segunda-feira, 30 de novembro de 2015

LEIA AGORA - LUIZ GAMA, MENSAGEIRO DA ABOLIÇÃO

LUIZ GAMA, MENSAGEIRO DA ABOLIÇÃO

Durval França Filho - Foto Walmir RosárioDurval Pereira da França Filho
No momento em que se comemora o dia da consciência negra, 22 de novembro, vale uma justa homenagem a um dos maiores mensageiros do abolicionismo do Brasil, Luiz Gama, um negro baiano que, segundo as palavras de Ruy Barbosa, foi “um coração de anjo,… um espírito genial, uma torrente de eloquência, um coração adamantino, personagem de granito, aureolado de luz”.
Nasceu em Salvador, no dia 21 de junho de 1830, filho da africana liberta Luiza Mahim e de um português que, por motivos óbvios, o filho não quis identificar. Nasceu de ventre livre, mas o pai, um fidalgo empobrecido pelo jogo, de péssimo caráter, o vendeu como escravo, quando ele tinha apenas dez anos de idade.
Luiza Mahim era uma pagã de formação islâmica, que nunca aceitou a doutrina cristã. Vivia como quitandeira, e foi presa várias vezes suspeita de envolvimento em movimentos insurrecionais, como a revolta dos malês de 1835. Em 1837 foi para o Rio de Janeiro e nunca mais voltou à Bahia, embora o filho a tivesse procurado, sem resultado.
Luiz Gama foi levado para o Rio de Janeiro, onde foi escravo de um português de sobrenome Vieira, comerciante, por cuja família foi bem tratado. Contudo, apesar do carinho e dos cuidados que recebia, foi entregue a Antônio Pereira Cardoso, um negociante e contrabandista que, posteriormente, foi preso por haver deixado alguns escravos morrerem de fome em cárcere privado, e suicidou-se. Depois disso, ninguém queria comprar Luiz Gama, porque era baiano e os escravos baianos não tinham boa fama. Mesmo assim, aprendeu a ler e escrever, a trabalhar como copeiro, sapateiro e a costurar roupas.
Fugiu para São Paulo e lá conquistou a liberdade, aos 17 anos. Em 1848, assentou praça no Exército, depois se tornou tipógrafo e escrivão da Secretaria de Polícia, de onde foi demitido por integrar o Partido Libertador. Dedicou-se ao jornalismo e, impedido de matricular-se na Faculdade de Direito, provisionou-se como advogado, tornando-se defensor da causa dos escravos e conseguindo a libertação de mais de 500 deles.
Ganhou fama e notoriedade. Foi um dos fundadores do Centro Abolicionista e do Partido Republicano de São Paulo e filiou-se também à maçonaria. Era um dos oradores do Clube Radical Paulistano. Através de sua produção poética, satirizou de forma violenta as pessoas da Corte. Recebeu o apelido de Bode, por causa de sua cor e do cavanhaque que usava. Mas na memória do povo brasileiro e, em especial do baiano, um nome se coloca em realce nessa galeria de guerreiros em favor da liberdade, da integração e da reabilitação do negro e contra a opressão – Luiz Gonzaga Pinto da Gama.
Faleceu em São Paulo, de diabetes, no dia 24 de agosto de 1882.
(Durval Pereira da França Filho tem formação em História e é membro da ALAC – Academia de Letras e Artes de Canavieiras)

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Homenagem ao itajuipense Adonias Aguiar Filho no ano do seu Centenário

Homenagem ao itajuipense Adonias Aguiar Filho no ano do seu Centenário
 Resultado de imagem para adonias filho em itajuípe
A homenagem ao grande acadêmico e romancista itajuipense,
   que através de sua obra literária,
Deu-nos o Corpo Vivo, para percorrermos as Léguas da promissão
  observando através de Uma Nota de cem,
O Forte, o romance brasileiro em
Noites sem madrugada
Inspirando-nos com o
Auto de Ilhéus,
Sagrando-nos com os Bonecos de Seu Pope,
Fora da Pista,
Indicou-nos com as Memórias de Lázaro, a miscigenação racial ocorrida em       terras colonizadas em
Luanda Beira Bahia ensaiando-nos através da
História da Bahia e também com
O Romance Brasileiro e Cornélio Pena.

“Sonhamos como conterrâneos, que estamos às margens do Rio Sena, só em observar as águas do nosso Rio Almada, reluzindo a Serra da Temerosa, com Cajango a nos espreitar.”


Cláudio da Luz

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Documentário marca centenário do escritor Adonias Filho em Ilhéus

Documentário marca centenário do escritor Adonias Filho em Ilhéus

A Secretaria de Cultura (Secult) de Ilhéus, em homenagem ao centenário de Adonias Filho, comemorado no próximo dia 27, exibirá gratuitamente o filme “Adonias Filho: memória e ficção”, no auditório da Biblioteca Municipal que leva o nome do escritor, localizada na Praça Castro Alves, no centro da cidade, na quarta-feira, 25, às 15h. A obra resgata a memória e a ficção do autor através das vozes daqueles que com ele conviveram e que mergulharam em sua literatura. Nascido em Itajuípe, antes Pirangi, antigo distrito de Ilhéus, o escritor Adonias Filho (1915-1990) fez parte da terceira fase do Modernismo. Foi também jornalista, ensaísta, romancista e crítico literário. Suas obras são inspiradas na região cacaueira do sul da Bahia. Foi eleito para a cadeira nº 21 da Academia Brasileira de Letras. Após a exibição do documentário, haverá um bate papo com dois dos realizadores do filme, a diretora Simone Santos e o produtor Joelson Batista Júnior, graduados em Comunicação Social pela UESC, que falarão sobre o processo criativo, inspirações e curiosidades acerca da vida e obra de Adonias Filho. Entre os livros mais conhecidos de Adonias Filho estão os romances "Os Servos da Morte" (1946), "Memórias de Lázaro" (1952), "Corpo Vivo" (1962), "O Forte" (1965) e o ensaio literário "Modernos Ficcionistas Brasileiros" (1958). O docudrama, que caminha pela ficção e realidade, conta a história de um garoto que não gosta de ler, mas mergulha numa aventura pela cidade onde mora para resgatar um livro e seu gosto pela leitura. “Uma nota de Mil”, “Fora da Pista”, “O Menino e o Cedro”, “O largo da Palma” e “As Velhas”, livros escritos por Adonias, que servem de inspiração para contar essa nova história.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

