sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Um paralelo entre o clássico do “Pequeno Príncipe” e as palavras de Papa Wojtyla

Um paralelo entre o clássico do “Pequeno Príncipe” e as palavras de Papa Wojtyla



Publicado pela primeira vez em 1943, ‘O Pequeno Príncipe’, apesar de destinado ao público infantil, se tornou um clássico para todas as idades.

O livro narra o encontro de um piloto de avião com um menino, habitante de um asteroide, que viaja pelo universo. Com diálogos cheios de reflexões, a obra tem como um dos temas centrais o valor da amizade. 

“Quero o bem para ti, como o quero para mim” é a fórmula que poderia definir a amizade, segundo Karol Wojtyla em sua obra “Amor e Responsabilidade”.

Para ele, a amizade “consiste num compromisso da vontade a respeito de outra pessoa, em atenção ao seu bem”. É um processo que exige “reflexão e tempo”. O autor difere a amizade da camaradagem, e ressalta que colegas/camaradas podem ser muitos, enquanto amigos pertencem a um grupo mais seleto.

“Foi o tempo que perdestes com a tua rosa que a fez tão importante”, diz a raposa ao menino. Para Wojtyla, esse é o primeiro ponto: o compromisso da vontade. 

O principezinho compreende que a rosa era diferente de todas as outras por simplesmente ser ela. Ele poderia olhar para muitas outras, mas a sua era única. Mesmo as suas falhas, queixas e vaidades não a diminuíram. Ela era irrepetível. Isso lhe motivava a se determinar por ela, e a amá-la de forma concreta, lhe dedicando o seu tempo. 

Uma amizade verdadeira se inicia quando os amigos se entendem como pessoas únicas e irrepetíveis, dignas de um compromisso da vontade, de uma determinação, justamente por serem quem são. 

O amigo é aquele que é capaz desse olhar diferente: consegue contemplar o mistério da pessoa, e por isso não quer “desperdiçar” o outro. Entende bem a máxima de Jesus: "Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos (cf. Jo 15,13)." 

Mas não basta a determinação, é necessário ter em vista qual é a sua finalidade: segundo Wojtyla, a atenção ao bem do amigo. 

Qual é o bem supremo pelo qual ansiamos com todo o nosso coração?

O próprio Deus. 

O verdadeiro amigo deseja ao outro a comunhão com a Trindade, e luta para que a encontre. A verdadeira amizade tem como maior preocupação a salvação e santificação dos amigos. Isso se dá porque se possui a compreensão de que o amigo é alguém único, criado para o amor e de quem sou responsável pelo dom que é e que a mim foi confiado. 

Aqui está o terceiro ponto fundamental: a responsabilidade. 

“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela tua rosa...”. De início esta frase pode assustar e parecer coercitiva. Mas, Wojtyla nos explica que todo ato de amor implica responsabilidade. Se amamos, somos responsáveis, chamados a criar a “consciência do dom recebido, que deve ser guardado”. 

Diante dos nossos amigos não podemos ter uma compreensão diferente. Aquele que está diante de mim não é algo, mas alguém. Alguém que carrega um mistério, incomunicável, que nem ele entende plenamente, e que deve ser reverenciado ao ser amado, ou seja, em um compromisso da vontade que visa o seu bem

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