sexta-feira, 20 de setembro de 2024

COMER BEM COM OS OLHOS E ENCHER A BARRIGA

 

COMER BEM COM OS OLHOS E ENCHER A BARRIGA

Comida de "sustança", apropriada para um domingo

 Por Walmir Rosário

Uma recomendação que sempre dou a um amigo é que procure comer bem, se a comida for gostosa, não perca tempo, coma muito. Essa é uma receita que deve ser repetida pelo mundo afora pelo que apreciam uma boa mesa, se acompanhada de uma boa bebida ainda melhor. Aconselho aos que por acaso assim nunca procederam, que o faça, pois é pro seu bem.

Sem mais delongas passo a descrever uma pequena aventura que vivi neste último fim de semana, durante uma pequena estadia em Campo Formoso (BA), visitando parentes. E tudo começou ao passar num supermercado, ao me deparar com uma carne de jabá bem vistosa, daquelas de encher os olhos e encher a boca d’água, com o perdão dos leitores.

Não deu outra, pedi ao funcionário do mercado para descer a faca de cima a baixo e acrescentei às compras, um quilo de linguiça levemente apimentada, bacon, arroz, além de alguns temperos. Na minha mente já aparecia uma panelada de arroz carreteiro, prato de substância para o movimentado fim de semana. Foi só passar na gôndola de cerveja e me encaminhar para o caixa.

No sábado, dia de feira, a pretensão era acrescentar uma boa tapioca, e o fubá, essencial para a farofa de cuscuz com linguiça. Logo cedo eu e minha mulher nos dirigimos à feira com o objetivo de comprar outros produtos da terra, diferentes do que encontramos em Canavieiras. De cara, nos deparamos com uns maxixes bonitos e fomos juntando ao andu e às favas. Saímos com pesados embrulhos.

Dizem os mais experientes que “o que os olhos não veem o coração não sente” e essa foi nossa perdição, no sentido estrito da gula. Além do arroz a carreteiro, em minha cabeça fervilhavam a farofa de cuscuz com linguiça e uma moqueca de maxixe, devidamente enriquecida com a jabá, bacon, linguiça, tomates, pimentões, cebolas, leite de coco apurado manualmente na hora e azeite de dendê.

Não sei os que porventura leem esse texto, o façam preferencialmente de barriga vazia e que seja um grande apreciador da boa comida de “sustança”, e em dia de domingo, sem qualquer compromisso no período da tarde, assim como eu. Confesso que a preparação dos pratos não meu muito trabalho, mesmo sendo num dia dedicado ao descanso.

E não deu outra, iniciamos – eu e minha mulher – com a moqueca de maxixe, o arroz a carreteiro, e por últimos a farofa, nesta ordem, com a degustação da boa e velha cerveja, que prazerosamente nos acompanha nessas providenciais ocasiões. E, metodicamente, fomos dando forma aos pratos, especialmente no arroz a carreteiro, preparado numa majestosa panela de barro.

Pelos meus cálculos 12 pessoas estavam inscritas ao almoço, com lugares já reservados à mesa, sem contar os visitantes de última hora, já previstos no planejamento de qualquer almoço domingueiro. Finalmente, perto das 14 horas, mesa posta, convidados devidamente sentados e apossados de pratos e talheres para iniciar a comilança.

Fora do planejado, minha irmã Iracy me apresenta um produto divino elaborado na Gameleira, no povoado do Brejão da Caatinga, em Campo Formoso: um vinho de laranja, que apresentava no seu rótulo ser “o vinho do momento” de produção caseira. E mais, produzido artesanalmente a partir de laranjas. Embora do Brejão da Caatinga, possuía todos os sotaques lusitanos do vinho do Porto.

Confesso que aqui não falo como especialista em vinho, por não possuir tais credenciais, mas digo com certeza que meu paladar nunca me falseou. Após o silêncio sepulcral (linguagem chula para um almoço...) dos refinados paladares, fiquei corado com os elogios. Ainda bem que detectei serem sinceros, pelo que vi na repetição dos pratos.

E para finalizar a comilança domingueira nada melhor dos doces (a escolher) de groselha e carambola, retirados dos devidos pés no quintal e elaborados um pouco antes para nosso deleite. Tenho que finalizar com o que preguei no início dessa crônica: todos comeram bem e muito, porque gostoso, digo sem pretender ser alvo do elogio fácil, pois juro que não tenho interesse de caitituar prestígio em campanha de marketing.

