quinta-feira, 29 de outubro de 2015

A POESIA DE CLÁUDIO LUZ - Quando sol se põe

Quando sol se põe

Eu posso iluminar os seus sonhos
Em preto e branco ou a cores talvez em 4D
Preenchendo assim a razão das nossas existências
De nossas vidas.
Não deixe o sol se pôr em mim
Vem com sua impetuosidade
Entrelaça os seus dedos nos meus
Cria uma nova vida abolindo os momentos de solidão
Que nos tragava para o infinito eterno,
Ainda somos vidas longas e férteis.
Aponta-me o caminho romântico correto
Precisamos de amor cúmplice e ardente
Para observar deitados nas relvas dos lagos o Sol se pôr...
Não deixe que as águas empreendam fugas
Trazendo a aridez que nos atormentava no passado,
É sempre bom quando olhamos na mesma direção
Construindo um novo tempo sem desilusões.
Vamos juntar os fragmentos das nossas vidas
Que enfim nos torne livres
Para observar a nova aurora que renascerá
Iluminando o prazer de estarmos juntos
Empreendendo um novo tempo de amor
E cumplicidades sem fim.
Seremos cúmplices mais uma vez
Cultivando as flores que enfeitarão a nossa caminhada
Até o próximo pôr do Sol
Que iluminará os nossos corpos nas noites ardentes
Do próximo verão...
Cláudio Luz

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

'Fernão Capelo Gaivota' tem nova edição com capa dura e trecho

'Fernão Capelo Gaivota' tem nova edição com capa dura e trecho
Inédito da Livraria da Folha
Nova edição de clássico infantojuvenil traz capa dura e um trecho inédito

No 
livro, que conta com as fotografias de Russell Munson, Fernão acredita que voar vai além da necessidade de buscar alimentos ou lutar por uma melhor posição hierárquica no bando. Assim, naturalmente isolado, ele é rejeitado e mal visto pelas demais gaivotas. O que para os outros pássaros é motivo de vergonha, para Fernão é uma oportunidade de evoluir ainda mais. Ser diferente faz dele uma gaivota extraordinária. Fernão Capelo não queria voar para viver e sim viver para voar.Richard Bach já era ex-piloto da Força Aérea quando, em um momento de inspiração, surgiu em sua cabeça a história de uma gaivota que queria voar cada vez mais alto e mais rápido. "Fernão Capelo Gaivota"ganhou uma grande repercussão e se tornou uma das obras mais populares e importantes das últimas décadas.
nova edição publicada pela Record inclui uma inédita quarta parte. Após sofrer um acidente de avião em 2012 e passar quatro meses no hospital, Richard Bach decidiu que era o momento de compartilhar o desfecho de seu trabalho e ensinar a seus leitores como fazer suas vidas valerem mais a pena.
A magia de "Fernão Capelo Gaivota" é interpretá-lo. Na obra, o autor usa as metáforas para proporcionar um infinito aprendizado entre reflexões sobre o mundo e as escolhas ao longo da vida. Trata-se de uma fábula ecomendada para crianças, mas que sempre foi apreciada também pelos adultos.
*

FERNÃO CAPELO GAIVOTA
AUTOR Richard Bach
EDITORA Record
QUANTO R$ 26,10 (preço promocional*)