GOVERNADOR LOMANTO JÚNIOR EM VISITA AO MUNICÍPIO DE ITAJUÍPE

alhos & bugalhos

Morre ex-governador Lomanto Júnior aos 90 anos

lomanto



Lomanto Jr participando de solenidade na Câmara Municipal de Itajuipe
(Na foto da  esquerda para a direita Sebastião Otoni, o promotor Alberto Gomes,o prefeito Humberto Badaró, o juiz Orlando Pereira dos Santos e o governador Lomanto Jr.)





Lomanto Jr. inaugurando como presidente Castelo Branco a Ponte Ilhéus/Pontal


Morreu nesta ontem (23), o ex-governador do estado  Antônio Lomanto Júnior, de 90 anos. Lomanto estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para tratar uma infecção respiratória desde o começo do mês. Ele passou a apresentar deficiência renal e precisou fazer hemodiálise.
Lomanto Júnior nasceu na cidade de Jequié em 1924 e sempre sonhou em ser governador da Bahia. Foi vereador com apenas 22 anos, de 1947 a 1950. Elegeu-se prefeito, exercendo o cargo de 1951 a 1955. Bem sucedido, conseguiu se eleger deputado estadual, atuando de 1955 a 1959. Depois da experiência na Assembleia Legislativa, Lomanto resolveu voltar para Jequié e sagrou-se, novamente, prefeito.
Lomanto, o determinado
Em 1962, candidata-se ao governo do estado e consegue a vitória, tomando posse em 7 de abril de 1963. No começo, enfrentou uma séria crise econômica, reflexo do governo João Goulart, mas conseguiu realizar obras importantes como: a estrada federal Rio-Bahia, 1963, a estrada Feira de Santana-Juazeiro, o Teatro Castro Alves e a ampliação da usina hidrelétrica de Paulo Afonso.
Idealizado pelo ex-governador Antônio Balbino, o Teatro Castro Alves só foi recuperado – após um incêndio - graças à determinação de Lomanto Júnior.  As obras de recuperação foram abandonadas pelo ex-governador Juracy Magalhães, opositor de Balbino, logo que assumiu o governo, sendo retomadas por Lomanto. Na verdade, o teatro foi praticamente reconstruído pelo governo Lomanto Júnior. Totalmente reconstruído, o Castro Alves foi inaugurado em 4 de março de 1967 com a presença do presidente da época, Humberto de Alencar Castelo Branco.
Sobre Lomanto, Joaci Góes disse certa vez: “Outro feito de destaque de Lomanto foi inaugurar na Bahia a neurolinguística na política. Uma vertente da neurolinguística é a capacidade de a pessoa criar uma ideia e conseguir concretizá-la, tendo como base a própria vontade de fazer acontecer”.
Lomanto Júnior deixou o governo da Bahia em 1967, quando foi sucedido por Luiz Viana Filho. Em 1979 foi eleito senador, cargo que ocupou até 1987. Em 1993, consegue eleger-se, novamente, prefeito de Jequié. Considerado um dos maiores homens públicos da Bahia,  Lomanto Júnior é pai do ex-deputado federal Leur Lomanto e avô do deputado estadual Leur Lomanto Júnior (PMDB).

Por hoje é só... Vou Guardar a Tesoura, a agulha e a linha: Ponto Final.*Redação: O Bolso do Alfaiate

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Itabuna celebra 100 anos de Adonias Filho

Itabuna celebra 100 anos de Adonias Filho

adonias 1BLOGDOTHAME - No dia 27, o jornalista, escritor e crítico literário Adonias Filho, que faleceu em 1990, completaria 100 anos. Para celebrar a data, o Centro de Cultura Adonias Filho, em Itabuna, preparou uma programação especial para os dias 26 e 27.
Haverá espetáculo de dança, apresentação musical e um panorama sobre o centenário do escritor. No dia 26, 19h, a programação será fechada para convidados e contará com a Banda Sinfônica de Itabuna.
Logo depois, o secretario de Cultura da Bahia, Jorge Portugal, abrirá as comemorações abordando a importância do escritor para o Litoral Sul e, sobretudo, para a literatura nacional.
Na sequência, Silmara Oliveira, coordenadora do Memorial Adonias Filho, apresentará um traçado histórico sobre os 100 anos do escritor. Para encerrar a noite, o Balé do Teatro Castro Alves apresentará seu espetáculo “…ou isso”.
Ele é uma montagem inspirada na obra do poeta mato-grossense Manoel de Barros (1916), considerado um dos principais poetas contemporâneos brasileiros.
Na sexta-feira, às 19h30, o BTCA faz nova apresentação, desta vez aberta ao público. O ingresso será trocado por 1 kg de alimento não perecível, destinado para o Abrigo São Francisco e o Albergue Bezerra de Menezes, em Itabuna.
Nascido em 1915, em Itajuípe, Adonias Aguiar Filho foi jornalista, crítico literário, ensaísta e romancista. Foi eleito vice-presidente da Associação Brasileira de Imprensa, membro do Conselho Federal de Cultura.
Foi presidente da Associação Brasileira de Imprensa e do Conselho Federal de Cultura. Suas obras apresentavam fortes características da região cacaueira, das quais se pode destacar Corpo Vivo, Luanda Beira Bahia, O Largo da Palma e As Velhas.
Suas obras foram traduzidas para inglês, alemão, espanhol, francês e eslovaco. Foi eleito para a cadeira nº 21 da Academia Brasileira de Letras. Em 2 de agosto de 1990, faleceu em sua fazenda Aliança.
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sábado, 21 de novembro de 2015