Deixarei de oferecer a competente receita para não me estender no texto, pois como já forneci os insumos, prefiro que cada um que se atreva a elaborar um banquete deste tipo use sua imaginação. Além do mais as quantidades podem ser encontradas facilmente em site especializado na internet. O que valerá, mesmo, será a criatividade, inclusive em me convidar.

*Radialista, jornalista e advogado.

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

A Cronica de Walmir Rosário - Direto de Campo Formoso-Ba

 

ALUNOS CONVOCADOS PARA PROVA ÀS 3 DA MANHÃ

Campus da Universidade Estadual de Santa Cruz

 Por Walmir Rosário*

O sugestivo título não é apenas uma apelação de editores de publicações sensacionalistas. É verdade e dou que fé que o que passarei a contar nas próximas linhas é por demais verdadeiro, embora manterei oculto o nome de um dos personagens: o autor de tal proposta, o professor que marcou o tal e absurdo horário para uma prova.

O fato aconteceu na Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), no início dos da década de 1990, portanto, no século passado, e continua gravado em minha carcomida memória, por ser esdrúxula até onde não pode mais. Não me lembro com riqueza de detalhes, pois não fui uma das pessoas atingidas, embora tenha sido abastecido com robustas informações.

Numa tarde fui procurado no jornal A Região, de Itabuna, do qual era editor, por alguns estudantes do curso de Direito, que pretendiam fazer uma séria denúncia. Uma verdadeira bomba, diziam. Eles queriam, de uma só vez, lavar a honra e a alma, além de conseguirem provas e subsídios para ingressar com uma ação contra o dito professor e a Uesc.

A Redação inteira parou para ouvir a história, inclusive Daniel Thame, com quem eu dividia as responsabilidades, as artes e manhas do semanário de maior circulação de Itabuna, à época. Ouvimos toda a história, contada e recontada por cada um dos alunos, sempre com um detalhe a mais, enquanto nós, de início não os levássemos a sério.

E não era pra menos a nossa desconfiança, embora não estivéssemos cara a cara com alunos dos cursos fundamentais e sim com homens e mulheres, muitos deles casados, pais e avôs. Por certo não teriam deixado seus afazeres de família e trabalho e se deslocados ao jornal para promover uma pegadinha em nós e nos leitores.

O que mais afligia aos estudantes do curso de Direito era não participar da colação de grau agendada para semanas próximas, pelo fato de não terem realizada a última prova de Direito Civil VI. Pior, ainda, para os que claudicavam com os resultados e notas nem tão positivos, sendo que alguns poderiam ir buscar uma repescagem na famigerada prova final.

E como ficariam os providenciamentos da colação de grau e a famosa festa de formatura praticamente quitada. E era um preço altíssimo, valor inestimável, pagos em prestações mensais com muitas dificuldades. Sem falar nos convites, já distribuídos para amigos mais chegados e familiares, muitos dos quais moradores de outras cidades, estados.

Seria uma vergonha dispensar os convidados, e ainda por cima, mudar a foto da turma, e ter que arcar com os novos custos. Maior que o inestimável prejuízo financeiro seria a humilhação, pois, inevitavelmente, seria manchete dos jornais, rádios e televisões. Como àquela época não existiam as redes sociais a decepção seria bem menor, mas essa não é hora para avaliações.

E os formandos em Direito pela Uesc (turno noturno) já se sentiam avacalhados pelo horrendo professor, capaz de ter proposto a realizar a quarta prova do último semestre num horário altamente impróprio, às 3 da madrugada, fora do expediente da universidade. Viviam uma situação assombrosa que os marcariam para o resto da vida. Que futuro profissional teriam?

E somente aí é que se encorajaram a contar a terrível história, objeto da denúncia que pretendiam fazer à sociedade. Pelo que relataram, eles estavam assustados com a exiguidade do tempo e propuseram ao professor, um conceituado advogado, que marcasse a prova do quarto crédito para a semana seguinte, como meio de facilitar a vida de todos.