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

102 ANOS DE MÚSICA E POEMAS DE VINICIUS DE MORAES

102 ANOS DE MÚSICA E POEMAS DE VINICIUS DE MORAES
Por Mateus Calheiros - Palmas e aplausos para o poetinha! Não só por ser seu aniversário, mas por todos os seus sonetos e músicas que escreveu durante sua passagem pela Terra. 102 primaveras de um dos maiores boêmios – e escritor nas horas vagas – do Rio e do Brasil merecem uma comemoração honrosa, né?
Vinicius era polivalente, jogava em todas as posições no campo. Durante sua vida, foi diplomata, dramaturgo, jornalista, além de um grande autor de poesias e canções. Porém, sua posição inicial era de advogado, formado na Faculdade Nacional de Direito. Foi inclusive no seu último ano na universidade que lançou seu primeiro livro, “O Caminho para a Distância”.
Entretanto, vamos direto ao ponto: quando Vinicius era diplomata em Roma, frequentou a casa de um grande artista brasileiro, o escritor Sérgio Buarque de Holanda. Aliás, ele tinha grandes amigos na área literária. Carlos Drummond de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Mário de Andrade e Cecília Meireles eram outros poetas que tinham uma afinidade com o nosso aniversariante.
Quantas parcerias boas o poetinha fez na sua passagem pela Terra, hein? Logo no início dos anos 1960, ele fez outras parcerias que ficariam marcadas para sempre na nossa cultura. Dessa vez, os privilegiados foram grandes astros da música. Nesse contexto, surge um dos legados de Vinicius de Moraes: a bossa nova.
João Gilberto, Baden Powell, Tom Jobim, Miúcha, Chico Buarque. Todos com sorte de serem amigos e parceiros musicas de Vinicius, que compôs diversas músicas para eles e mais outros diversos cantores da época.
Óbvio que não vamos terminar este texto sem citar Garota de Ipanema, né? Uma das músicas brasileiras de mais sucesso lá fora, e, digo mais: uma das músicas de mais sucesso de toda a história. Qualquer gringo conhece a declaração amorosa que Vinicius e Tom Jobim fizeram para Helô Pinheiro e depois gravaram.
Morreu um dia depois de visitar outro grande amigo seu, Toquinho, para falar sobre um disco no qual o cantor de “Aquarela” estava produzindo. Morreu, mas não nos deixou. Enquanto seus sonetos e músicas permanecerem vivas, Vinicius de Moraes continuará aceso, como seus charutos que tanto amava.
“O uísque é o melhor amigo do homem: é um cachorro engarrafado
HTTP://BRASILEIRISSIMOS.XPG.UOL.COM.BR/

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Poetas renascidos

Poetas renascidos
*Para Águia Dourada
Quando os seus versos escorrem como
Água em rios caudalosos, o meu coração
Pulsa aceleradamente trazendo-me de volta a vida
Que emana de ti.
Ah! Doces versos que me embriaga
Nas tardes que transcende o meu querer viver
Entre a sensibilidade distante que nos alimenta
E o passado que aflora tornando renascidos os sonhos
Que nos alimentou no período de escuridão
Somos poetas renascidos assim como a Fênix
Exaltando em versos o querer bem e o amar sem fronteiras.
Somos poetas alimentados pelas sensíveis inspirações
Que florescem através dos devaneios sublimes
Que tem a forma de uma Rosa, que não é cálida.


Cláudio Luz
 

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Belle de Jour

Belle de Jour


Olhar de Tigresa
Insinuando que não me quer mais,
No inicio da manhã, no fim de tarde, prenuncio da noite.
Apela na distância, em versos poéticos,
Sussurrando, vem, abraça-me até sufocar.
Olhar de estrela
Brilhando no firmamento cósmico,
Confessa ainda querer mais e mais, apesar da distância que o tempo faz, as
Lembranças afloram como flores primaveris.
Olhar no horizonte
Recorda o passado sempre presente,
Lembrando dos momentos furtivos, dos beijos roubados,
Das juras secretas e das inspirações poéticas
Duelávamos entre versos e reversos; eterna  inocência,
E um dia partiu, sem despedidas, não mais se viu...
Só a poesia resistiu no tempo, no espaço, e hoje e sempre será...
Olhar de saudade
Observa o leito vazio, sinto teu cheiro, teu toque sutil; mãos de menina Moça, se fazendo mulher...
Envolve-se nos lençóis, desalinho teus cabelos e naturalmente...
Entrega-me... É mais um devaneio!
Jamais, é o meu sonho que se repete a cada dia...
Perco-me, me desfaço e logo me refaço...
Eis que no futuro um dia tu vens...
Recorda as lembranças, acaricia as lágrimas, afaga-me nos meus íntimos desejos...
Outrora solidão que me acompanhava e que alimenta o seu ser em mim.
Olhar de gata selvagem... Devora-me...
Volta, e no apelo... Não se vá... Volta vem pra mim...
Vamos de mãos dadas correr como crianças...
Rir da vida sem pensar em despedida...
Vamos fingir que jamais existiu distancia...
Que um dia ousou nos separar.
Vem...
Olhar no meu olhar...
Entregar-se aos abraços...
Beijos calientes,
Coração com coração...
Celebrar o momento sublime, sentindo a brisa,
No compasso do mar, mergulhar...
Tendo como testemunha o luar.