A COLEÇÃO

1 - Noel Rosa

1 - Noel Rosa
Informações Técnicas:
  • Dimensões: 14,4 x 12,9 cm
  • Páginas: 64 páginas
  • Capa: dura e revestida em papel couchê
  • CD: 14 faixas por CD

Veja o repertório:

  1. FEITIO DE ORAÇÃO - Sílvio Caldas
  2. SÉCULO DO PROGRESSO - Aracy de Almeida
  3. PRA QUE MENTIR? - Paulinho da Viola
  4. O X DO PROBLEMA - Aracy de Almeida
  5. CONVERSA DE BOTEQUIM - Moreira da Silva
  6. QUEM DÁ MAIS - Noel Rosa
  7. PALPITE INFELIZ - Aracy de Almeida
  8. NUVEM QUE PASSOU - Francisco Alves
  9. NÃO TEM TRADUÇÃO - João Nogueira
  10. MULATO BAMBA - Mário Reis
  11. FEITIÇO DA VILA - João Petra de Barros
  12. COM QUE ROUPA? - Noel Rosa
  13. DAMA DO CABARÉ - Orlando Silva
  14. O ORVALHO VEM CAINDO - Almirante e os Diabos do Céu
Foram cerca de 200 composições em apenas 26 anos, quatro meses e 23 dias de uma vida curta, mas de intensa produção artística. Noel de Medeiros Rosa, nascido e criado no bairro de Vila Isabel, subúrbio do Rio de Janeiro, entre 1929, quando começou a compor, e 1937, quando faleceu vítima da Tuberculose, foi um dos responsáveis pelo que hoje representa o samba para a arte brasileira.
O aclamado "Poeta da Vila" e "Filósofo do Samba" subiu o morro e trouxe para a "cidade a música nascida nos quintais dos imigrantes afro-baianos, que formavam o Rio do início do século XX. O samba se legitimava como gênero musical e deixava de lado o estigma de música feita apenas para negros. O malandro vira boêmio e as letras se transformam em crônicas do Rio de Janeiro dos anos 20 e 30. "Ninguém o superou na legitimidade de sua poesia", afirmou Carlos Heitor Cony, em artigo na Folha, em 1964.
Amante dos botequins, da noite e da boemia, o que aliados à sua já fragilidade física - nasceu de um parto a fórceps, o que provocou afundamento do maxilar e paralisia na face, prejudicando sua alimentação - Noel Rosa poderia ter sido médico, mas preferiu ser sambista. Envolvidos com a música, o pai, o comerciante Manuel de Medeiros Rosa, que tocava violão, e a mãe, a professora Martha Azevedo, no bandolim, foram decisivos para adentrar o então adolescente Noel, com 13 anos, na arte de tocar.
Começou no bandolim, mas foi no violão que encontrou seu talento.
A música para Noel Rosa, apelidado de Queixinho na escola, foi também uma forma de compensar as restrições que lhe causavam a deficiência na face. Em 1925, com 14 anos, já fazia serenatas junto com irmão Hélio Rosa, quatro anos mais novo, e começava a abusar do álcool, do cigarro e das farras. Em declaração à imprensa da época, confessou: "A menina do lado cravava em mim uns olhos rasgados de assombro. Então eu me sentia completamente importante. Ao bandolim confiava, sem reservas, os meus desencantos e sonhos de garoto que começava a espiar a vida".
Iniciou sua carreira compondo canções com inspirações nordestinas, entre emboladas e cateretês, no grupo Flor do Tempo, que depois passou a se chamar Bando dos Tangarás. O conjunto era forma por ele e outros nomes da música na época: Almirante, Braguinha (João de Barro), Alvinho e Henrique Brito. Contudo, foi no samba que Noel consolidou sua arte. Em 1931, compôs seu primeiro grande sucesso, o samba "Com que roupa?", sucesso no Carnaval daquele ano.
Canções como "Palpite Infeliz", "Com que Roupa", "Último Desejo", "Fita Amarela", "O Orvalho Vem Caindo", "Até Amanhã", "Três Apitos", "O X do Problema", "João Ninguém", "Quem Ri Melhor", "Dama do Cabaré", "Quando o Samba Acabou", "Conversa de Botequim", "Feitio do Oração", "Feitiço da Vila", "Cem Mil Réis", ele compôs sozinho e com mais de 50 parceiros. Dois deles se sobressaem: Ismael Silva e Vadico. Duas cantoras também foram destaques na interpretação de suas canções: Marília Baptista e Aracy de Almeida.
Em dezembro de 2010, Noel Rosa faria 100 anos. Morreu cedo, mas deixou um legado que influenciou e continua influenciando as gerações posteriores de músicos, como Tom Jobim e Chico Buarque.

