quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Amando Lara
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Quem dera que eu fosse Dr. Zhivago,
Amando Lara, não nos Montes Urais e sim as margens do Rio Almada,
Sob a direção de Bernard Attal. 
Encantar-me-ia o anarquista Klaus Kinski, limpando os sangues derramados no
Outubro Vermelho de 1917,
Levando-os para redimir a Primavera de Praga,
Ouvindo Dubcek ecoando a nova revolução do Solidarność, de Lech Walesa, que no combalido Brasil, não demora aflorar. 
Que venha os “Magníficos”, armados com A Coleção Invisível que temos que enxergar. 
Liberté, Égalité, Fraternité. 
Que viva a Pátria, que chova arroz!!!
Invocando a frase “Não Passarão” de Isidora Dolores Ibárruri Gómez
“La Passionara.”
Chega de banquetes na Ilha Fiscal. 
Rosa Luxemburgo rogue por nós,
Giordano Bruno Rogai por nós,
Danton rogue por nós,
Que os frutos do cacau digam amém.

Claudio Luz


terça-feira, 18 de outubro de 2016

Com Nobel, Bob Dylan se torna maior e mais premiado artista de todos os tempos

Com Nobel, Bob Dylan se torna maior e mais premiado artista de todos os tempos
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Cantor americano agora coleciona Grammy, Pulitzer, Oscar e Globo de Ouro, além de incontáveis outros prêmios. Repercussão ao inusitado prêmio repercutiu bem na imprensa internacional; confira principais reações

O mundo recebeu com surpresa, e considerável cota de boa vontade, a notícia de que o cantor americano Bob Dylan foi o vencedor do Nobel de Literatura. “Não pense duas vezes, está certo”, anunciou a rede de TV americana ABC sobre a vitória do cantor. “Muitos especialistas o deixaram de fora das especulações, pensando que academia não estenderia seu prêmio centenário ao mundo da música. Eles estavam errados”.
Divulgação
O cantor americano Bob Dylan
Com a inusitada conquista, o americano Bob Dylan, aos 75 anos, passa a ostentar um feito inédito e dificílimo de ser replicado. Ele é o único artista a ter vencido Nobel, Pulitzer, Grammy, Oscar e Globo de Ouro. Não foi só a imprensa americana que celebrou o feito. Para o jornal Le Monde, “Dylan é sozinho uma síntese da história americana, a poesia surrealista da Geração Beat, a militância política da década de 60, o lamento do blues, a energia rebelde do rock e a crônica da vida diária no país”.
A escolha da academia sueca, no entanto, não foi recebida com unanimidade. A revista americana New Republic definiu o prêmio como um equívoco. “Se o prêmio Nobel de Literatura quer reconhecer um músico, então deveria criar uma premiação para a música”. Para a revista, o fator emocional da obra de Dylan vem principalmente “da melodia, não da linguagem”.
A vitória de Dylan, convém observar, ocorre justamente no ano em que potenciais discordâncias nos bastidores atrasaram o anúncio do vencedor do Nobel de Literatura, geralmente entregue na mesma semana das medalhas da Paz e da Ciência. Segundo algumas publicações europeias, discordâncias sobre o vencedor atrasaram a decisão. O japonês Haruki Murakami era tido como favorito ao prêmio.

Obra eterna

São muitas e perenes as canções que tornam Dylan ímpar, mas é possível desenvolver um raciocínio sobre quais foram as mais importantes para que ele fosse legitimado como um concorrente ao Nobel de Literatura. Ocupante do topo da lista das melhores canções de todos os tempos da revista Rolling Stone e de um punhado de outras publicações musicais, Like a Rolling Stone (1965) é o vaticínio definitivo do talento melódico de Dylan, mas fundamentalmente de sua verve criativa e arrojada como letrista.


Outras grandes composições que atestam seu talento febril são Masters of War (1963) com seu tom taxativo antibeligerante, Maggie´s Farm (1965), outra canção de protesto, dessa vez emancipatória, The Man in the Long Black Coat (1989), um consciencioso exame das turbulências das crises existenciais como só um poeta é capaz de manufaturar, e Just Like a Woman (1966), um olhar elogioso à feminilidade.