Cláudio da Luz e Águia Dourada

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Yoko Ono revela que John Lennon era bissexual


Yoko Ono revela que John Lennon era bissexual

Trinta e cinco anos após a morte do beatle John Lennon, Yoko Ono falou abertamente em entrevista ao portal americano The Daily Beast sobre a sexualidade do marido e o medo que ainda sente de seu assassino, o atirador David Chapman. Sanando a curiosidade que o mundo tinha sobre a orientação sexual de Lennon, Yoko nega o forte boato que ele teve relações sexuais com o produtor dos Beatles, Brian Epstein. “Ele me contou que poderia ter tido, mas não teve porque não achava Brian tão bonito assim”, disse Ono. Ela contou que apesar de interessado, John não chegou a fazer sexo com outros homens porque para ele, os parceiros deveriam ser, além de muito atraentes, mentalmente avançados e isso é difícil de encontrar. “Tanto o John quanto eu éramos muito ligados a beleza”, conclui. Em longas conversas que tinham, John dizia que todos eram bissexuais, mas não o são porque são inibidos pela sociedade. “Ele dizia que nós tendemos a esconder o lado não aceito socialmente”. Quando questionada sobre sua sexualidade, Yoko diz que não se considera realmente atraída por mulheres e nunca teve relações, realmente sexuais, com outras mulheres.
A artista, de 85 anos, ainda mora na casa em que Lennon foi assassinado. Segundo ela, a lembrança ruim é apenas uma, enquanto as boas são várias. “Eu não me mudaria daqui. É como se ainda sentisse Lennon neste apartamento”, disse. Sobre a possível liberação de David Chapman, o assassino de Lennon da cadeia, a artista se mostra enfaticamente contra a decisão. “O que eu penso é que se ele fez uma vez, pode fazer de novo. Pode fazer contra mim, contra Sean (filho do casal), ou contra qualquer pessoa”, disse. Yoko tem sempre seguranças particulares e diz que se sente como um animal caçado o tempo todo e tem muito cuidado nas ruas e dentro de casa. “É muito difícil para mim pensar sobre Chapman principalmente porque ele não acredita que o que fez foi errado. É loucura!”. Yoko Ono conta que na juventude usou muitas drogas e fumou bastante. “Eu odeio maconha. Nunca quis fumar, mas em um local com pessoas passando em roda, você só pega e finge que gosta”, disse. Sendo honesta, a artista contou que gostava de ácido, mas como é forte, não é algo que se usava todos os dias. Hoje, Yoko Ono não usa nenhum tipo de drogas. Segundo ela, o intuito é se desintoxicar e se manter o mais saudável possível. (EM)

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Playboy deixará de publicar fotos de mulheres nuas, diz NYT

