Documentário 'Porto de Origem' mostra a história do bairro do Comércio
Filme do francês Bernard Attal mostra a rotina de pessoas que trabalham na região e resistem a sair de lá
O cineasta francês Bernard Attal vive em Salvador desde 2005 e hoje mora em um imóvel no Santo Antônio Além do Carmo, com vista para a região do Comércio. Além disso, frequenta a Cidade Baixa porque tem um escritório ali. O movimento na área sempre lhe chamou a atenção, especialmente pela diversidade de profissionais que atuam ou atuavam no local, incluindo pessoas que prestam serviços em áreas hoje consideradas meio obsoletas, como engraxates e alfaiates.
Preocupado com a decadência da região, Bernard decidiu realizar um filme para
chamar a atenção para o problema: o documentário Porto de Origem, que está nos
cinemas de Salvador. Além de ouvir especialistas que falam sobre a história e a
arquitetura da região, Bernard também ouviu anônimos, especialmente
comerciantes e prestadores de serviço que trabalham ali e muitas vezes têm uma
relação nostálgica com o bairro.
Preocupado
com a decadência da região, Bernard decidiu realizar um filme para chamar a
atenção para o problema: o documentário Porto de Origem, que está nos cinemas
de Salvador. Além de ouvir especialistas que falam sobre a história e a
arquitetura da região, Bernard também ouviu anônimos, especialmente
comerciantes e prestadores de serviço que trabalham ali e muitas vezes têm uma
relação nostálgica com o bairro.
Mas o
diretor admite que também houve uma curiosa motivação para realizar o filme. Em
2014, a avó dele morreu e, como parte da herança, lhe deixou um envelope com
títulos de investimentos antigos, que não tinham mais valor. “Meses depois,
olhei os papéis com mais atenção e percebi que havia um título relacionado à
Bahia”, lembra Bernard. O papel havia sido emitido por uma empresa francesa que
tinha participação na reforma do Porto de Salvador após a Primeira Guerra
Mundial. Era o estímulo que faltava para que Bernard desse início ao filme.
Revitalização
“Queria também fazer um filme sobre o bairro do Comércio e sobre como as
pessoas vivem aqui, no bairro que é muito negligenciado. E queria também tratar
da revitalização do Comércio, de que há tantos anos se fala”, justifica
Bernard. Chama também a atenção do cineasta a importância dos trapiches do
Comércio. Um deles, o Trapiche Barnabé, passa por uma reforma na qual o próprio
Bernard está envolvido.
Há ainda uma
outra motivação para o filme: o diretor é leitor assíduo de Jorge Amado, que
usa a região da Cidade Baixa como cenário de diversos livros. “Li tudo dele e o
que me chama a atenção é que ele é um dos poucos escritores que fala do Porto.
Em Capitães da Areia, o Porto é o lugar central. Ele é o único que fala dos
trapiches e eu não podia deixar de mencioná-lo no filme”. Por isso, o
documentário usa um pequeno trecho do clássico livro de Jorge Amado.
Há,
inevitavelmente, um toque de nostalgia na obra, como se vê nos depoimentos dos
prestadores de serviço que atuam ali. O dono de uma loja de tecidos, por
exemplo, se queixa da concorrência com os produtos chineses. Muitos são idosos
que se recusam a trabalhar e sair de lá.
Há, inevitavelmente, um toque de
nostalgia na obra, como se vê nos depoimentos dos prestadores de serviço que
atuam ali. O dono de uma loja de tecidos, por exemplo, se queixa da
concorrência com os produtos chineses. Muitos são idosos que se recusam a
trabalhar em outros locais, como o alfaiate e o engraxate, ambos com mais de 90
anos.
“Por um lado, queria mostrar essas pessoas que resistiram e fizeram questão de
ficar lá, mesmo com problemas como a falta de segurança. E também queria
mostrar as empresas que estão ali e fazem o Porto continuar vivo, como os
moinhos de trigo”. Mas o filme também tenta olhar para o futuro e pensa sobre
como a área pode ser revitalizada.
Para Bernard, Salvador deveria se espelhar em cidades como
Barcelona, na Espanha, e Marseille, na França, para revitalizar aquela área.
“Marseille, como Salvador, tinha muitos problemas de segurança. E tem um
patrimônio histórico que vai até a Antiguidade. A cidade foi revitalizada
graças a políticas públicas”.
O filme já estreou em Salvador e chegará a outras cidades
baianas, como Vitória da Conquista, Barreiras e Luís Eduardo Magalhães.
Em cartaz no UCI Shopping
da Bahia e Cineflix (Shopping Bela Vista)
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