Muitas canções de Bob Dylan poderiam ser citadas aqui como parâmetro para um prêmio inesperado, mas a justificativa da academia sueca ao outorgar o Nobel, de que Dylan “criou uma nova expressão poética na música americana” supera qualquer vã ilação. O Nobel de Literatura jamais soprou  tão acertadamente pelo vento.


domingo, 16 de outubro de 2016

PORQUE HOJE É DOMINGO - A POESIA DE CLÁUDIO LUZ - Talvez o amor


Talvez o amor




Submerso na imensidão da minh’alma,

Desabrigado das tempestades quando você

Convidava-me para chegar mais perto, mostrando

As lembranças do amor como uma chama que ainda

Baila sobre a luz tênue, fazendo sonhos tornar-se realidade,

Levando-me até as lembranças do amor que ainda tenho por ti.

O que eu sou pra você?

Porque que o amor está persistindo, nunca desistindo

Apesar de proclamarem que o amor é tudo e

Alguns dizem que não sabem como o oceano,

Repleto de conflitos, repleto das dores do mundo

Quando não está em calmaria,

E eu pensei que tinha achado meu oceano nos  seus braços



E você veio para quebrar meu coração



Na perspectiva de não mais voltar para mim



Assim como as ondas que refresca as areias



Num vim e ir que ameniza os anseios de não



Morrer de amor na praia sozinho sob o



Sol escaldante da madrugada.



Cláudio Luz

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Na Alexanderplatz

Na Alexanderplatz

Sonho por você,
Como se estivesse deitado num banco
Perdido na Alexanderplatz, observando as cidades
Do mundo, com as suas respectivas horas, amores
E desamores, tempo marcado, talvez, observando
As nuvens descompassadas pelo tempo ágil,
Que já não reflete a mesma imagem antes desenhadas,
Nas portas do Céu.
Medito já inerte, sob o cais, debruçando-me sobre o Rio Almada,
Que agora impávido, rompe o tudo que o impedia de
Singrar para os mares, agora navegável com a relva
Que distribui radiante o verde, que nos inspira a amar.
Percorro a cidade nua, observo os transeuntes que vagueiam,
Entre achados e perdidos, flutuando entre as artérias que
Sangram anunciando uma nova história que está por vir.
Acordo sobre os jardins suspensos da Praça Adonias Filho,
Porventura, nos bancos da Régis Pacheco, ouvindo os burburinhos
Que vem da Praça Manoel Agostinho de Santana e das Pitangueiras.
Ponho-me em oração no Templo Sagrado da Colina, ouvindo preces
Não repetidas como o sol que emerge no horizonte, anunciando
Um novo dia de Paz.
Deixo a Alexanderplatz, sem beber da água da Fonte da Amizade
Internacional, para banhar-me nas águas escuras dos lagos
Itajuipenses.


Cláudio Luz

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Bob Dylan ganha o Prêmio Nobel de Literatura 2016


O cantor e compositor americano Bob Dylan, de 75 anos, foi anunciado nesta quinta-feira (13) o ganhador do Prêmio Nobel de Literatura 2016. A escolha foi divulgada em um evento em Estocolmo, na Suécia. Além do título, Dylan, que é considerado um dos maiores nomes da música do século XX, receberá 8 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 2,9 milhões).
A opção por um músico – e não por um escritor de ofício – soa incomum, mas o nome do Dylan vinha sendo cotado havia muitos anos. Também poeta e com diversos livros lançados (veja lista abaixo), o artista é aclamado sobretudo pelo lirismo de suas letras. Desta vez, no entanto, ele não estava entre os favoritos nas casas de apostas.
Reconhecendo que o Nobel de literatura de 2016 pode parecer surpreendente, a secretária-geral da Academia Sueca, Sara Danius, declarou que Dylan foi escolhido "por criar novas expressões poéticas dentro da grande tradição da música americana". 
A academia citou ainda que "Dylan tem o status de um ícone" e que "sua influência na música contemporânea é profunda". "Ele é provavelmente o maior poeta vivo", declarou Per Wastberg, membro da instituição.