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Agora os leitores da Playboy poderão dizer com sinceridade que compram a revista apenas por causa dos artigos. A revista masculina deixará de publicar fotos de mulheres nuas, informou o New York Times na segunda-feira (12), em uma reportagem que tem como fonte o presidente-executivo da empresa, Scott Flanders. O fundador e editor-chefe Hugh Hefner, de 89 anos, que encarnou o estilo de vida da Playboy em seu pijama de seda, concordou no mês passado com uma sugestão do principal editor, Cory Jones, de parar de publicar imagens de mulheres nuas, disse o Times. Em uma época em que todo adolescente tem um telefone conectado à Internet e a web está repleta de pornografia, a revista optou por continuar apresentando as mulheres em poses apenas provocantes, e não completamente nuas, disse o Times. Segundo o Times, a revista, que contou com Marilyn Monroe em sua capa de estreia, em 1953, está fazendo as mudanças após a circulação cair de 5,6 milhões de exemplares em 1975 para cerca de 800 mil agora. Após seu sucesso inicial, a Playboy foi atacada pela direita por causa da nudez e pela esquerda por feministas que a acusavam de reduzir as mulheres a objetos sexuais. Algumas mudanças ainda estão em debate, incluindo a manutenção ou não de uma foto de mulher em página dupla central. A colunista de sexo da revista Playboy será uma mulher, que escreve com entusiasmo sobre sexo, disse Jones ao Times. A revista sempre teve apelo intelectual e contou com grandes escritores. Entrevistas em profundidade com figuras históricas, como Fidel Castro, Martin Luther King Jr., Malcolm X e John Lennon também eram uma característica regular. (Reuters)

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Dilma perdeu, mas ganhou

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Essa decisão do TCU de reprovar as contas do governo Dilma de 2014 me lembra duas expressões sobejamente conhecidas: "a montanha pariu um rato" e "muito barulho por nada", título em português de uma das comédias mais populares de William Shakespeare.
Durante pelo menos os últimos três meses fomos bombardeados por manchetes apocalípticas, embasadas principalmente nos pronunciamentos soturnos do relator Augusto Nardes apregoando uma tragédia grega: as contas do governo seriam reprovadas e isso queria dizer mais ou menos o fim do mundo. O pecado ficou nacionalmente conhecido como "pedaladas fiscais".
O clima esquentou ainda mais quando ministros de Dilma estragaram o último domingo dos brasileiros com um "breaking news" em que anunciaram a batalha final contra o TCU: delenda Nardes!
É claro que a única coisa que eles conseguiram foi criar mais pânico: se ministros resolvem interromper sua trégua dominical para ir à televisão fazer um comunicado é porque alguma coisa muito grave está para acontecer.
Os dois dias seguintes, como era esperado, foram de bate-boca entre as partes e seus respectivos adeptos. Exatamente como às vésperas de uma disputa do título mundial de boxe.
Ontem, na super-quarta, saiu o veredicto: as contas do governo foram derrotadas por 8 a 0. Uma goleada! As manchetes dos jornais de hoje se esgoelam em alardear que foi a primeira vez que isso acontece desde Getúlio em 1937.
Note-se que Getúlio não caiu por causa disso. Ao contrário, ele é que deu o golpe em 37. Mas a manchete não se preocupou (nem haveria espaço) em dizer isso aí.
Cabe lembrar que tais manchetes garrafais não significam, ao meu ver, que a imprensa quer derrubar Dilma nem aposta no quanto pior, melhor. Prefiro pensar que a imprensa tende a exagerar por sua própria natureza, ela precisa vender o seu peixe.
A manchete tem que gritar, se é que vocês me entendem. Ninguém vai comprar uma manchete morna: "As contas foram reprovadas, mas isso não quer dizer nada". A manchete tem que ser trágica: "Desde Getúlio isso não acontece". (Os incautos poderão pensar que foi essa a causa do suicídio, sem atentar para o abismo entre as datas.)
Não digo isso como crítica à imprensa. É aquela coisa de o uso do cachimbo fazer a boca torta. O jornalista, desde a sua tenra infância, é estimulado a dar o furo, a antecipar uma bomba, a revelar em primeira mão. Ele é estimulado a traduzir a realidade num tom acima.
Hoje, no day after, em meio ao rescaldo, nas páginas internas, os jornais explicam o que vai acontecer agora: nada.
A decisão e as contas serão encaminhadas a uma comissão da Câmara dos Deputados para análise por no mínimo 80 dias.
Dando de barato que dezembro é um mês morto e janeiro tem recesso, essa análise vai ser concluída somente em 2016.
Depois disso, as conclusões voam para os escaninhos de Renan Calheiros. E dos escaninhos de Renan irão diretamente para a gaveta, imagino eu. Deve ser esse o desfecho da ópera bufa.
E por que Renan vai engavetar o documento? Primeiro porque ele tem sido o mais fiel aliado do governo de alguns meses para cá. Segundo, porque as pedaladas fiscais são muito discutíveis. In dubio, pro reu. Terceiro, porque Renan não aposta no quanto pior melhor.
Mesmo tendo perdido por goleada, o governo venceu essa batalha.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

