quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

RECORDES IMBATÍVEIS DO BOTAFOGO NO MARACANÃ

 

RECORDES IMBATÍVEIS DO BOTAFOGO NO MARACANÃ





EM, 22 DE DEZEMBRO DE 2024, fez 67 anos que o Botafogo estabeleceu dois recordes imbatíveis na história do Maracanã, ao ganhar o primeiro título de campeão carioca, no então maior estádio do mundo: o da final com mais gols (6 x 2 no Fluminense) e o do único artilheiro, Paulo Valentim, com cinco gols, um de bicicleta, em uma decisão.

O DOMINGO 22 de dezembro de 1957 registrou, não só o recorde de Paulo Valentim, mas o início da consagração de Garrincha, que fechou a goleada, após participar dos outros cinco gols, e no ano seguinte se tornaria o maior ponta-direita de todas as épocas, no primeiro título mundial da seleção brasileira, em 29 de junho de 1958, na Suécia.

O BOTAFOGO não era campeão desde 1948, quando só perdeu na estreia – 4 x 0 para o São Cristóvão -, e passou a ser dominado pela superstição do presidente Carlito Rocha, que dava gemada aos jogadores e entrava em campo com o cachorro Biriba, mascote do time. Zezé Moreira, então preparador físico, estreou campeão como técnico.

ANOS DEPOIS, o goleiro Adalberto me contou, que na véspera da final, um carro com alto-falante, na Central do Brasil, fazia a comparação dos jogadores de cada time, e torcedores aplaudiam: “Quando meu nome foi comparado ao do Castilho, levei uma tremenda vaia”.

MAS, O QUE SE VIU em campo foi bem diferente. O Botafogo já saiu para o intervalo com 3 x 0, gols de Paulo Valentim. A reação do Fluminense, com o gol de Escurinho, no início do 2º tempo, foi abafada por mais dois gols de Paulo Valentim; Garrincha fez o 6º, e Waldo marcou o 2º do Fluminense.

BOTAFOGO, no 2-3-5 da época: Adalberto, Beto e Thomé; Servílio, Pampolíni e Nilton Santos; Garrincha, Didi, Paulo Valentim, Edison e Quarentinha. Então aos 40 anos, o gaúcho João Saldanha foi o técnico, sem receber centavo, pela paixão imensa que tinha pelo Botafogo.

FLUMINENSE: Castilho, Cacá e Pinheiro; Jair Santana, Clóvis e Altair; Telê, Jair Francisco, Waldo, Robson e Escurinho. Então aos 41 anos, o gaúcho Sylvio Pirilo, centroavante campeão em 1948 pelo Botafogo, dirigia o Fluminense, meses antes, primeiro carioca campeão invicto do Rio-São Paulo (1957).

RECORDISTA de gols em uma única edição do Carioca, com 39, em 1941, Pirilo iniciou a superstição no Botafogo, de tirar um jogador do Flamengo para ser campeão, o que se repetiu em 1957, com Servílio, e em 1962 com Jadir, ambos do segundo tricampeonato do Flamengo (53-54-55).

TEMPOS DEPOIS, Alberto da Gama Malcher, árbitro da final de 1957, primeiro comentarista de arbitragem com quem trabalhei no rádio, me disse: “Foi um massacre. O Botafogo ganhou de 6 e poderia ganhar de 10, se o Fluminense não tivesse o senhor goleiro Carlos Castilho”.

COM OS 5 GOLS, Paulo Valentim foi o artilheiro do campeonato com 22, ultrapassando Dida, do Flamengo, com 21. Só Paulo Valentim, Nilton Santos e Thomé participaram de todos os 22 jogos, e o Botafogo manteve o artilheiro do Carioca nos três anos seguintes, o paraense Quarentinha, em 1958, 1959 e 1960.

PAULO VALENTIM foi para o Boca e tornou-se o melhor brasileiro da história do clube – 111 jogos, 71 gols – e o maior artilheiro do clássico com o River. Em delírio, os torcedores faziam coro: “Tim, tim, tim, é gol de Valentim”. Sua mulher, Hilda, era tratada como a primeira-dama do clube.