De pronto, o professor não aceitou a proposta, sob a alegação que teriam um calendário a cumprir, no sentido de satisfazer a frequência (carga horária) e a apresentação dos temas da grade curricular. Sem acordo, a discursão foi aumentando e professor e alunos se distanciando de aparar as arestas para o pretendido acordo do dia da prova.

Lá pras tantas, o dito professor resolve dar um chega na questão e propõe realizar a prova, não na sexta-feira pretendida pelos alunos, mas no sábado às 3 da madrugada, horário que dispunha em sua apertada agenda. A proposta, mesmo estranha, bizarra, estapafúrdia, foi vista pelos alunos como viável, apesar de exigir um pouco de sacrifício. Mas, ao final de cinco anos, valeria.

E na data aprazada chegaram ao campus da Uesc, convenceram o vigia sobre a prova e entraram para o pavilhão de Direito. Restava apenas uma prova, cujo o tema estava por demais estudado. Tudo na cabeça. Bastava tirar boas notas e, cada um estaria livre da viagem diária, dos sacrifícios em chegar quase à meia-noite em casa. Agora, sim, todos fariam jus ao título de doutor advogado.

Em vão aguardaram o professor até os primeiros raios de sol, quando começaram a considerar que teriam sofrido uma pegadinha de muito mau gosto. Um crime, talvez, e que mereceria ser reparado nos tribunais. Mesmo assim, foram tirar a prova dos nove com o professor, que estranhou a ida na madrugada de um final de semana à universidade para uma prova. Brincadeira.

Após os ânimos amainados, consegui convencê-los a se submeterem à prova no dia estipulado pela universidade, pois o professor e a direção da Uesc deveriam fazer de tudo para que não fossem prejudicados. De minha parte, ao contrário da pretendida matéria e manchete estampada na primeira página, fiz uma notinha divertida na coluna Malha Fina, na página 3. E tudo se resolveu.

*Radialista, jornalista e advogado.

terça-feira, 10 de setembro de 2024

Sou um rio que flui para você

Sou um rio que flui para você.

Preserva-me e eu te purificarei, cortarei

Curvas para chegar até você.

Às vezes serei caudaloso, te levarei

Perigos e desencontros, mas continuarei

No meu curso natural em busca de ti.

Terei cachoeiras que te banhará, tanto

O seu corpo e alma serão purificados

Estrelas candentes cairão dos altos céus, faremos pedidos

Recônditos que ficará entre nós dois.

Tenho pedras submersas em meu leito, externamente

Úmidas de amores e por dentro estéreis sem marcas

De amor nenhum.

Você flui para mim, eu te banharei e te acolherei

Nas minhas correntezas fazendo você sonhar, entre

Espelhos d’água e borbulhas do meu amor que é todo

Seu.

Vem fluir em mim agora, neste mar que te bronzeia

Para os meus olhos te admirar e o meu coração te amar

Para sempre.

Bela Itajuípe (Pirangi)

Por toda a minha vida

Um dia terei que deixá-la

Simplesmente como numa canção velha e doce

Que se esvairá nas correntes do Almada

Fonte de todas as es(hi)stórias, narradas em versos e prosas pelos nossos discípulos maiores.

Mostrando as suas (in)glórias vividas pelos seus filhos entre séculos e séculos amém.

No alto da colina o Templo Sagrado dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, contemplará a reinante paz, estendida em mantos abençoados, como fagulhas, clareando a paz infinita, que reinará no ainda solo fértil, que por gerações em busca de fé alimentará.

Não direi adeus Itajuípe (Pirangi). Talvez um até breve,

Talvez entoadas numa canção, para você ouvir

Tão doce e clara como a luz da lua através dos cacaueiros antes gloriosos.

Outros braços se estenderão para o seu horizonte eterno

Outros olhos sorrirão pacíficos como sonhos de verão como

As estradas que me levaram de volta para você.

Eu disse Itajuípe (Pirangi),

Raios de paz eu encontrei

Mesmo numa canção velha e doce que

Manterá você viva na minha mente e depois da partida.

Quantos braços se estenderão para você?

Outros olhos sorrirão ternamente,

Mas, ainda em pacíficos sonhos, eu verei

A estrada que me levará de volta para você.

Itajuípe

(Pirangi)

Sem paz, com paz eu a encontrarei.