O triste fim de Edgar Allan Poe


“Estimado senhor – Há um cavalheiro, muito mal vestido, no 4º distrito de Ryan, que se chama Edgar A. Poe e que aparenta estar muito angustiado e ele afirma que é conhecido seu, e eu lhe asseguro, ele está necessitando de assistência imediata. Apressadamente, Jos. W. Walker.”
A carta acima foi redigida às pressas por Joseph W. Walker e enviada ao Dr. Joseph E. Snodgrass no dia 3 de outubro de 1849. Assim que recebeu o recado, o médico rapidamente cruzou a cidade de Baltimore e se dirigiu à Ryan´s Tavern, também chamada de Gunner´s Hall (Salão do atirador) e resgatou o confuso e perdido Edgar Allan Poe. Em seu relatório médico, o Dr. Snodgrass descreveu o estado do paciente como “repulsivo” e relatou que ele tinha o cabelo despenteado, gasto, o rosto não estava lavado e os olhos eram “vazios e sem brilho”. Estava vestido com uma camisa suja, sem terno, os sapatos estavam gastos e sem lustro e não eram do seu tamanho.
Poe foi levado ao hospital da Universidade Washington, onde foi tratado pelo Dr. John J. Moran que deu uma descrição ainda mais detalhada da roupa do recém chegado: “Uma velha e manchada jaqueta, calças em um estado similar, um par de sapatos gastos com as solas gastas, e um velho chapéu de palha”. A descrição revela que Poe se encontrava em situação pobre e desesperada e que, provavelmente, vestia trajes que não eram seus.
Quatro dias após ter sido encontrado, no amanhecer do dia 7 de outubro de 1849, Edgar Allan Poe faleceu aos 40 anos, sem que ninguém soubesse exatamente a causa de sua morte. Alcoolismo aliado à depressão, problemas cardíacos, cólera, raiva, hipoglicemia, sífilis e até assassinato estão entre as possibilidades. Mas nenhum de seus biógrafos chegou a uma versão conclusiva. Certo mesmo é que a vida (e a literatura) do brilhante Edgar Allan Poe sempre foi cercada de mistério e morte.
“Eu olhei; e o vulto invisível, que ainda segurava meu pulso, tinha exposto ao ar livre, abertas, todas as sepulturas da humanidade; e de cada uma emanava a fina radiância fosfórica da decomposição, e eu podia enxergar os recessos mais escondidos, e vi os corpos amortalhados no descanso triste e solene que compartilhavam com o verme.” (Do conto O sepultamento prematuro no livro O escaravelho de ouro e outras histórias)
Ficou com vontade de ler Edgar Allan Poe? Nossas sugestões são, além de O escaravelho de ouro e outras históriasAssassinatos na Rua MorgueA carta roubada O relato de Arthur Gordon Pym.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Crime ecológico abala a Confraria do Berimbau – culpados serão punidos, diz Secretário Plenipotenciário