Contexto histórico

Quando Noel Rosa começou a compor, no fim da década de 20, o samba carioca dava os primeiros passos rumo ao status de gênero representante da identidade musical brasileira. Saído das festas de fundo de quintal nas casas das tias baianas, nos arredores da nova cidade que começava a ser "reconstruída" pelo governo, o samba ainda guardava características que o deixavam à margem da sociedade que se dizia civilizada: era feito por negros, marcado pelo improviso, fazia apologia à malandragem e era dotado de sentido lúdico-religioso.
Da periferia do novo Centro carioca e dos morros que começavam a ser ocupados pelo povo expulso da área brotavam os primeiros compositores do samba , como Sinhô, Donga, João da Baiana e Pixinguinha. Os bares e cabarés da cidade recebiam as primeiras apresentações, ainda sob perseguição da polícia. Noel Rosa, influenciado pelos sambistas do morro, foi um dos responsáveis pela inserção definitiva do samba na cidade. O impulso dado pelo rádio também foi de grande importância. Ao lado de nomes da música como Orestes Barbosa, Nássara, Mário Lago e Ary Barroso, Noel participou do grupo de compositores responsáveis pelo novo padrão estético do samba.
O momento, no início da década de 30, coincidiu com a política de valorização da cultura brasileira promovida pelo governo do presidente Getúlio Vargas. Em 1931, surgiu o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), que estabelecida regras para os artistas e reforçava a censura a produções que atentassem contra a ordem estabelecida. Essa política nacionalista acabou beneficiando a nascente produção da música popular brasileira, liderada pelo samba.
De acordo com dados levantados por Zuza Homem de Melo e Jairo Severiano, em "A Canção no Tempo", entre 1931 a 1940, o samba tornou-se o gênero mais gravado, ocupando 32,45% do repertório gravado em disco.

Curiosidades

Música e Medicina

Noel Rosa cursou, em 1931, um ano da faculdade de Medicina, beneficiado por um decreto que permitiu a entrada de estudantes na faculdade. Por influência do curso, compôs a música "Coração", cujos versos dizem: "Coração, grande órgão propulsor/ transformador do sangue venoso em arterial; coração, não és sentimental; mas entretanto dizem que és o cofre da paixão."

Restrições físicas

Por causa do defeito no maxilar, resultado de seu parto complicado, geralmente não comia em público. O desencontro das arcadas dentárias e a articulação insuficiente do queixo forçavam Noel Rosa a preferir alimentos líquidos, pouco nutritivos. A bebida e o cigarro também aceleraram o processo que resultou em sua morte precoce.

Tratamentos fracassados

Em 1935, viajou para tratar dos pulmões lesionados na casa de parentes em Belo Horizonte. O tratamento foi muito curto porque logo passou a frequentar as rodas boêmias da capital mineira. O mesmo teria acontecido em Nova Friburgo (RJ), para onde, em 1936, também viajou com o objetivo de se tratar. Barra do Piraí, no Estado do Rio, foi outro destino para tratamento, mas já era tarde.

História do sucesso

O samba "Com que Roupa?" não foi criado pelo fato de que a mãe de Noel, certa vez, escondeu sua roupa para que não saísse em busca de farras. O parceiro e primeiro biógrafo Almirante desmentiu tal lenda anos mais tarde. Verdade foi que a composição tinha os primeiros acordes muito parecidos aos do Hino Nacional Brasileiro, problema detectado pelo maestro Homero Dornelas e prontamente modificada pelo autor.

Contra a malandragem

Em 1933, Noel começou uma polêmica com o compositor Wilson Batista, quando este criou o samba Lenço no Pescoço, que faz apologia à malandragem. Num "duelo" de composições", Noel compôs "Feitiço da Vila" para rebater "Lenço no Pescoço". Seguiram-se um novo samba de Batista e outro de Noel, a música "Palpite Infeliz". Wilson Batista respondeu com duas novas músicas: Frankstein da Vila", no qual destaca a deficiência física de Noel, e "Terra de Cego", que terminaram sem resposta. Quando se conheceram pessoalmente, depois do ocorrido, refizeram este último samba, nascendo a canção "Deixa de Ser Convencida".

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Hoje

Hoje quero beijar teus lábios
Surpreender seu corpo
Fazendo nascerem aí felicidades mutuas
Preenchidas de sonhos movidos por
Caricias e palavras de amor
Sem medida.
Hoje quero abraçar o seu corpo
Fazendo-a levitar entre sonhos e interlúdios
Não compreendidos, nos momentos essenciais.
Hoje quero sentir os seus cabelos envoltos
Pela brisa quer refresca os nossos sentidos em nos amar diuturnamente.
Hoje quero observar o firmamento em vôos altos
Em busca do momento de lhe completar com realidades
Palpáveis dos nossos sonhar.
Hoje quero ter você
Simplesmente hoje a me envolver entre as cortinas
Noturnas a nos proteger...
Cláudio Luz

sábado, 14 de novembro de 2015

O BAHIA ESPORTE CLUBE DE ITAJUÍPE


O BAHIA ESPORTE CLUBE DE ITAJUÍPE

Itajuípe sempre foi um celeiro de craques, desde que ainda era chamada de Pirangy. O futebol de Itabuna sempre soube onde buscar seus jogadores e muitos deles desfilaram como titulares na conceituada Seleção Amadora de Itabuna, por oito vezes campeã do certame intermunicipal baiano. À época também existia muita rivalidade entre as equipes de Itabuna e Itajuípe. Pois o Cláudio da Luz trouxe de presente essa “relíquia”, uma foto do Bahia Esporte Clube, de Itajuípe, da década de 1950, com a escalação completa. www.ciadanoticia.com.br/ (Foto original acervo Cláudio Luz)

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O império da Rede Globo começou a desmoronar

O império da Rede Globo começou a desmoronar

*Por r-tadeu | Na Mira do Regis - Não fiquei surpreso ao saber que o programa Tomara que Caia finalmente fez jus ao título e caiu fora da programação da Globo. Também não era para menos: um programa de “humor” completamente sem graça, contando com um elenco simplesmente horrível na hora de tentar fazer graça e um roteiro aparentemente escrito por uma equipe de debilóides com idade mental entre doze e quinze anos não poderia ser outra coisa senão um constrangimento só. Para piorar, o programa era uma cópia descarada do Quinta Categoria que rolava na MTV e de seu também clone É Tudo Improviso, apresentado na Band no ano seguinte. Para piorar, até mesmo alguns dos integrantes eram os mesmos - no caso, a turma da Companhia Barbixas de Humor.
O que me surpreende é ver como a Globo ainda não entendeu o que está acontecendo com a sua programação. Para mim, está muito claro: até mesmo os telespectadores realmente idiotas não aguentam mais ser tratados como… idiotas.