A nota biográfica do prêmio afirma que "Dylan gravou um grande número de álbuns que giram em torno de temas como a condição humana, religião, política e amor". Dentre os clássicos compostos por ele, estão "Blowin' in the wind", "Subterranean homesick blues", "Mr. tambourine man" e "Like a rolling stone".
Bob Dylan (nome artístico) de Robert Allen ZimmermanDuluth24 de maio de 1941), é um compositor, cantor, pintor, ator e escritor norte-americano.
Nascido no estado de Minnesota, neto de imigrantes judeus russos, aos dez anos de idade Dylan escreveu seus primeirospoemas e, ainda adolescente, aprendeu piano e guitarra sozinho. Começou cantando em grupos de rock, imitando Little RichardBuddy Holly, mas quando foi para a Universidade de Minnesota em 1959, voltou-se para a folk music, impressionado com a obra musical do lendário cantor folk Woody Guthrie, a quem foi visitar em Nova Iorque em 1961.
Em 2004, foi eleito pela renomada revista Rolling Stone o 7º maior cantor de todos os tempos e, pela mesma revista, o 2º melhor artista da música de todos os tempos, ficando atrás somente dos Beatles, e uma de suas principais canções, "Like a Rolling Stone", foi escolhida como uma das melhores de todos os tempos.[1] Influenciou diretamente grandes nomes do rock americano e britânico dos anos de 1960 e 1970. Em 2012, Dylan foi condecorado com a Medalha Presidencial da Liberdade pelo presidente dos Estados Unidos Barack Obama.[2]
Ganhou o Prêmio Nobel da Literatura em 2016 por "ter criado novos modos de expressão poética no quadro da tradição da música americana"[3].
1941-1960
Robert Allen Zimmerman (nome hebraico: Zushe ben Avraham)[4] nasceu no hospital St. Mary de Duluth, em Minnesota, no dia 24 de maio de 1941[5] e cresceu em Hibbing,Minnesota, no Mesabi Iron Range a oeste do Lago Superior. Os estudos realizados por vários de seus biógrafos mostraram que seus avós paternos, Zigman e Anna Zimmerman, emigraram de Odessa (atual Ucrânia) para os Estados Unidos por causa de um pogrom antissemita ocorrido em 1905.[6] Seus avós maternos, Benjamin e Lybba Edelstein, eram judeus lituanos que chegaram à América em 1902.[6] Em sua autobiografia, Crônicas, Vol. 1, Dylan escreveu que o apelido de sua avó materna era Kyrgyz e que sua família era procedente de Istambul.[7]
Seus pais, Abram Zimmerman e Beatrice "Beatty" Stone, faziam parte de uma pequena mas muito unida comunidade judaica. Robert Zimmerman viveu em Duluth até seus seis anos, quando seu pai contraiu poliomielite e sua familia voltou à cidade natal de sua mãe, HibbingMinnesota, onde passou o resto de sua infância.[8] Robert passou boa parte de sua juventude escutando rádio: em um primeiro momento, escutando emissoras de Shreveport, em Louisianacountry, e posteriormente, rock and roll.[9] Durante sua estadia na escola, formou várias bandas, como The Shadow Blasters, de curta duração, e The Golden Chords,[10] com a qual chegaria a tocar no programa de busca de talentos Rock and Roll Is Here to Stay.[11] No anuário escolar de 1959, Robert Zimmerman assinalou sua principal ambição "unir-se a Little Richard".[12] No mesmo ano, usando o pseudônimo de Elston Gunn, tocou em duas apresentações com Bobby Vee, acompanhando ao piano e improvisando com palmas.[13][14][15]
Em setembro de 1959, Zimmerman se mudou para Minneapolis, para estudar na universidade de Minnesota. Durante a época, seu interesse inicial no rock and roll deu lugar a uma aproximação ao folk. Em 1985, Dylan explicou sua atração pelo folk: "A coisa sobre o rock'n'roll é que para mim de qualquer jeito ele não era suficiente... Havia bons bordões e ritmo pulsante... mas as canções não eram sérias ou não refletiam a vida de um modo realista. Eu sabia que quando eu entrei na música folk, era um tipo de coisa mais sério. As canções eram enchidas com mais desespero, mais tristeza, mais triunfo, mais fé no sobrenatural, sentimentos mais profundos".[16] Logo começou a tocar no 10 O'Clock Scholar, uma cafeteria a poucas quadras do campus universitário, e se viu envolvido no circuito folk de Dinkytown.[17]
Durante seus dias en Dinkytown, Zimmerman passou a se chamar de "Bob Dylan". Em uma entrevista concedida em 2004, Dylan disse: "Você nasce, sabe, com nomes errados, pais errados. Digo, isso acontece. Você se chama do que quiser se chamar. Este é o país da liberdade"..[10] Em sua autobiografia, Crónicas, Vol. 1, Dylan escreveu sobre a mudança de nome:
"Eu havia visto alguns poemas de Dylan Thomas. A pronúncia de Dylann e Allyn era parecida. Robert Dylan. A letra D tinha mais força. Entretanto, o nome Roberto Dylan não era tão atraente como Roberto Allyn. As pessoas sempre haviam me chamado de Robert ou Bobby, mas Bobby Dylan me parecia vulgar, e além disso já haviam Bobby Darin, Bobby Vee, Bobby Rydell, Bobby Neely e muitos outros Bobbies. A primeira vez que me perguntaram meu nome em Saint Paul, instintiva e automaticamente soltei: 'Bob Dylan'".[18]