Crime ecológico abala a Confraria do Berimbau – culpados serão punidos, diz Secretário Plenipotenciário

Walmir Rosário
O local ensolarado pela falta do pé de abiu chama a atenção
www.confrariadoaltobecodofuxico.blogspot.com.br - Por falta do que fazer não era, mesmo assim pouquíssimos membros da Confraria do Berimbau percebiam o pé de Abiu (Pouteria caimito), frondosa árvore frutífera da família Sapotaceae, ao lado das mesas do Berimbau. No mínimo, acreditavam que plantas, com suas raízes e folhas teriam importância e serventia era do lado de dentro do balcão, mais exatamente no interior daqueles litros e garrafas conhecidas como “folhas podres”.

E olha que a sombra do galhardo abieiro refrescava – e muito – os sábados ensolarados em que costumeiramente se consumiam – e consomem – cervejas, cachaças e o deliciosos tira-gostos. Por falar em comida, no Berimbau é Lei: bebeu tem que comer. E a organização interna prescreve que no primeiro sábado do mês, o cardápio é o tradicional mal-assado, já nos seguintes, fica a cargo dos confrades que submetem à diretoria o prato que deverão levar.

Mas, e o crime? Qual foi? Quem cometeu? Pois é, o fiel e prestimoso pé de abiu teve um fim trágico, sem direito a julgamento. Foi condenado e executado sem defesa...quer dizer, até teve, mas sem fôlego. Pior, ainda, sem ser velado. Certeiros golpes de machado e virou lenha, deve ter ardido num forno de uma dessas padarias ou pizzarias da cidade.

Pior, foi derrubado por engano. Jura, Zé do Gás, que jamais cometeria uma atrocidade desta com o abieiro plantado com todo cuidado e carinho pelo estimado sogro Neném de Argemiro. Além do mais, foi transformado em árvore de estimação pela sogra Terezinha Sarmento, transmitida em testamento para a esposa Vera.

Deus me livre de uma blasfêmia dessas”, jura Zé do Gás, imputando toda a culpa ao contratado para derrubar um toco que restava no quintal, sobra de uma árvore, esta, sim sem serventia e que ainda atrapalhava a expansão das atividades da Confraria do Berimbau. Até mesmo o padeiro – que nada tinha a ver com o feito – não acreditou quando percebeu as primeiras machadadas certeiras o inocente abieiro
 
Mas nem todo o valor sentimental da família Sarmento e dos membros da Confraria do Berimbau foram suficientes para conter o tresloucado gesto do insensível machadeiro. Foram cerca de 10 cortes de machado em cada lado e o abieiro, considerado um membro da família veio abaixo. Sem dó nem compaixão.

Mas o pior ainda estava por vir. Bastou dona Terezinha vislumbrar a grande claridade deixada pela ausência do abieiro para se dar conta de crime cometido. Imediatamente, convocou os membros da família para cobrar a autoria do crime, pois, afinal, o exemplo começa em casa. Enquanto a filha Vera negava peremptoriamente qualquer participação do hediondo crime ambiental, Zé do Gás se desculpava sob o argumento de que se encontrava nos “braços de Morfeu”, como se fosse possível se encontrar em pleno sono num momento delicado dessa magnitude.

Pela leis do Berimbau, o crime ambiental será levado à apreciação do Secretário Plenipotenciário, que deverá abrir uma investigação para apurar as responsabilidades. Uma das linhas de investigação apontou que o abieiro teria sido abatido para dar lugar à construção de um mictório para os confrades e uma churrasqueira, conforme projeto elaborado pelo engenheiro de Minas, Gilbertão.

De antemão, ficou convocado o engenheiro agrônomo José Alves, especialista em paus e madeiras, que deverá prestar compromisso e restabelecer a vegetação original.

Justiça será feita, doa em quem doer”, falou do alto de sua autoridade o Secretário Plenipotenciário de O Berimbau.