É totalmente indesculpável que uma emissora deste porte não tenha percebido que, mesmo dotada de imensos recursos em todas as áreas de produção e criação, ela vem patinando na audiência exatamente por ter optado por uma “popularização” de seu conteúdo no pior sentido do termo. Sua programação vem se transformado ao longo dos anos. E para pior.
Quem assiste a Globo nos dias de hoje e compara com o tipo de programação exibida 20, 30 anos atrás chega a uma conclusão: a emissora emburreceu junto com o seu público. Quase nada sobrou da proposta original, que era criar atrações com enorme conteúdo cultural em todas as áreas possíveis e imagináveis. Das novelas aos documentários, dos shows aos esportes, tudo era pensado minuciosamente, sem espaço para humor de 43ª categoria, sem improvisos indesejáveis. Hoje, já virou uma constante o fato de programas surgirem e desaparecerem depois de algumas semanas de exibição. Isto sem contar com programas que são criados apenas para acomodar seus contratados que eram sérios candidatos à “geladeira” ou que estavam encostados, como é o caso do horrendo É de Casa.
É óbvio que a competição com as novas plataformas de internet e até de celulares tem a sua parcela de culpa neste declínio da Globo, mas nada supera o desprezo para com a mediana capacidade cerebral do público. Aberrações como o Esquenta, apresentado da maneira mais falsamente alegra possível pela execrável Regina Casé, se repetem ao longo da grade da emissora com outros formatos e produções, mas no fundo se trata da mesma porcaria embalada com papéis diferentes. E pior: completamente desconectadas com a realidade que o País vive hoje em dia.
A Globo pensa no Brasil como um imenso “baile funk”. Está próximo o dia em que esta ‘festa’ vai terminar na delegacia…
Regis Tadeu é crítico musical, jurado do Programa Raul Gil, colunista/produtor/apresentador do portal do Yahoo, produtor/apresentador dos programas Rock Brazuca e Agente 93 na Rádio USP FM e foi Diretor de Redação/Editor das revistas Cover Guitarra, Cover Baixo e Batera.


segunda-feira, 9 de novembro de 2015

9 de novembro de 1964. O mundo perde Cecília Meireles

9 de novembro de 1964. O mundo perde Cecília Meireles
Fonte: Wikipédia
Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu na Tijuca, Rio de Janeiro, em 7 de novembro de 1901. Com apenas nove anos de idade, já começou a escrever poesias. Em 1913 ingressou na Escola Normal no Rio de Janeiro, e passou a estudar línguas, literatura, música, folclore e teoria educacional.
Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Publicou seu primeiro livro de poesias aos 19 anos, Espectros, um conjunto de sonetos simbolistas.

Atuou também como jornalista, com publicações diárias sobre problemas na educação, e em 1934 fundou a primeira biblioteca infantil do Brasil.
Cecília Meireles morreu no Rio de Janeiro, no dia 9 de novembro de 1964. Seu corpo foi velado no Ministério da Educação e Cultura. Em 1989 foi foi homenageada pelo Banco Central, com sua efígie na cédula de cem cruzados novos.
A BNDigital oferece aos pesquisadores e leitores, uma série de manuscritos de Cecília Meireles que podem ser consultados pela internet sem custo.
Veja alguns manuscritos: http://wp.me/p1XJcQ-1mJ