Bob Dylan em novembro de 1963.
1960-1963: Mudança para Nova Iorque e contrato de gravação
Dylan abandonou a universidade após seu primeiro ano. Em janeiro de 1961, mudou-se para Nova Iorque com a esperança de ver seu ídolo musical, Woody Guthrie, que estava gravemente doente, com um estado avançado do mal de Hutington no hospital psiquiátrico de Greystone Park.[19] Guthrie foi uma das maiores influências nas primeiras apresentações de Dylan. Sobre Guthrie, Dylan chegou a dizer: "Você pode escutar suas canções e aprender a viver".[20] Também escreveu, posteriormente: "As canções em si têm o infinito alcance de humanidade nelas... [Ele] era a verdadeira voz do espírito americano. Eu disse a mim que seria o maior discípulo de Guthrie".[21] À medida que o visitava no hospital, Dylan ficou amigo do assistente de Guthrie, Ramblin' Jack Elliott. Muito do repertório de Guthrie era na verdade canalizado através de Elliott, a quem Dylan prestou tributo em Crônicas (2004).[22]
A partir de fevereiro de 1961, Dylan tocou em vários clubes do bairro de Greenwich Village. Em setembro, ele começou a ganhar certa reputação graças a uma resenha de Robert Shelton no The New York Times durante uma apresentação no Gerde's Folk City.[23] No mesmo mês, Dylan tocou a harmônica para Carolyn Hester durante a gravação de seu terceiro álbum, o que levou seus talentos para a atenção do produtor John H. Hammond.[24] Hammond contratou Dylan para a Columbia Records em outubro.
As interpretações incluídas em seu primeiro trabalho para a Columbia, intitulado Bob Dylan e lançado em 1962, consistiam em material de música folkblues e gospel combinado com duas composições próprias, "Song to Woody" e "Talkin' New York". O álbum teve pouco êxito comercial, vendendo cinco mil cópias em seu primeiro ano, o suficiente para uma rescisão de contrato.[25] Dentro da Columbia, Dylan começou a ser tachado como a "tolice de Hammond" e sugeriram findar seu contrato. Apesar disso, Hammond defendeu vigorosamente Dylan, e ao mesmo tempo encontrou um bom defensor em Johnny Cash, que havia assinado pela Columbia meses antes.[25] Durante seu trabalho para a Columbia, Dylan também gravou várias canções sob o pseudônimo de Blind Boy Grunt[26] para a revista de música folk Broadside Magazine, uma revista e gravadora de música folk.[27] Dylan usou o pseudônimo Bob Landy para gravar como tocador de piano no álbum de antologia de 1964, The Blues Project, lançado pela Elektra Records.[26] Sob o pseudônimo de Tedham Porterhouse, Dylan contribuiu com a harmônica para o álbum de 1964 de Ramblin' Jack Elliott, Jack Elliott.[26]

