quarta-feira, 13 de abril de 2016



Hélio Nunes da Silva nasceu na cidade de Aracaju capital sergipana, em 17 de abril de 1931. Filho de José Nunes da Silva e Júlia Canna Brasil e Silva, foi casado com Valquíria Cardoso, teve três filhos: Neide Nunes Pinto, professora; Layde Nunes Shanks, advogada, residente nos Estados Unidos e Célio Nunes, jornalista e escritor.
Segundo a Sra. Jurema Barthone, ensaísta e professora universitária, com especialização em literatura, na matéria para o caderno A Tarde Cultural de 20 de março de 1999, que nos possibilitou transcrever esta biografia, Hélio Nunes foi um perseguido da “ditadura militar do Brasil” por ter participado de movimentos políticos e estudantis, marcando sua posição de esquerda e tendo no seu grupo, da época de estudante secundarista e lides intelectuais, figuras a exemplo de José Rosa de Oliveira Neto, Fragmon Carlos Borges, Tertuliano Azevedo, Jaime Araújo, Jorge Mesquita, Alberto Carvalho, Ezequiel Monteiro, Renato Chagas, Núbia Marques e outros.
Fez parte do PCB e em 1952 para fugir da repressão policial veio morar na Bahia passando por Cachoeira, São Félix e depois fixando residência em Itabuna, centro da região cacaueira. Ai concluiu o curso de Contabilidade local, destacando-se na liderança de movimentos nacionalistas, cultural e trabalho jornalístico. Em 1962, fundou o Jornal de Notícias, após criar uma gráfica, a Itagraf, que se notabilizou como ponto de encontro de intelectuais e de movimentos. Editou livros de escritores da região. Destacou-se particularmente na defesa dos humildes e perseguidos, especialmente das crianças de rua, denominadas a época de “tranca-ruas”, interferindo para soltura de vários deles das celas de presos comuns e enfrentando um processo porque, acusou, através de manifesto, as classes dominantes “pela situação dos meninos de rua”. Foi humilhado até o fim, sempre se sacrificando pela sua luta.
O golpe de 64 também valeu como um golpe físico e espiritual em Hélio Nunes. Passou a ser perseguido e teve que vender a sua gráfica e jornal a preço irrisório. Após resolver seus processos decorrentes do golpe de 64, fez concurso para escrivão de cartório e foi aprovado, mas continuou perseguido, sendo transferido para a cidade de Itororó, longe de sua mulher e dos seus filhos.
Hélio, não suportando a distância da família, imposta pelos perseguidores, entrou em profunda depressão, fumava demais, vindo a ser fulminado por um infarto do miocárdio, em 1972, aos 42 anos de idade na cidade em que laborava como oficial do Cartório do Crime.
“Pássaro do Amanhã”, seu único livro, foi lançado em 1962. Hélio Nunes organizou e participou da coletânea Manhã Cinqüentenária e publicou poemas e artigos em diversos jornais e revistas.
Foi incluído na antologia A Moderna poesia da Zona do Cacau, editada pela Antares, São Paulo, organizada pelo poeta Telmo Padilha.
Aqui os títulos de algumas poesias de Hélio Nunes publicadas no caderno A Tarde Cultural: “Partir”, “Ode a José Sampaio”, “Poema a meu filho”, “O Poeta e o Menino” de julho de 1958, “Poema de Maio”, de maio de 1955, “A Bomba H”, “Elevo”, de setembro de 1956 e “Do Amor”, escrita em março de 1957.
Hélio Nunes promoveu encontros culturais em Itabuna e Ilhéus, convidando artistas e escritores do Sul, entre os quais Zora Seljan, Eneide, Osório Borba e Jorge Amado, tendo este levado a Itabuna os escritores e filósofos franceses Jean Paul-Sartre e Simone Beauvoir, que foram recepcionados por Hélio Nunes.
Seus autores preferidos, entre outros, foram: Maiakovski, Pablo Neruda, Gabriel Garcia Márquez, Jorge Amado e Graciliano Ramos.
Hélio Nunes gostava e divulgava a criação do poeta sergipano José Sampaio, poesia a qual, segundo alguns críticos, a sua obra está ligada à linha da lírica de conotação social, simples e sem artifícios, apostando mais no sentimento.
Hélio Nunes viveu pouco tempo como escrivão de cartório em Itororó, mas nos seus últimos dias esteve ao lado da sua esposa, professora Valquíria e filhos. Porém, este pouco tempo em que aqui viveu, foi o suficiente para que ele viesse a construir boas amizades nesta sociedade que chorou copiosamente a sua morte. Aqui ele ajudou a fundar dois jornais informativos mensais: “O Vinking” que durou pouco tempo e logo fora fechado. Segundo informações, por determinação judicial e “O Quinze” que também tivera vida efêmera, pelo mesmo motivo, após sua breve circulação pelas bancas da cidade.
Hélio Nunes da Silva ainda é lembrado nos meios culturais e intelectuais de Itororó, Itajuipe e Itabuna como homem de grande visão futurista. E, doravante, será imortalizado como vulto indelével de Itororó…
* Miro Marques é escritor, historiador e radialista

sábado, 2 de abril de 2016

PORQUE HOJE É SÁBADO... O ROMANTISMO DE CLÁUDIO LUZ

Não Consigo Evitar Me Apaixonar

O momento é este, impar pelos seus olhos
Pretos, que me hipnotizam e faz-me despertar
Um calor insano, no ventre do meu coração.
Será loucura se eu não conseguir evitar
Me apaixonar por você?
Juro que não resistirei de me abandonar em sua silhueta,
Ser engolidos pelos seus lábios, deixando-me saciar
Com os seus íntimos desejos corpóreo,
Entregando-me ao pecado que exala do teu peito
Arfante, quase febril, que faz renascer a minha’alma,
Em plena maturidade dos séculos que virão.
Sinto-me com uma montanha beijando as nuvens, como uma onda
Que avassaladora invade o seu ventre em busca do seu mar...
Querida desde o inicio fomos predestinados a viver
Momentos intensos, que foram destinadas aos nossos corações,
Antes sedentos de uma grande paixão.
Vem, pegue minha mão, arrebata minha vida inteira porque não
Conseguirei evitar me apaixonar por você.
Toma-me, entrego o meu coração, simplesmente, calmamente,
Intempestivamente e incondicionalmente...
Eu dou a ti.



Cláudio Luz