DIDI, depois de sete anos no Fluminense – 298 jogos, 91 gols, de 1949 a 1956 -, pagou promessa pelo 1º título no Botafogo, caminhando do Maracanã à sede de General Severiano. Foi a camisa que mais vestiu, em 313 jogos, 114 gols. Craque da Fifa na 1ª Copa que o Brasil ganhou (1958).

NO 1º TÍTULO de campeão carioca no Maracanã, o Botafogo ganhou 16 jogos, 7 sem sofrer gol; empatou 4 e só perdeu para o Fluminense (1 x 0) e o Vasco (3 x 0). Teve saldo de 43 gols (64 x 21). Três anos depois, João Saldanha iniciava a carreira de jornalista, e só voltaria a ser técnico em 1969, quando classificou a seleção para a Copa do Mundo de 1970.

INCRÍVEL quanto parecer possa, o Botafogo viajou dois dias antes do Natal de 1957 para uma longa excursão pelas Américas Central e do Sul. “Precisamos faturar para solucionar nossos problemas”, resumiu o presidente Paulo Antonio Azeredo, entre os melhores da história do clube.

Fotos: site Jornaleiros e Facebook Botafogo, Fotos Históricas e Opinião

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

A ronica de Walmir Rosário - Direto de Canavieiras

 

AQUI O ÚNICO DOCUMENTO EXIGIDO É A BARRIGA!

Na maternidade da Mãe Pobre não tinha burocracia

Por Walmir Rosário*

Fernando Gomes Oliveira, prefeito de Itabuna por cinco mandatos e deputado federal por outros três, contados aí, o deputado constituinte, sempre foi considerado um dos maiores líderes políticos de Itabuna. Volta e meia elaborava algumas frases de efeito de fazer inveja a qualquer marqueteiro, embora tenha amargado ter dito outras, a exemplo de uma dita na pandemia.

A mais famosa foi a “Morra quem morrer”, trecho de uma explicação sua sobre a abertura do comércio durante a pandemia, que somente foi aproveitada pela mídia e oposição esse pedacinho polêmico. Outras frases de Fernando Gomes também ganharam o mundo e hoje se encontram esquecidas, principalmente as de efeitos positivo no marketing político.

Muito do que Fernando Gomes falava era de difícil compreensão, já que havia um descompasso na sua maneira de pensar e de se expressar, cujo nome não sei explicar. Deixo isso para os prendados em ciências médicas. Fernando Gomes, que para muitos não era letrado, completou os estudos até o ensino médio (científico) e estudou Direito por uns três meses, por acreditar que melhor seria ganhar dinheiro e administrar seus bens e os públicos.

Como prefeito conhecia todos os detalhes da administração municipal e era ele, e só ele, quem decidia o que fazer e o que pagar. Nas datas em que entravam os repasses estadual e federal (ICMS e FPM), se reunia com o secretário de Finanças para elaborar a relação dos pagamentos a serem feitos. Conhecia tudo nos mínimos detalhes.

Mesmo os oposicionistas que conheciam essa realidade, espalhavam que Fernando Gomes não era uma pessoa letrada, que não possuía habilidade com a matemática, principalmente a financeira. Ledo Engano. Num debate sobre a administração pública deixava os debatedores sem ação, de bocas abertas, pelas respostas que dava, bem como pelas perguntas que faziam.

Saúde e educação eram duas preocupações em seus governos e muito fez nessas áreas por Itabuna. E nos seus mandatos de deputado federal muito aprendeu como buscar os recursos para implantar seus projetos. Também se aliava a um determinado grupo político, como fez com se ferrenho adversário, ACM, para construir o Hospital de Base de Itabuna, batizado de Deputado Federal Luiz Eduardo Magalhães.

Assim que encerrou seu primeiro mandato na prefeitura de Itabuna, era deputado eleito com uma avalanche de votos. Em Brasília aprendeu como buscar recursos, mesmo sem ocupar ou ter um liderado na prefeitura. Montou a Fundação Fernando Gomes, que mesmo sem apresentar um bem qualquer passou a arrecadar recursos.

E entre as primeiras ações da Fundação Fernando Gomes foi a criação da “Maternidade da Mãe Pobre”, com a proposta de desburocratizar o atendimento, facilitando o internamento das grávidas. Assim que assumiu o segundo mandato na Prefeitura de Itabuna anunciou seu projeto número um, destinado ao atendimento da população mais humilde.

