Se Brasília sempre tem
acordado em polvorosa nos últimos tempos, com as ações da Polícia Federal,
nesta quarta-feira (17), nem chegou a conseguir tirar uma soneca. O medo, a
apreensão tomava conta de alguns, enquanto a ânsia e a expectativa domina o
restante do planalto central, após a notícia da delação dos irmãos Batista, do
Grupo JBS, que abalou, mais uma vez, os alicerces da República.
Como acontecia
corriqueiramente, eram os políticos localizados em Brasília que ficavam de
quatro, mas com o avanço desenfreado da corrupção, o medo ficou estampado no
Brasil inteiro. A denúncia dos irmãos Batista, líderes de uma dos maiores
conglomerados frigoríficos do mundo, atingiu, em cheio o alto clero da política
nacional, principalmente do PT, PMDB e PSDB, que gravaram uma conversa com o
presidente Michel Temer.
Pela primeira vez, um
membro do Ministério Público Federal (lotado no Tribunal Superior Eleitoral)
também foi parar na prisão, acusado de favorecimento de empresas com
informações privilegiadas. Aos poucos, a Operação Lava-jato, vai fechando o
cerco e figurões até pouco tempo conhecidos como gente da melhor qualidade e
reputação ilibada, vão sendo desmascarados.
Quanto aos políticos
envolvidos, nunca restaram dúvidas que a cada dia, a cada operação, novos nomes
seriam conhecidos, dada a facilidade com que as negociatas com a res publica
eram acertadas. No Brasil, corrupção nunca foi uma novidade e os livros de
história nos trazem informações desde o descobrimento do Brasil.
E, salvo melhor juízo,
esse atavismo está fincado no DNA político dos brasileiros, haja vista fatos
recentes, como em plena investigação do “Mensalão” a corrupção do governo federal
(petista) se transformar na Lava-jato. À época, tomaram de assalto a Petrobras,
maior empresa brasileira e símbolo de eficiência em todo o mundo.
E assim fizeram sem a
menor cerimônia, loteando todos os contratos da empresa entre as empresas
construtoras, que passaram a pagar polpudas contribuições para os partidos de
sustentação do governo. Em alguns casos, até mesmo parlamentares de outros
partidos também participavam do esquema, como um simples comensal.
Como a impunidade
sempre reinou em nossa república, os políticos não acreditaram na Operação
Lava-jato e continuaram a “operar” o dinheiro público, dentro dos mesmo moldes.
Mais uma vez tivemos a comprovação de que o país estão mudando, com ações
contra os senadores Zezé Perrela, Aécio Neves e sua irmã, e o deputado Rocha
Loures. Nem mesmo o presidente Michel Temer escapou.
Entretanto, como
circula nas redes sociais internet afora, se a corrupção sempre campeou com
facilidade na política (ou entre determinados políticos), na era petista foi
tratada com todas as pompas. De grade maioria sindicalista, os petistas
trataram o governo federal com um grande sindicato, em que as regras de
prestação de contas são definidas numa assembleia geral.
Como acontece no
conhecido ditado “o costume do cachimbo deixa a boca torta”, o governo federal
sob a égide petista transformou a res publica – coisa de todos – em
“coisa nossa”, quem sabe inspirado na máfia italiana. Da soberania popular,
passamos ao absolutismo, em que o déspota de plantão tudo podia.
E a República está de
quatro. Não sabemos quais os desdobramentos, pois, se os poderes Executivo e
Legislativo já não têm a confiança da população, ainda se comenta que as
delações podem chegar ao Judiciário. Uma lástima, profunda decepção para os
brasileiros que lutam para formar uma Nação, mas que constantemente são
abalados por notícias altamente negativas.
No fundo, ninguém mais
acredita que sobraria alguém em Brasília para apagar a luz, diante da
intensidade dos fatos de corrupção que acometem os membros dos poderes constituídos.
Nem mesmo um longe sinal de luz no fundo do túnel existe, dado a numerosa
quantidade de deputados e senadores investigados na Operação Lava-jato.
Quem assumirá
temporariamente a Presidência da República numa eventual vacância? O presidente
da Câmara Federal, Rodrigo Maia? O presidente do Senado, Eunício Oliveira? A
presidente do STF, ministra Carmem Lúcia? Não sabemos. Questão mais grave será
a eleição – direta ou indireta – para escolher o próximo presidente, livre de
todos os vícios.
Agora, com o incentivo
para as delações do pessoal ligado ao BNDES, Antônio Palocci e et caterva,
deveremos ter uma queda em cadeia do dominó da corrupção, com mais nomes de
envolvidos. Não foi à toa que a Polícia Federal batizou essa fase da Operação
Lava-jato de Patmos, em referência à ilha grega onde o apóstolo João teve
visões do Apocalipse.
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