematográfica e foi marcado de comemorações.
Inclusive, a trama é cheia de referências discretas a filmes
anteriores, como numa cena em que Bond e o novo Q (John Cleese) discutem
suas novas armas e várias das velhas Gadgets do espião estão
espalhadas pela sala, inclusive o jatinho de A Chantagem Atômica. A
história também coloca Bond em uma situação em que nunca esteve no cinema: na
tradicional cena pré-créditos, 007 vai à Coréia do Norteimpedir
a negociação de armas com o dissidente coronel Moon (Will Yun Lee),
filho do general Moon (Kenneth Tsang). No entanto, a missão falha e
Bond écapturado. Seguem-se, então, 14 meses de prisão, no qual o agente
secreto ébarbaramente torturado. Esse início sombrio – com a abertura
dos créditos mostrando as torturas ao fundo – é um diferencial na fase moderna
da franquia e remete à dureza dos livros de Ian Fleming,
particularmente à cena de tortura em Cassino Royale, o primeiro
livro. Mas o tom sombrio não se mantém no resto do filme, que retoma à
autoironia de Pierce Brosnan. Além disso, apesar da trama
interessante – Bond investiga seu torturador,Zao (Rick Yune), que
tem ligações com o magnata britânico Gustav Graves (Toby Stephens)que
lhe fornece armas, numa missão na qual é auxiliada por uma agente
norteamericana da NSA chamada de Jinx (Halle Berry) – este é o
mais fantasioso de todos os filmes de 007, exagerando nas
situações inverossímeis, apelando para excessos como um carro
invisível e um palácio de cristal. Com a participação especial de Madonna –
que canta a canção-tema – o filme foi um sucesso estrondoso, sendo a
maior bilheteria de um filme da série até então. No entanto, tal qual O
Foguete da Morte (outro grande sucesso do passado), deixou um tipo de
“ressaca moral”, com todos os envolvidos achando que foram longe demais. Por um
tempo, ainda se pensou no que fazer adiante, todavia, aproveitando-se do fim do
contrato de Pierce Brosnan – que já fizera quatro filmes – Michael
Wilson e Barbara Broccoli decidiram que era o momento de renovar a
série, encerrando-se a Era Brosnan.
Direção: Lee Tamahori. Elenco: Pierce Brosnan (James Bond), Halle
Berry (Jinx), Toby Stephens (Gustav Graves), Will Yun
Lee (coronel Moon), Kenneth Tsang (general Moon), Rick
Yune (Zao), Madonna (Verity), Judi Dench (M), John Cleese (Q).
Daniel Craig como o novo James Bond: o começo de tudo.
007 – CASSINO ROYALE – 2006
O primeiro livro de Ian Fleming, Cassino
Royale, tinha sido, até então, o único não adaptado aos cinemas pela série
oficial. Então, que fonte melhor usar para o reinício da franquia?
Diferente das outras vezes, em que havia apenas a mudança de ator e de tom nos
filmes, dessa vez, Michael Wilson e Barbara Broccoli decidiram
zerar tudo e apresentar um novo James Bond de verdade,começando do início.
Muitos criticaram essa atitude, pois se quisessem “renovar” tudo, bastaria
contar as origens do espião que nunca foram exploradas no cinema. Mas não, em
certo sentido, Cassino Royale, o filme,renega tudo o
que foi feito anteriormente na franquia. A escolha do novo
James Bond foi um tipo de leilão aberto: praticamentetodos os grandes astros
britânicos foram cotados de um jeito ou de outro para o papel, mas o
maior pré-requisito era ser jovem. Nomes como Ewan McGregor, Clive
Owen, Hugh Jackman e Henry Cavill foram seriamente considerados, mas o
vencedor terminou sendo Daniel Craig que, apesar de jovem,
tinha uma aparência bem mais madura. Além disso, era loiro –
ao contrário do sempre moreno Bond – mas esse detalhe foi mantido no filme. A
trama é relativamente fiel ao livro: James Bond acaba de ganhar sua licença
para matar e o código 007 e, por ser um habilidoso jogador de cartas,
é escolhido para perseguir um criminoso conhecido como Le Chiffre (Mads
Mikkelsen) que empresta e investe dinheiro de grupos terroristas e
derrotá-lo em uma jogatina apostando milhões de Libras, de modo que seja morto
por seus credores. Mas Bond não conta com algo inesperado: sua atração por sua
parceira na operação, Vesper Lynd (Eva Green). Um dos grandes
trunfos do filme é serabsolutamente realista, rompendo com o
padrão da Era Brosnan e voltando-se à Era Daltontambém
em outro aspecto: a brutalidade e a violência. Nada é gratuito no
filme, ao contrário, há elegância até na violência, mas este é
um dos mais duros filmes de 007 entre todos. Outro trunfo é o trabalho de
personagens e Craig mostra o 007 mais humano e profundo dentre
todos. Em determinada cena, vemos o nervosismo dele após quase morrer e matar
um outro homem em uma luta corporal. Como curiosidade, este é um
“James Bond em formação”, ou seja, ainda não tem todos os maneirismos que o
tornariam famoso: não é totalmente elegante; ainda não descobriu o “batido, não
mexido”. Apesar de não mais fumar, este 007 retoma o gosto pela bebida
e pelo jogo que tinha perdido no meio do politicamente correto da Era
Brosnan. Somando tudo isso, apesar das reservas de muitos
acerca da real necessidade de umreboot da série inteira, analisando Cassino
Royale apenas como um filme, não há dúvidas: é um dos melhores,
senão o melhor, entre todos os filmes do espião. O resultado não poderia ser
outro: a maior bilheteria da série até então, ultrapassando o
capítulo anterior.