Apenas esta nova geração doce

Que manterá você viva na minha mente, quando além do horizonte.

Eu disser apenas uma geração nova e doce

Manterá você Itajuípe (Pirangi) viva na minha mente.

Ciao, Cio

Eternamente te amo entre cio e Ciao,

não sei se quero morrer contigo quando te possuo

e te digo adeus.

Quando te vejo talvez, em momentos incertos,

Quando você vai e vem, sem eu te possuir,

E você me acumula entre o lagos daqui ou sobre

As águas do Abaeté ou outro lagos que os meus olhos

Não delimitam o meu sonhar.

Se passos perdidos não nos fazem encontros,

Entre lugares, entre rimas que diz Adeus, sem abraços

E procriação que quer o meu coração, acalmando os nossos corpos,

Que não ocupa os mesmos espaços, sem medo caminharemos,

Sem lenço ou documentos, ante a aurora, entre os cais que

Circundam o Rio Almada e o Rio que banha onde moras.

Queira como te quero, num amor nascente, entre cio e ciao.

Querida, pois, sabemos que não inventamos o amor,

Por acaso também o nascimento do dia ou o entardecer,

Quando a natureza dirá: talvez você ou eu, ou ninguém.

Que não chegue o Ciao e que não vá o Cio.

Vem

Vem,

Mergulha nos meus versos,

Embriague-se com a seiva que brota

Do meu coração em êxtase, esperando os seus abraços.

Busca-me em teu corpo ardente e verás

Que eu sempre vou estar por perto.

E para sempre você estará em meu coração,

Se eu pensei que nosso amor tinha terminado,

Desilusões perdidas eu encontrei.

Como poderia haver tanto amor dentro de você?

Eu não queria ir sem você.

Pois hoje permaneço com suas lembranças

E com o doce cheiro do seu perfume

Que me faz levitar e sonhar...

 

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

A Crônica de Walmir Rosário - A Estreia do Itabuna No Campeonato de Profissionais

 

A ESTREIA DO ITABUNA NO CAMPEONATO DE PROFISSIONAIS

 
O início do Itabuna no velho Campo da Desportiva

Por Walmir Rosário*

No início do ano de 1967 os homens que comandavam o futebol amador de Itabuna são convencidos pelos dirigentes da Federação Bahiana de Futebol e dos clubes de Salvador e Feira de Santana a disputar o futebol profissional. Após dezenas de reuniões, em que a tônica era elevar o nome de Itabuna ao cenário nacional esportivo com o que existia de craques na cidade, aceitaram o desafio.

Em 23 de maio de 1967, finalmente, o Itabuna Esporte Clube é fundado e estava pronto para disputar o Campeonato Baiano daquele ano como um dos 14 participantes. Agora se encontrava de igual para igual com o Bahia, Vitória, Botafogo, São Cristóvão, Leônico, Ypiranga e Galícia (Salvador), além do Fluminense, Bahia (Feira de Santana), Conquista Esporte Clube (V. da Conquista), Flamengo, Colo-Colo e Vitória (Ilhéus).

E finalmente o Itabuna estreia no Campeonato Baiano de Futebol Profissional no dia 4 de junho de 1967, com a vitória de 1X0 contra o São Cristóvão, gol de Nélson, no campo da Desportiva. No próximo domingo (11), torcida entusiasmada, o time volta ao campo da Desportiva para enfrentar o Botafogo, com mais uma vitória em casa, pelo placar de 1X0, gol de Bal.

Na quinta-feira (15-06) enfrentou o Flamengo de Ilhéus no Mário Pessoa e sofreu a primeira derrota como profissional por 3X1, gols de Jurandi, Clemente e Zé Pequeno, para os ilheenses, e Bal para o Itabuna. Em seguida (06-07) ganhou para o Bahia de Feira na casa do adversário por 2X1, gols de Carlos Riela e Déri (Ita) e Almir (BF); e venceu o Vitória da capital por 2x1, em Itabuna (20-07), com gols de Neném e Nélson (Ita) e Itamar (V).