No dia da apresentação apresentou a Maternidade Ester Gomes (em homenagem a sua mãe), que prestaria atendimento médico-hospitalar gratuito à população de baixa renda e ainda doaria o enxoval dos recém-nascidos. E explicou que a maternidade seria uma referência nas áreas de ginecologia e obstetrícia da Bahia.

E na apresentação, o prefeito Fernando Gomes passou a destacar o planejamento da Maternidade Ester Gomes, dotada de 56 leitos e deveria realizar mais de 300 internações mensais. E ressaltou que após receber alta, a parturiente seria levada em casa por um serviço de ambulância próprio sem nenhum custo.

E antes que apareçam um repórter ou cabo eleitoral atrasado na coletiva de imprensa e queira mostrar serviço fazendo perguntas repisadas, a exemplo de como fazer e os documentos que precisaria para internar uma parturiente, Fernando Gomes foi logo avisando: “Olha, na maternidade é bem diferente do INPS, sem qualquer burocracia”. E arrematou em alto e bom som.

– Já disse e repito. Na Maternidade da Mãe Pobre não terá papelório: Aqui o único documento é a barriga!

E essa foi a grande sacada do marketing da Maternidade Ester Gomes, que passou a receber, inclusive algumas parturientes oriundas da high society itabunense.

*Radialista, jornalista e advogado.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

ESTUDAR NA FESPI ERA UM SUFOCO, MAS DIVERTIDO em dezembro 12, 2024 - Por Walmir Rosário

 

ESTUDAR NA FESPI ERA UM SUFOCO, MAS DIVERTIDO

O professor Érito Machado e campus da universidade

Por Walmir Rosário*

Estudar na Federação das Escolas Superiores de Ilhéus e Itabuna (Fespi), atual Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) era um sufoco, principalmente no turno da noite. Isso nas décadas de 1970/80, por falta de estrutura nos transportes coletivos, sempre superlotados e em horários espaçados. Bem melhor ir de carro próprio ou uma providencial carona.

Mas esses eram os problemas enfrentados fora dos muros da sonhada futura universidade. Dentro, novos e diferentes problemas se avolumavam, como a falta de pagamento aos professores e funcionários, o que desaguava em constantes greves; falta constante de energia elétrica, que transferiam os alunos das salas de aula para o bar do Jabá, no bairro do Salobrinho.

Achávamos graça das agruras que passávamos, tendo em vista a excepcional qualidade de conhecimento dos professores, grandes profissionais do direito na magistratura, ministério público, advogados. A grande maioria não possuía os famosos títulos de doutores, tão em voga na atualidade, mas esbanjava sabedoria, prontos para dar aulas de improviso de qualquer matéria ou tema.

E um desses professores merece destaque, Érito Francisco Machado, ex-juiz de Direito e, à época, juiz do Trabalho em Itabuna. Depois transferido para o Tribunal Regional do Trabalho, em Salvador, no cargo de desembargador, chegando à Presidência do TRT 5ª Região. Nascido em Xique-Xique (BA), nunca perdeu suas origens naturais da região da caatinga.

Érito Machado era um intelectual completo: foi professor da antiga Faculdade de Ciências Econômicas de Itabuna (Facei), da Faculdade de Direito de Ilhéus, que deram origem à Uesc, lecionando diversas matérias. Estudioso da filosofia, lia os clássicos no original, em alemão, e se correspondia com filósofos de várias partes do mundo.

Levava sua vida privada de forma reservada, embora tivesse uma vida social normal, poucos eram os amigos mais chegados. Aos sábados não perdia a tradicional feijoada do restaurante do Pálace Hotel, posteriormente no Baby Beef, em Itabuna. Amante dos vinhos alemães, falava com propriedade deles, classificando os melhores e desprezando os tantos que considerava “vinagre”.

Em nossa turma lecionou Direito Civil (todo o curso). E nossa sala era pra lá de especial quase semelhante à arca de Noé, com todos os bichos. A garotada, os de meia idade, e os “coroas”. Entre estes, aposentados, profissionais de outras áreas que vieram incorporar o direito como conhecimento, e até professores da Uesc que lecionavam em outros departamentos. Era uma classe especial.

