Um paralelo entre o clássico do “Pequeno Príncipe” e as palavras de Papa Wojtyla
Publicado pela primeira vez em 1943, ‘O Pequeno Príncipe’, apesar de destinado ao público infantil, se tornou um clássico para todas as idades.
O livro narra o encontro de um piloto
de avião com um menino, habitante de um asteroide, que viaja pelo universo. Com
diálogos cheios de reflexões, a obra tem como um dos temas centrais o valor da
amizade.
“Quero o bem para ti, como o quero para
mim” é a fórmula que poderia definir a amizade, segundo Karol Wojtyla em sua
obra “Amor e Responsabilidade”.
Para ele, a amizade “consiste num
compromisso da vontade a respeito de outra pessoa, em atenção ao seu bem”. É um
processo que exige “reflexão e tempo”. O autor difere a amizade da camaradagem,
e ressalta que colegas/camaradas podem ser muitos, enquanto amigos pertencem a
um grupo mais seleto.
“Foi o tempo que perdestes com a tua
rosa que a fez tão importante”, diz a raposa ao menino. Para Wojtyla, esse é o
primeiro ponto: o compromisso da vontade.
O principezinho compreende que a rosa
era diferente de todas as outras por simplesmente ser ela. Ele poderia olhar
para muitas outras, mas a sua era única. Mesmo as suas falhas, queixas e
vaidades não a diminuíram. Ela era irrepetível. Isso lhe motivava a se
determinar por ela, e a amá-la de forma concreta, lhe dedicando o seu
tempo.
Uma amizade verdadeira se inicia quando
os amigos se entendem como pessoas únicas e irrepetíveis, dignas de um
compromisso da vontade, de uma determinação, justamente por serem quem
são.
O amigo é aquele que é capaz desse
olhar diferente: consegue contemplar o mistério da pessoa, e por isso não quer
“desperdiçar” o outro. Entende bem a máxima de Jesus: "Ninguém tem maior
amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos (cf. Jo
15,13)."
Mas não basta a determinação, é
necessário ter em vista qual é a sua finalidade: segundo Wojtyla, a atenção ao
bem do amigo.
Qual é o bem supremo pelo qual ansiamos com todo o
nosso coração?
O próprio Deus.
O verdadeiro amigo deseja ao outro a
comunhão com a Trindade, e luta para que a encontre. A verdadeira amizade tem
como maior preocupação a salvação e santificação dos amigos. Isso se dá porque
se possui a compreensão de que o amigo é alguém único, criado para o amor e de
quem sou responsável pelo dom que é e que a mim foi confiado.
Aqui está o terceiro ponto fundamental:
a responsabilidade.
“Tu te tornas eternamente responsável
por aquilo que cativas. Tu és responsável pela tua rosa...”. De início esta
frase pode assustar e parecer coercitiva. Mas, Wojtyla nos explica que todo ato
de amor implica responsabilidade. Se amamos, somos responsáveis, chamados a
criar a “consciência do dom recebido, que deve ser guardado”.
Diante dos nossos amigos não podemos
ter uma compreensão diferente. Aquele que está diante de mim não é algo, mas
alguém. Alguém que carrega um mistério, incomunicável, que nem ele entende
plenamente, e que deve ser reverenciado ao ser amado, ou seja, em um
compromisso da vontade que visa o seu bem
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