domingo, 8 de novembro de 2015

GUMERCINDO ROCHA DOREA

Editor que revelou Rubem Fonseca combatia comunismo para os EUA

Ouvir o texto
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Gravadas nas capas de livros, as iniciais GRD escondem o baiano Gumercindo Rocha Dorea, tão lendário quanto discreto. Primeiro editor dos escritores Rubem Fonseca, Nélida Piñon e Fausto Cunha, além de criador de um selo pioneiro de ficção científica, Gumercindo se dedica a uma nova tarefa, aos 91 anos: "Quero recuperar livros jogados de escanteio ou pela ignorância, ou pela boçalidade cultural, ou pelo desinteresse".
Perto de comemorar os 60 anos da Edições GRD, fundada em 1956, ele não desiste de correr atrás de livros, a julgar pela frequência com que interrompe as conversas para buscar uma obra rara ou esquecida, sempre arisco entre as pilhas de jornais e documentos espalhados em seu apartamento no bairro da Aclimação, em São Paulo.
A missão de nonagenário começou com "Fausto - Ensaio sobre o Problema do Ser" (1922), de Renato Almeida. O próximo será "Pascal e a Inquietação Moderna" (1924), do pensador católico Jackson de Figueiredo.
Bruno Santos/Folhapress
São Paulo, SP, BRASIL- 21-10-2015: O editor Gumercindo Rocha Dórea (91), da G.R.D., posa para foto em seu apartamento, no bairro Aclimação, Zona Sul de São Paulo. (Foto: Bruno Santos/ Folhapress) *** ILUSTRADA *** EXCLUSIVO FOLHA***
Criador da lendária Edições GRD, Gumercindo Dorea, em seu apartamento na Aclimação
A ausência de patrocínio o obrigou a adaptar-se a uma carpintaria caseira. Sua filha mais velha, Tera, digita os originais que são rodados em tiragens pequenuchas de 30 exemplares. O dinheiro das vendas é investido na publicação de outra obra. "A gente nasce com esse verme, com esse visgo, com esse vírus. Minha mãe (Emérita) era cronista e poeta. Eu cresci com sete irmãos. Somente eu herdei isso dela", ele conta.
Este semestre, organizou a coletânea "Existe um pensamento político brasileiro? Existe, sim, Raymundo Faoro: o Integralismo!", em que dez jovens intelectuais analisam o Manifesto Integralista de Outubro de 1932.
Queixa-se da marginalização da GRD e culpa o preconceito ideológico de jornalistas e acadêmicos contra seu passado integralista jamais renegado, pois continua a defender as ideias de Plínio Salgado, amigo e ex-editado. "Nunca alimentei ódio contra ninguém. Mas ódios se voltaram contra mim", lastima. "Quando comecei a lançar os grandes romances, não era nada com a revolução de 1964 ou com o integralismo, mas com o meu espírito de respeito à liberdade e à dignidade alheia. Eu lia, gostava, botava meu selo".
Nascido em Ilhéus (BA), em 4 de agosto de 1924, Gumercindo concluiu o ensino médio em Salvador. Meninote de oito anos, participava das atividades da Ação Integralista Brasileira (AIB), cujo legado protegeria mais tarde, tornando-se editor do líder Plínio Salgado. Residente no Rio de Janeiro desde 1944, ele fundou a GRD em 1956, com a edição de "Filosofia da linguagem", de Herbert Parentes Fortes. Formado em Direito, migrou para São Paulo no final dos anos 60. O baiano estima ter lançado cerca de 300 livros em seis décadas.
REVELAÇÃO DE RUBEM
A estreia de Rubem Fonseca, 90, talvez seja o maior orgulho profissional. No início da década de 60, o romancista baiano Adonias Filho apresentou Gumercindo ao general Golbery do Couto e Silva, na sede do Ipês (Instituto de Estudos e Pesquisas Sociais). Criada em 1962, congregando militares e empresários, a entidade promoveu uma campanha de desestabilização do governo João Goulart (1961-64).
Fonseca dirigia a área de estudos e divulgação de projetos. No artigo "Anotações de uma pequena história", publicado na Folha (27/03/1994), o escritor argumentou que integrava a "corrente democrática" do Ipês, contrária à "ruptura da ordem constitucional".
"No primeiro contato percebi que Rubem, que assessorava o general, não era de muita conversa. Aconteceu porém que a secretária de Rubem (Fernanda Gurjan) me informou ter ele alguns contos na gaveta. Em confiança, me emprestou os originais", recorda Gumercindo.
Convencido pela força das primeiras páginas, decidiu enviar o inédito para a gráfica da Revista dos Tribunais, em São Paulo. Não demorou a receber as provas de "Os prisioneiros". Fonseca esbravejou, deu palavrões, pediu uma semana para pensar, e finalmente impôs uma condição: a capa deveria ser feita pelo filho, Zeca, de 5 anos. "Qual é o problema? Já vou economizar, porque não pagarei a seu filho. Quem sabe não temos um Mozart brasileiro nas artes gráficas?", brincou o editor, que também lançaria "A coleira do cão" em 1965.
Contatado por meio de sua filha, Bia Corrêa do Lago, Rubem Fonseca aceitou falar sobre a experiência com a GRD. "Conheci o Gumercindo Dorea muito superficialmente e pouco posso falar sobre a sua personalidade. Sei que ele era honesto com aqueles que editava, como eu, Nélida Piñon, Gerardo Mello Mourão e outros. Foi importante para mim, e certamente para os demais escritores que citei, o fato de a GRD ter lançado os nossos livros. Eu logo fui procurado por editoras de maior prestígio. Lembro-me que ele gostava de editar livros de ficção científica", declarou à Folha, por e-mail.
"É o maior presente dos meus 91 anos", emociona-se Gumercindo, assinalando que este é o primeiro depoimento de Fonseca, avesso a entrevistas, sobre seu trabalho. Lamenta não possuir nenhum exemplar autografado pelo mais célebre ex-editado.
Rogerio Cassimiro/Folhapress
ORG XMIT: 403801_0.tif 04.05.05 - foto: Rogerio Cassimiro/Folhapress - ILUSTRADA - Gumercindo Rocha Dorea, primeiro editor de Rubem Fonseca, nos livros, A Coleira do Cao e Os Prisioneiros, cuja capa e do filho de Rubem que na epoca tinha 5 anos. Gumercindo foi fotografado em seu apartamento no bairro da Aclimacao, zona sul de SP
Os livros "A Coleira do Cão" e "Os Prisioneiros", de Rubem Fonseca, editados por Gumercindo Rocha Dorea
APOIO AMERICANO
O catálogo político da editora foi pesquisado pela doutora em História e professora da Universidade Federal da Bahia, Laura de Oliveira, que lançou este ano o livro "Guerra Fria e política editorial - A trajetória da Edições GRD e a campanha anticomunista dos Estados Unidos no Brasil (1956-1968)".
"Embora, quando da inauguração da GRD, a editora tenha se dedicado mais a textos de linguística e filologia, bem como à literatura de ficção científica, os temas eminentemente políticos não tardaram a aparecer", observa Laura. "Além da Enciclopédia do Integralismo, publicada em parceria com a LCB (Livraria Clássica Brasileira), a GRD publicou dezenas de livros de cunho político entre as décadas de 50 e 60, que tinham como tônica principal o anticomunismo".
"Esses livros ajudaram a constituir uma ambiência intelectual favorável ao golpe civil militar e à legitimação do regime instaurado a partir de 1964", avalia. Nas pesquisas, contabilizou 48 livros "traduzidos, editorados, impressos e distribuídos no Brasil com recursos do governo norte-americano, através da United States Information Agency, a USIA, que operava dentro da Embaixada dos Estados Unidos no Rio de Janeiro". O Ipês atuava, principalmente, na distribuição de obras como "Anatomia do comunismo", de Walter Kolarz (e outros), e "Cuba, nação independente ou satélite?", de Michel Aubry, ambos de 1963.
A professora ressalva que "mais de 60 editoras brasileiras publicaram livros com subsídios da USIA nos seus pelo menos 20 anos de atuação no país". A GRD virou uma parceira tímida dos americanos entre 1962 e 1968 - "as principais foram a Fundo de Cultura, a Record e a Lidador" -, mas "seu perfil editorial a colocou no centro do debate politico desencadeado no Brasil entre as décadas de 50 e 60. Cada editor tinha autonomia para escolher os livros que queria publicar, no interior de uma lista aprioristicamente elaborada pela agência norte-americana".