Tínhamos aulas com ele na sexta-feira à noite e no sábado pela manhã. Em cada uma delas elegia três pontos, devidamente assinalados no quadro-negro e passava a descrevê-lo com desenvoltura por cerca de 50 minutos. O tempo restante destinava a tirar dúvidas, conversar amenidades e tirar sarro de alguns alunos, na opinião dele, diferentes.

O professor Érito Machado possuia um Opala Diplomata, branco, já de certa idade, veículo com o qual se deslocava de Itabuna à Uesc. Volta e meia o carro apresentava alguns problemas mecânicos e nos deixava preocupados, principalmente no retorno, a partir das 22 horas, no percurso dos 13 quilômetros entre a universidade e Itabuna.

Assim que ele saia, um ou dois veículos dos alunos passavam a segui-lo, por questões de segurança. Certa noite os faróis apagaram e iluminamos o trajeto até sua casa. De outra feita, o velho Opala começou a falhar e o professor se dirigia ao acostamento até que o motor voltasse a firmar. E assim seguiu por uns poucos quilômetros.

Mas não teve jeito e o velho Opala surrado do professor Érito Machado parou de vez e por mais que ele tentasse não conseguia fazer o motor funcionar. Dois carros parados e uns seis ou sete alunos dando cobertura. Entre eles dois alunos do curso de Direito e professores do departamento de Economia e Administração: Geraldo Borges e Joelson Matos, também dirigentes da Ceplac.

Lá pras tantas, Joelson, que era prendado em várias artes, pede que o professor abra o capô do carro e começa a verificar os cabos de vela, distribuidor, carburador e todas essas pecinhas que gostavam de complicar. De repente dá o diagnóstico: é o platinado, pega uma chave de fenda no carro de Geraldo Borges e consegue arrumar o defeito. E seguimos no comboio até Itabuna.

Na manhã de sábado, eis que chega à sala o professor Érito Machado, dá uma olhada profunda nos alunos presentes e descobre Joelson Matos. Sem mais delongas, pergunta ao colega professor: “Não sei por que você quer estudar direito, já que podia muito bem continuar como mecânico, que é o que sabe muito bem”. Gargalhadas por uns cinco minutos e o professor Érito inicia a aula como se nada tivesse acontecido.

*Radialista, jornalista e advogado.

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

OAB DE ITABUNA HOMENAGEIA ADVOGADOS - Por Walmir Rosário*

 

OAB DE ITABUNA HOMENAGEIA ADVOGADOS

Gabriel Nunes recebe a comenda Barachisio Lisbôa

Por Walmir Rosário*

A sabedoria popular não falha ao afirmar que as homenagens têm que ser prestadas ainda em vida, com os laureados ao vivo e em cores, saudações de praxe e a receber todos os salamaleques a que têm direito. Não que as cortesias não possam ser prestadas às famílias, passado o tempo e sem as presenças dos enaltecidos.

Prestando justiça aos seus filiados, a Subsecção da OAB de Itabuna fez festa sexta-feira (06-12) para homenagear os advogados com mais de 50 anos de profissão ininterrupta e conduta ilibada com a Comenda Barachisio Lisbôa. Agiu de forma virtuosa o presidente da OAB Itabuna, Rui Carlos da Silva, ao distinguir 14 advogados com a honraria institucional.

E a Comenda Barachisio Lisbôa enaltece os homenageados, por ter sido um dos mais brilhantes advogados baianos, ex-presidente da OAB-Bahia, de larga cultura e notório saber jurídico. Acertadamente, o presidente Rui Carlos ressaltou uma frase que ouvia do seu professor Osvaldo Chaves – um dos homenageados – que o advogado, ao exercer sua profissão não pode temer.

Entre os advogados homenageados a OAB de Itabuna reuniu os profissionais que mais se destacaram na advocacia regional e na formação acadêmica, desde que surgiu a Faculdade Católica de Direito de Ilhéus, em maio de 1961. Em seguida, integrou a Federação das Escolas Superiores de Ilhéus (Fespi), e por fim a Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc).