No próximo jogo (27-07) o Itabuna volta a vencer, e desta vez a vítima foi o Conquista, que levou 3X1, no campo da Desportiva, com gols de Danielzão, Déri e Bal (Ita), e Piolho (Conq). Em 3 de agosto, o Itabuna vai a Feira de Santana e empata com o Fluminense em 0X0. Em pleno estádio Mário Pessoa o Itabuna vence o Vitória ilheense pelo placar de 1x0, gol de Batuqueiro. Em 20 de agosto empata com o Ypiranga no campo da Desportiva por 1x1, com gols de Batuqueiro (Ita) e André Catimba (Ypi).

No próximo jogo (31-08), contra o Colo-Colo, em Ilhéus, o Itabuna não teve sorte e perdeu por 1X0, gol de Ronaldo (CC). No dia 7 de setembro, em Salvador, empata com o Galícia por 2X2, com gols de Florizel e Déri (Ita) e Nélson e Enaldo (Gal). Ainda na capital baiana, no dia 10 de setembro perde para o Bahia por 3X1, gols de Zé Eduardo, Manezinho e Canhoteiro (Ba) e Florizel (Ita). No último jogo do primeiro turno (01-10) empata com o Leônico em 2X2, com gols de Itajaí (contra) e Gajé (Leo), e Maranhão (Ita).

Com esses resultados o Itabuna estreia no profissionalismo e termina o primeiro turno na quinta colocação, com 16 pontos, sendo seis vitórias, quatro empates e três derrotas. Nos 13 jogos disputados marcou 17 gols, sofreu 15 e manteve saldo de apenas dois gols. Foi um resultado bastante positivo, pois encerrou o primeiro turno como a equipe do interior melhor colocada.

Nos jogos de volta do segundo turno, o Itabuna inicia bem aplicando 2X0 no Flamengo de Ilhéus (08-10), gols de Maranhão; empata com o Leônico por 1X1, também no campo da Desportiva (15-10), gols de Carlos Riela (Ita) e Catu (Leo). Em casa, torna a empatar com o Bahia de Feira por 1X1, gols de Fernando Riela (Ita) e Maromba (BF); e perde para o Bahia da capital por 2X0, em 5 de novembro, com gols de Elizeu e Alencar. Já em 12 de novembro, em jogo com mando de campo invertido, aplica 3X1 no São Cristóvão, na Desportiva, com 3 gols de Florizel (Ita) e Iaúca (SC).

Outro placar favorável ao Itabuna em frente sua torcida foi contra o Vitória de Ilhéus, pelo placar de 3X0, 2 gols de Maranhão e 1 de Carlos Riela. Jogando em Salvador empata com o Botafogo em 2X2 (01-12), com 2 gols de Florizel (Ita), Nílson e Ronaldo (Bot). Em Vitória da Conquista perde por 2X1 para o Conquista (17-12), gols de Durvalino e Dão (Conq) e Fernando Riela (Ita). Em 28 de janeiro de 1968, valendo pelo mesmo campeonato, empata com o Ypiranga, por 0X0, em Salvador; e em 11 de fevereiro cai diante do Galícia por 2X0, no campo da Desportiva, gols de Santinho (contra) e Carlinhos Gonsálves (Gal).

Ainda no campo da Desportiva, no dia 18 de fevereiro, o Itabuna enfrenta o Vitória e empata em 1X1, com gols de Danielzão e Arcângelo (contra); e no jogo seguinte (03-03) perde para o Fluminense de Feira por 1X0. No segundo turno o Itabuna não obteve o mesmo resultado positivo do primeiro e fica na sétima classificação (duas abaixo), com 12 pontos, sendo seis vitórias, seis empates e quatro derrotas. Marcou 16 gols, sofreu 15, com apenas um de saldo positivo.

Apesar da queda do rendimento no segundo turno, o Itabuna manteve a quinta colocação no campeonato de 1967, o primeiro que disputou, embora tenha perdido na classificação dos times do interior, liderada pelo Flamengo de Ilhéus, em quarto lugar, com um ponto a mais que o escrete itabunense. Entre os artilheiros do campeonato, Florizel marcou 7 gols; Maranhão, 5; Carlos Riela, Bal e Déri, 3 gols; Fernando Riela, Danielzão, Batuqueiro e Nélson, 2; Neném 1 gol. Itajaí, Santinho e Arcângelo marcaram 1 gol contra, cada.