Direção: Martin Campbell. Elenco: Daniel Craig (James Bond), Eva Green
(Vesper Lynd), Mads Mikkelsen (Le Chiffre), Jeffrey Wright (Felix Leiter),
Giancarlo Giannini (René Mathis), Judi Dench (M).
Quantum of Solace: filme abaixo da média.
007 – QUANTUM OF SOLACE – 2008
Infelizmente, após o triunfo anterior, Quantum
of Solacenão segue um caminho tão vitorioso. Apesar de lidar com uma sequência
direta do filme anterior, de um modo nunca antes feito na série – este
começa exatamente no mesmo momento em que termina o anterior – o novo filme não
consegue manter a mesma qualidade. Um dos motivos foi que o roteiro foi
escrito um pouco às pressas, para que ficasse pronto antes da Greve dos
Roteiristas de Hollywood em 2007. Na trama, Bond descobre
que a organização Quantum (ecos da SPECTRE?) tinha
envolvimento com os eventos do capítulo anterior e persegue-a na figura do
empresário Dominic Greene, auxiliado por Camile Montes,
que teve sua família morta pela mesma organização. A bilheteria foi
muito boa, mas a crítica foi bem menos receptiva. O maior problema foi após
o lançamento com a falência do estúdio MGM ao
qual a EON estava vinculada desde o início. Isso
impossibilitou que uma nova produção estreasse dois anos depois, como planejado
e ameaçou o futuro da franquia.
Direção:
Marc Forster. Elenco: Daniel Craig (James Bond), Olga Kurylenko (Camile
Montes), Mathieu Almaric (Dominic Greene), Gemma Arterton (Strawberry Fields),
Jeffrey Wright (Felix Leiter), Giancarlo Giannini (René Mathis), Judi
Dench (M).
Skyfall é um dos melhores filmes de Bond em todos os tempos.
007 – OPERAÇÃO SKYFALL – 2012
Com a MGM comprada pela Sony
Pictures, a franquia de 007 pode ser retomada. Dessa vez,Michael Wilson
e Barbara Broccoli decidiram fazer um produto tão bom quanto Cassino
Royale, aproveitando-se que seria lançado no 50º aniversário da
franquia. Desse modo, assim comoUm Novo Dia para Morrer, este Operação
Skyfall é um filme-homenagem à cinessérie. Para dirigi-lo, a EON contratou o
cineasta de maior renome a já trabalhar na franquia: Sam
Mendes, diretor prestigiado e premiado, de filmes como Beleza
Americana e Apenas um Sonho. De fato, Mendes não
decepciona: Skyfall é um dos melhores filmes de
Bond, mantendo a humanidade de Cassino Royale (talvez
até aumentando-a, explorando as origens de 007 e o peso da idade),
mas garantindo uma ação frenética e um vilão megalomaníaco de
peso para se remeter ao passado da cinessérie. Natrama, 007 é abatido em
uma missão e passa alguns meses dado como morto, mas ao ver um
ataque à sede do MI-6 na TV, Bond volta à ativa para perseguir um ex-aliado
britânico chamadoSilva (Jarvier Bardem), que tem uma vingança pessoal
contra M (Judi Dench). Novamente, o trabalho com atores é excelente
(cheio de grandes astros, como Ralph Fiennes) e há um clima mais
artístico em todo o filme. Elementos do passado, esquecidos na Era
Craig até então, são retomados, como o “batido e não mexido”, a
secretária Moneypenny, os Gadgets espalhafatosos (o Aston
Martim DBV de Goldfinger está lá de novo) e a figura
de Q, agora como um jovem harker. Em termos cronológicos, Skyfall parece
colocar-se num tipo de mediação entre a Era Craig e o restante da franquia. Se
em Cassino Royale, Bond era um jovem agente secreto, em Skyfall é
tratado como um agente experiente.
Direção: Sam Mendes. Elenco: Daniel Craig (James Bond), Javier
Bardem (Silva), Ralph Fiennes (Gareth Mallory), Naomi
Harris (Eve Moneypenny), Ben Whishaw (Q), Judi Dench (M).
******
007: pronto para mais 53 anos?
Qual será o próximo passo de James Bond? O
roteirista deSkyfall, John Logan, vendeu uma história em duas partes à
EON…
James Bond, o 007, foi criado pelo
escritor escocês Ian Fleming em 1953 como
personagem de um romance de espionagem. Com o estrondoso sucesso, o autor
produziu vários livros e o espião chegou aos cinemas pela primeira vez em 1962,
fundando a mais longeva e bem-sucedida franquia do cinema em todos os tempos.