Em agosto de 1962, Dylan deu dois importantes passos em sua carreira musical ao modificar seu nome legalmente para Robert Dylan na Corte Suprema de Nova Iorque e ao firmar um contrato de representação com Albert Grossman. Grossman foi o empresário de Dylan até 1970 e se caracterizou por sua personalidade algumas vezes confrontativa e pela extrema proteção que mostrava para seu principal cliente.[28] Dylan descreveria posteriormente Grossman como "uma espécie de Coronel Tom Parker... você podia cheirá-lo vindo".[29] As tensões entre Grossman e John Hammond obrigaram o segundo a abandonar as sessões de gravação do segundo trabalho discográfico de Dylan, sendo substituído pelo jovem produtor Tom Wilson.[30]
De dezembro de 1962 a janeiro de 1963, Dylan fez sua primeira viagem ao Reino Unido.[31] Ele foi convidado pelo diretor de televisão Philip Saville para aparecer em um drama The Madhouse on Castle Street, o qual Saville estava dirigindo a emissora BBC.[32] No fim da apresentação, Dylan tocou "Blowin' in the Wind", uma das primeiras exibições da canção para um público maior.[33] Enquanto em Londres, Dylan tocou em alguns clubes folk da cidade, como Les CousinsThe Pinder of Wakefield,[34] e Bunjies.[31] Ele também aprendeu novas canções de alguns intérpretes britânicos, como Martin Carthy.[31]
Próximo da época de seu segundo álbum, The Freewheelin' Bob Dylan, lançado em maio de 1963, ele começou a fazer seu nome como cantor e compositor. Muitas das canções incluídas no álbum foram classificadas como canções de protesto, inspiradas parcialmente em Woody Guthrie e influenciadas pela paixão de Pete Seeger por canções tradicionais.[35] "Oxford Town", por exemplo, é um conto irônico sobre a arriscada matrícula de James Meredith como o primeiro negro na universidade do Mississippi.[36]
Seu mais famosa canção à época, "Blowin' in the Wind", deriva parcialmente sua melodia da canção tradicional "No More Auction Block", apesar de sua letra questionar o status quo social e político da época.[37] A canção teve muitas versões e tornou-se um sucesso internacional com Peter, Paul and Mary, criando um precedente para muitos outros artistas que se alçariam com sucessos através de composições de Dylan. Por sua parte, a canção "A Hard Rain's a-Gonna Fall" se baseia nos acordes da balada folk "Lord Randall". Com suas referências ao apocalipse nuclear, a canção ganhou ressonância durante o desenrolar da crise dos mísseis de Cuba, poucas semanas depois de Dylan começar a tocá-la.[38] Como "Blowin' in the Wind", "A Hard Rain's a-Gonna Fall" marcou uma importante direção na composição de novas canções, mesclando o uso do fluxo de consciência e a lírica imagista com as formas tradicionais do folk.[39]
Enquanto as primeiras canções de Dylan solidificaram sua reputação inicial, The Freewheelin' Bob Dylan também incluía canções de amor mescladas com uma lírica irônica e blues falado surreal. O humor se converteu em um dos pilares da personalidade de Dylan,[40] e a variedade de material impressionou muitos ouvintes, incluindo os Beatles.George Harrison comentou: "Só colocávamos e nos viajava. O conteúdo das letras de suas canções e só a atitude - era incrivelmente original e maravilhoso".[41]
A voz áspera de Dylan era perturbadora para alguns ouvintes iniciais, ao mesmo tempo que uma atração para outros. Descrevendo o impacto que Dylan havia ocasionado em seu marido e nela mesma, Joyce Carol Oates escreveu: "Quando escutei pela primeira vez essa voz crua, muito jovem e parecendo não treinada, francamente nasal, como se a lixa pudesse dalar, o efeito foi dramático e eletrificante".[42] Muitas de suas primeiras canções famosas alcançaram o público em geral através de versões imediatamente mais palatáveis de outros intérpretes, como Joan Baez, que se converteu na protetora de Dylan assim como sua posterior amante.[10] Baez foi determinante na hora de levar Dylan à popularidade nacional e internacional com numerosas versões de suas canções e ao convidá-lo frequentemente ao palco em suas apresentações.[43]
Alguns outros que gravaram e tiveram sucessos com canções de Dylan no início e metade da década de 1960 foram The ByrdsSonny & CherThe HolliesPeter, Paul and MaryThe AssociationManfred Mann e The Turtles. A maioria tentou dar uma batida pop e ritmo às canções, enquanto Dylan e Baez os tocavam na maior parte como peças folk esparsas. As versões cover tornaram-se tão ubíquas que a CBS começou a promovê-lo com a frase"Nobody Sings Dylan Like Dylan."[44]
Transição
Mas logo Dylan mudou de rumos artísticos, afastando-se do movimento folk de protesto e voltando-se para canções mais pessoais, introspectivas, ligadas a uma visão muito particular de mundo. As questões sócio-políticas de seu tempo: racismoguerra friaguerra do Vietname, injustiça social, cedem espaço para a temática das desilusões amorosas, amores perdidos, vagabundos errantes, liberdade pessoal, viagens oníricas e surrealistas, embaladas pela influência da poesia beat. Esta transição se dá entre 19641966, quando Dylan eletrifica a sua música, passa a tocar com uma banda de blues-rock como apoio e choca a plateia folk, com sua aproximação ao rock. Na época, muitos ignoravam que Dylan já havia tocado rock and roll na adolescência e apreciava artistas country como Johnny Cash, que já trabalhavam com instrumentos elétricos desde os anos 50. O sucesso dos Beatles e demais roqueiros britânicos na releitura do rock americano também lhe chamaram a atenção. Em compensação, foi aclamado pela crítica, ampliou o seu público (mesmo sendo chamado de "traidor" por fãs do Dylan cantor folk), tornando-se cada vez mais influente entre artistas contemporâneos (John Lennon, por exemplo) e lançando os mais apreciados discos de sua carreira, com uma série de canções clássicas de seu repertório: "Maggie's Farm", "Subterranean Homesick Blues", "Gates of Eden", "It's Alright Ma (I'm Only Bleeding)", "Mr. Tambourine Man", "Ballad Of A Thin Man", "Like a Roling Stone", "Just Like a Woman", entre outras, lançadas em seus álbuns mais inspirados: "Bringing It All Back Home" e "Highway 61 Revisited" de 1965 e o duplo "Blonde on Blonde", de 1966.
Em maio de 1966, após uma tumultuada turnê pela Inglaterra, devido ao formato rock dos shows, Dylan sofreu um grave acidente de moto que o afastou dos palcos e gravações até 1968. Em seu retorno, surpreendeu o público e a crítica com o álbum "John Wesling Hardin", fortemente influenciado pelo country, tendência que acentuou-se no trabalho seguinte, "Nashville Skyline", que trouxe o clássico "Lay Lady Lay" para as paradas. Limitando-se a apresentações esporádicas, das quais a mais importante foi sua participação no Festival da Ilha de Wight em agosto de 1969, além de sua participação no Concerto para Bangladesh, organizado por George Harrison em 1971, Dylan só voltaria a realizar turnês em 1974.
Anos 70
O que produziu no início dos anos 70 não foi bem recebido pela crítica, considerado muito abaixo de seus hits originais. Apenas algumas canções destacam-se: "If Not For You" (1970), "Knockin' on Heaven's Door" (1973), "Forever Young" (1974). Mas ao voltar as turnês, acompanhado pelo grupo The Band, retorna a evidência e ao sucesso, principalmente pelo elogiado duplo ao vivo "Before the Flood" (1974). Na retomada da carreira de forma mais ativa, Dylan produz "Blood On Tracks" (1975) e "Desire" (1976), seus melhores discos nos anos 70, aclamados pela crítica. Deste último, a canção "Hurricane", baseada na história de Rubin Carter, um boxeador negro preso injustamente, foi um sucesso espetacular, ao mesmo tempo que a turnê Roling Thunder Revue (75/76) era aclamada por crítica e público. São também de Desire as músicas Sara (dedicada a sua esposa) e Romance in Durango, essa última vertida para Romance no Deserto pelo letrista Fausto Nilo para o disco de mesmo nome do cantor Raimundo Fagner.
Conversão