E a direção do Itabuna Esporte Clube colocou um time em campo, formado basicamente pelos jogadores oriundos da seleção amadora, com alguns reforços: Goleiros – Luiz Carlos, Betinho; lat. dir. – De Aço, Neném, Roberto, Miltinho e Nocha; zag. – Itajaí, Ivan, Santinho, Ronaldo e Clésio; lat. Esq. – Caxinguelê, Leto e Zito; meio-campistas - Arcângelo, Déri, Carlos Riela, Lua Riela, Nélson e Bel; atacantes - Neves, Maranhão, Raimundo, Vandinho, Fernando Jorge, Firmino, Fernando Riela, Batuqueiro, Danielzão, Pinga e Florizel; técnicos – Luiz Negreiros e Tombinho.

*Radialista, jornalista e advogado


quarta-feira, 4 de setembro de 2024

F. Scott Fitzgerald em "O Grande Gatsby"

 F. Scott Fitzgerald em "O Grande Gatsby"

"A vida é uma série de experiências que nos levam a uma única conclusão: o passado nunca é morto. Ele nem mesmo é passado"

F. Scott Fitzgerald em "O Grande Gatsby"
Esse trecho de Fitzgerald ressoa de maneira contundente, revelando a complexa relação entre o tempo, a memória e a identidade. Essa reflexão nos convida a considerar como o passado molda não apenas nossas experiências individuais, mas também a totalidade da nossa existência.
Ao longo da vida, cada experiência vivida se inscreve em nossa memória, criando um mosaico complexo que compõe quem somos. O que entendemos como passado não é uma entidade distante, morta e sepultada, mas sim um elemento vivo e pulsante que continua a influenciar nossas decisões, emoções e interações. Este conceito se desdobra em múltiplas dimensões: desde as lembranças que nos assombram até as lições aprendidas que nos guiam.
Fitzgerald, ao explorar a vida de Jay Gatsby, ilustra essa dinâmica de forma magistral. Gatsby está preso a um ideal romântico e nostálgico que se origina de um passado que ele não consegue deixar para trás. Sua incessante busca por Daisy Buchanan não é apenas uma tentativa de recuperar um amor perdido, mas também de reaver uma versão de si mesmo que foi moldada por experiências passadas. Nesse sentido, o passado não é um mero registro cronológico; é um tecido que permeia o presente, influenciando nossas aspirações e anseios.
A reflexão sobre o passado nos leva, inevitavelmente, à questão da identidade. Quem somos senão a soma de nossas experiências? Cada decisão que tomamos, cada caminho que escolhemos, é, em última análise, uma manifestação dos ecos de nosso passado. Os traumas não resolvidos, as alegrias efêmeras e as experiências marcantes se entrelaçam em uma teia complexa que nos define, tornando o presente um campo de batalha onde lutamos com as sombras do que já fomos.
Além disso, a ideia de que o passado "nem mesmo é passado" sugere que a linearidade do tempo é, em muitos aspectos, uma ilusão. O nosso presente é frequentemente invadido por recordações que emergem em momentos de reflexão, alegria ou dor. O que vivemos não se desintegra; em vez disso, permanece como um espectro que assombra ou ilumina nossos dias. Isso pode se manifestar em formas tão diversas quanto o arrependimento por decisões tomadas, a nostalgia por tempos mais simples ou até mesmo a saudade de relações que já não existem.
Assim, a vida se revela como um ciclo constante de revisitação e reinterpretação. À medida que avançamos, somos convocados a confrontar as experiências passadas, a revisitar os lugares que habitamos em nosso ser. Essa interação entre o presente e o passado não deve ser vista apenas como um fardo, mas também como uma oportunidade de crescimento e autoconhecimento. Na medida em que nos tornamos conscientes dos padrões que emergem de nossas experiências, temos a chance de transformar a dor em sabedoria e a nostalgia em inspiração.
Portanto, ao refletir sobre a afirmação de Fitzgerald, vislumbramos a condição de abraçar a complexidade de nossa própria existência. O passado, longe de ser um obstáculo, é um componente essencial de nossa jornada. Ele nos ensina, nos molda e, por fim, nos revela a essência da condição humana: a luta constante entre o que fomos, o que somos e o que aspiramos a ser. Essa interação é, por fim, o que confere profundidade e significado à nossa experiência de vida.
Oliver Harden
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