Gumercindo ainda não recebeu o livro e prefere não comentá-lo. Questionado, faz revelações sobre o período: "Com o que sobrava do dinheiro que eu recebia da aquisição pela embaixada (americana) dos volumes contratados, renovei a literatura brasileira publicando Rubem Fonseca, Nélida Piñon, Gerardo Mello Mourão, José Alcides Pinto, Marcos Santarrita, Samuel Rawet, Astrid Cabral, Fausto Cunha, Maria Alice Barroso e alguns que no momento me esqueço. Houve outros editores que enriqueceram (com o convênio). Não citarei nomes. A GRD não ficou rica". O Instituto Nacional do Livro o apoiava na mesma época.
O editor limita a influência do fundador do Ipês: "Do Golbery, acho que um ou dois livros, que ele me sugeriu, eu gostei e publiquei". Em 1964, estava ligado ao general e a Adonias Filho, eleito no ano seguinte para a cadeira 21 da Academia Brasileira de Letras.
"Eles nem sabiam, mas eu pertencia a um grupo de quatro pessoas de confiança da Marinha. Não conhecia os outros três. Cada um recebeu uma pistola. Nunca tinha usado nenhuma! Saí pela avenida Rio Branco e graças a Deus não aconteceu nada. Depois um oficial foi pegar de volta a pistola", relata. "Não tenho arrependimento de nenhum passo que dei em minha vida, salvo não saber ganhar dinheiro", diz Gumercindo, viúvo e pai de quatro filhos. Sobrevive com uma aposentadoria.
Apesar da militância integralista, garante que se dava "muito bem" com os comunistas e cita a amizade do romancista Jorge Amado, seu ex-adversário. "Houve uma época em que se ele me encontrasse na esquina, eu com uma pistola, ele com outra, o tiro pipocava. Começamos a ficar amigos depois da editora".
Em vez de aproximá-los, o golpe de 1964 provocou uma ruptura com o antigo aliado e criador do SNI (Serviço Nacional de Informações). "Adonias era candidato ao governo da Bahia em 1966, mas Golbery tirou o corpo e indicaram outro (Luiz Viana Filho). Adonias foi relegado", explica.
GARIMPOS
Pelo ineditismo, a "Antologia Brasileira de Ficção Científica" (1961) tornou-se um marco do gênero literário no país, reunindo André Carneiro, Antonio Olinto, Dinah Silveira de Queiroz, Fausto Cunha, Jerônymo Monteiro e Rubens Teixeira Scavone, entre outros. Despontava ali a "Geração GRD".
"Antes da atividade de Dorea, o gênero no Brasil era esporádico e inconstante, embora presente desde meados do século 19. Com a coleção Ficção Científica GRD, iniciada em 1958, a publicação constante e com obras de qualidade deu visibilidade ao gênero e sua escolha de temas (com a recorrência da guerra atômica) ajudou a caracterizar a Primeira Onda da Ficção Científica Brasileira (1957 a 1972)", reconhece o escritor Roberto de Sousa Causo. "Ele é o mais importante editor para a história da FC no Brasil". O americano Ray Bradbury seria incorporado ao catálogo.
A descoberta de pepitas literárias era o aspecto prazeroso de seu ofício, logo abalado pelas chateações nas livrarias. Gumercindo suava: "Eu mesmo fazia a apresentação de meu editado e normalmente deixava o livro em consignação. Afinal, quem era GRD frente aos grandes editores? O drama era receber o pagamento".
Uma de suas revelações veio do garimpo de Guimarães Rosa. "Ô Gumercindo! Tenho um bom livro pra você editar!", anunciou Rosa, na Biblioteca Nacional do Rio, antes de recomendar "Serras Azuis" (1961), de Geraldo França de Lima.
Há os arrependimentos, encabeçados pela rejeição ao primeiro romance de João Ubaldo Ribeiro, "Setembro não tem sentido", concluído em 1963 e somente lançado em 1968 pela José Álvaro. "Para ser sincero, ainda não gosto desse livro", admite. Um possível consolo é esquecido. A GRD publicou "Josefina", um dos primeiros contos de Ubaldo, na coletânea "Histórias da Bahia", naquele mesmo 1963.
PLÍNIO E INTEGRALISMO
Último lançamento da GRD, o livro "Existe um pensamento político brasileiro?" traz um "Recado" de Gumercindo Rocha Dorea ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, apontado como caluniador do integralismo. O editor refuta as teses historiográficas sobre a aproximação de Plínio Salgado com as ideias nazi-fascistas na Europa.
"Foi, com incontida revolta interior, que tive o desprazer de adquirir os dois últimos volumes de sua autoria ("O improvável presidente do Brasil" e "Pensadores que inventaram o Brasil"), um com Brian Winter, onde estão repetidas velhas e surradas calúnias contra o Integralismo e seus seguidores. Mais lamentável ainda por ter sido forjado o livro para 'deleite' de Bill Clinton e de alguns possíveis leitores da grande república americana", atacou o editor.
No ensaio "Fotógrafo amador", a respeito de Paulo Prado (autor do clássico Retrato do Brasil - Ensaio sobre a tristeza brasileira), FHC criticou o "desvio fascistizante do verde-amarelismo, que chegou a ser ridículo e falso, como em Plínio Salgado".
Nascida de um encontro não mais que ameno, a amizade com o líder integralista originaria uma parte relevante de suas aventuras editoriais. "Plínio Salgado havia retornado do exílio (1939-1945) e não era fácil chegar até ele. De longe é que podíamos vislumbrar a sua figura, desde o momento em que foi realizado um encontro de jovens, e eu estava presente. Éramos um grupo razoável, de 40 ou 50 assistentes. E o papo foi longo, eles nos falou sobre o exílio, principalmente, acentuando o quanto esperava, em seu retorno, da juventude brasileira", relembra Gumercindo.
Anos mais tarde, entrou com um pequeno grupo no elevador do prédio de Salgado, no Rio. O líder integralista perguntou "quem era Gumercindo", afirmando que o poeta Augusto Frederico Schmidt queria conhecê-lo, pois gostara de um artigo no semanário "Idade Nova". Surpreso com a presença de Gumercindo naquele metro quadrado, determinou à mulher, Carmela Patti Salgado, que marcasse um jantar.
"A surpresa tinha razão de ser: eu não era frequentador assíduo de sua residência e tinha ido ali buscar a colaboração dele para o semanário 'Idade Nova', onde o meu artigo sobre Schmidt fora publicado... Não consigo me esquecer a pronúncia caipira que ele jamais perdeu, com o 'r' bem acentuado", descreve. "Este foi o primeiro contato direto que tivemos e que se aprofundou longamente através dos anos - até a sua morte (em 1975). Já tinha lido todas as suas obras, publicadas até aquele momento, tanto as literárias, quanto as políticas e as religiosas".
Gumercindo coordenou os "Discursos parlamentares" do mentor integralista. Pela GRD, editou "A quarta humanidade" e "Vida de Jesus", além de incluí-lo na "Enciclopédia do Integralismo", associado à Livraria Clássica Brasileira. Um quadro de Plínio Salgado permanece na sala de seu apartamento.
Ex-integralistas, Abdias do Nascimento ("O negro revoltado"), Miguel Reale ("Variações") e Gerardo Mello Mourão ("O valete de espadas") foram editados pela GRD. Dos tempos verdes, não se esquece da zanga dos companheiros do Rio Grande do Norte com as baforadas do folclorista Câmara Cascudo. "Deixem-me fumar um charuto, senão vou embora", ameaçava o escritor nas reuniões.
Leitor de clássicos e contemporâneos, Gumercindo não identifica inovações recentes na literatura brasileira. "Comparando com os que lancei, por exemplo. Qual contista ombreia o Rubem dos dois primeiros livros? Qual poeta hoje se equipara a Gerardo Mello Mourão? Qual romancista se equipara a Nélida? Há um Samuel Rawet? José Alcides Pinto? Não tem".
Na mesa de sua sala, os pratos são encaixados nos pequenos clarões dos recortes de jornais. Gumercindo ainda cozinha, lava a própria louça e se vira no café. Em um dos seis encontros entre 2014 e 2015, encomendou uma feijoada no restaurante vizinho, sem rejeitar o acompanhamento de uma cerveja. "Não repare. É a casa de um homem desorganizado", advertiu.
Dias antes havia relido "As minas de prata", de José de Alencar. "Fiquei uma semana voltado pra isso, e pensei: o que está acontecendo? A juventude de hoje nem sabe que existe uma obra como esta. As editoras não têm interesse. E, no entanto, é excepcional". É com fascínio que insiste: "Se eu tivesse dinheiro, ia mostrar a essa gente o que é editar livros num país que tem fome". 