Apresentação de Bob Dylan em Roterdão, 23 de junho de 1978
Após seu divórcio em 1977, da esposa Sara Lownds[45], com quem era casado desde 1965, Dylan viveu uma grande crise pessoal, que refletiu-se em seu trabalho artístico. Depois de uma turnê mundial em 1978, em parte registrada no duplo ao vivo "At Budokan" (gravado no Japão), ele voltou-se para a música gospel, após converter-se ao cristianismo e filiar-se a uma igreja. Foi o período mais controverso e polêmico de sua carreira, principalmente por Dylan afastar-se de seu repertório clássico e investir em canções com temática cristã. Nesta nova fase, surpreendeu seus antigos fãs e se apróximou de músicos do segmento cristão, como Larry Norman[46]Chuck Girard[47]Keith Green, em cujo álbum "So You Wanna Go Back to Egypt" chega a gravar uma participação com sua harmônica[48].
Mais importante do que isso, motivado por sua nova espiritualidade, Dylan gravou três álbuns: "Slow Train Coming" (1979) considerado o mais inspirado dos três, deu a Dylan um Grammy de melhor vocal masculino, pela canção "Gotta Serve Somebody". O segundo álbum,"Saved" (1980), teve uma recepção menos entusiasmada, embora na opinião de Kurt Loder da Rolling Stone este álbum fosse superior ao primeiro [49]"Shot of Love" (1981) encerra a fase cristã de Dylan.
A despeito da intolerância das críticas à época do seu lançamento, em 2003, o conteúdo das músicas de "Gotta Serve Somebody" foi depurado, revisitado e redimido por nomes como Shirley CaesarHelen BaylorChicago Mass Choir e outros representantes da música afro-americana, em "The Gospel Songs of Bob Dylan", um CD que se desdobrou em indicação para o Grammy e em documentário (2006) sobre esta fase. O jornal International Herald Tribune declarava que a interpretação afro-americana levava a música de Dylan a um outro patamar[50].
Anos 80
Com "Infidels", de 1983, Dylan afasta-se da fé cristã, volta-se inesperadamente para as suas raízes judaicas e parece reencontrar certo equilíbrio artístico. Bem recebido pela crítica, é considerado seu melhor álbum desde Desire. As apresentações ao vivo, em que volta a interpretar suas canções clássicas, marcam uma reconciliação com seu público. Em 1985 participa do especial We are the world com outros 40 grandes nomes da música estadunidense - entre eles Michael JacksonTina TurnerRay CharlesStevie Wonder - pela campanha contra a fome na África.
Dylan continua a gravar regularmente, buscando uma sonoridade "made anos 80" ao mesmo tempo em que tenta preservar seu estilo. "Down In The Groove", álbum de 1988, passou despercebido, contém várias covers, mas equivale a uma declaração de princípios, com canções de folk-rock, gospel, rock, que demarcam os gostos artísticos preferenciais do artista. Depois de uma turnê com a lendária banda californiana Grateful Dead, ele lança o álbum "Oh Mercy" (1989), elogiado pela qualidade inesperada das canções e volta às paradas com o super-grupo Traveling Wilburys, formado com os amigos George HarrisonTom Petty, além de Jeff Lynne e Roy Orbison.

Bob Dylan no Lida Festival de Estocolmo,Suécia, em 1996.
Anos 90
No início dos anos 90, Bob Dylan parece dar uma "parada" na carreira. Para comemorar e fazer um balanço de seus 30 anos de trajetória, ele volta a gravar folk tradicional, acústico, sem importar-se com o pouco apelo comercial deste gênero nos dias atuais. Em 1992 é realizado um show-tributo em grande estilo, com a participação de vários nomes do rock, country e do soul cantando suas músicas: Eric ClaptonGeorge HarrisonStevie WonderNeil YoungWillie NelsonLou ReedEddie Vedder entre outros.

Depois do acústico produzido para a MTV em 1994, Dylan só voltaria com um CD de inéditas em 1997 (ano que vários outros famosos voltaram a ativa com sucesso, entre eles os Bee Gees). O álbum "Time Out Of Mind" ganharia vários prêmios Grammy e foi considerado por muitos uma nova ressurreição artística, confirmada pela qualidade de "Love and Theft" (2001). Neste mesmo ano a revista Rolling Stone publicou uma lista com as 500 melhores músicas da história e em primeiro lugar ficou Like a Rolling Stone, de Bob Dylan. Atualmente registra-se um novo interesse pela vida e obra de Dylan, com o lançamento oficial de várias gravações piratas, além do lançamento do documentário "No Direction Home", de Martin Scorsese, que flagra os anos iniciais de sua carreira (1961-1966) e, mais recentemente, com "Modern Times", seu novo álbum lançado em 2006, com o qual, pela quarta vez na carreira, Dylan conquistou a liderança do ranking dos mais vendidos dos Estados Unidos, vendendo 192.000 cópias na primeira semana. A última vez que Dylan tinha alcançado a liderança nos Estados Unidos, foi com o álbum "Desire", de 1976, que ficou 5 semanas no topo das paradas. Antes disso, alcançou o primeiro lugar com o clássico disco "Blood On The Tracks", em 1975, e com "Planet Waves", no ano anterior. (Fontes: G! e wikipedia.org/wiki/Bob_Dylan