sábado, 7 de novembro de 2015

Entenda por que Lula não será preso pela PF

LULA MARQUES: <p>Brasília- DF 05-11-2015 Foto Lula Marques/Agência PT Ex- Presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa da 5º Conferência nacional de segurança alimentar e nutricional.</p>
Por mais pixulecos que apareçam nos céus do Brasil; por mais que as capas das revistas semanais o vistam de presidiário; por mais que fanáticos do caos queiram a sua cabeça; por mais que brasileiros sem alma tencionem comemorar esse dia tudo indica que Lula não será preso.
   Por mais que falem dele... por mais que digam que ele é amigo de quem foi preso... ou próximo a delatores... que teria ordenado isso ou aquilo... nada disso incrimina alguém.
   É boato. É fofoca.
   Dizer que o Lula ficou milionário. Tudo bem. Mas ficou milionário proferindo palestras. Se as empresas concordaram em pagar uma grana preta pelas palestras problema das empresas. Ele não as obrigou a contratá-lo. Fez as palestras, recebeu, pagou impostos, fim de papo.
   Não são “consultorias”. São palestras.
   Ah, mas ele viajou com sicrano... viajou com fulano... mas onde está escrito que é proibido viajar? Onde estão as provas de algum crime cometido nas viagens?
   O que poderia incriminar Lula seria uma conta em seu nome na Suíça, que não há – se houvesse já teriam descoberto.
   O que poderia incriminar Lula era algum papel comprometedor com sua assinatura – que não existe, se existisse a Veja já teria dado.
   O que poderia incriminar Lula era algum grampo telefônico no qual ele disse “manda aquela grana, pô” que também não existe, se não já teriam publicado.
   Ah, mas a empresa do seu filho recebeu de uma empresa suspeita... Mas tem algum papel dizendo que foi Lula quem mandou depositar?
   Ah, mas fulano disse que era para dar dois milhões para a nora do Lula... e onde está o bilhete com a assinatura do Lula mandando dar os dois milhões?
   Sem papel, sem assinatura, sem grampo não vai ter como prender o Lula.
   Quem não gosta dele não vota nele em 2018. E estamos conversados.