Dentre os 14 homenageados destaco aqui o advogado Gabriel Nunes, Membro Honorário da Academia de Letras Jurídicas do Sul da Bahia; Presidente da OAB Itabuna por 23 anos; advogado diplomado pela Faculdade de Direito de Ilhéus em 1967; advogado com 57 anos ininterruptos na advocacia itabunense e regional, notadamente nas áreas Cível e do Trabalho.

De forma carinhosa, Gabriel Nunes é chamado pelos colegas de “o eterno presidente da OAB de Itabuna”, não só pelo tempo em que se dedicou à entidade, mas pelo trabalho e empenho que devotou. Sempre esteve à frente nas lutas em defesa da advocacia e dos advogados, agindo como um grande negociador e dirigente atuante.

Durante anos a Subsecção da OAB funcionou nas instalações do Fórum Rui Barbosa – como acontecia em todas as comarcas – e o Poder Judiciário iniciou uma pressão para que desocupasse as instalações. Em 1997, após uma campanha de reivindicação junto à Secção estadual, Itabuna se torna a primeira subsecção baiana a inaugurar sua sede própria.

Àquela época, transferências financeiras para as subsecções eram ínfimas, mas o presidente Gabriel Nunes conseguiu os recursos suficientes para adquirir sua sede, uma conquista da advocacia itabunense. Após uma reforma para adequar o prédio às necessidades, junto com o presidente da OAB-Bahia, Arx Tourinho, inaugura a casa do advogado, que leva o nome de Sede Gabriel Nunes.

Ao receber a Comenda Barachisio Lisbôa, o advogado Gabriel Nunes disse que se sentia honrado por ser advogado, escolha que fez com acerto ainda moço, na atividade que buscou desempenhar com justiça e honradez. Gabriel destaca que a advocacia não é apenas uma profissão, mas um legado de quem tem a responsabilidade de garantir os direitos, a liberdade e a vida dos semelhantes.

Homenageados – Durante o evento foram homenageados com a comenda os advogados Cyro de Matos, Dalmo Magalhães (in memoriam) Carmem Habib, Francisco Madureira, Gabriel Nunes, Glória Gomes, Joel Brandão de Oliveira, Osvaldo Chaves, Raimunda Crispim, Waldeck Viana, Waldemir Rosa, Wanderley Rodrigues, Yara Smith Lima e Zizete Celestino da Silva.

*Radialista, jornalista e advogado

 

Morre, aos 99 anos, Dalton Trevisan, um dos maiores escritores do Brasil

 

LUTO

Morre, aos 99 anos, Dalton Trevisan, um dos maiores escritores do Brasil

Por seu temperamento recluso e avesso a entrevistas, escritor recebeu o apelido de 'Vampiro de Curitiba'


O escritor Dalton Trevisan morreu aos 99 anos nesta segunda-feira (9), em sua casa, em Curitiba (PR). A informação foi confirmada por Fabiana Faversani, agente literária do autor, ao Estadão.

Dono de uma das obras mais singulares da literatura brasileira, Dalton Trevisan é considerado o maior contista contemporâneo do país.

Recluso, o escritor viveu isolado em uma casa ao longo de mais de sete décadas, saindo apenas em raras ocasiões e se relacionando com um grupo pequeno de amigos. Não dava entrevistas, não recebia seus prêmios, não frequentava o meio literário. Mas escrevia e publicava.

Nos últimos anos, já com a idade avançada, ele se mudou para um apartamento no Centro de Curitiba, onde se dedicou a reler e reorganizar sua obra.

Em 2022, ele lançou uma antologia de contos, em edição do autor e com uma tiragem de 50 exemplares. Nenhuma linha sobre eles, apenas os textos - e alguns poucos desenhos de Poty entre os textos e ao final, incluindo um retrato de Trevisan na contracapa.

Vida e obra

Dalton nasceu em Curitiba, Paraná, no dia 14 de junho de 1925. Formou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Paraná. Exerceu a advocacia durante sete anos, mas abandonou a atividade para trabalhar na fábrica de cerâmicas da família.

Estreou na literatura com a novela Sonata ao Luar (1945). Entre 1946 e 1948, liderou em Curitiba o grupo literário que publicava a revista Joaquim, que se tornou porta-voz de vários escritores, críticos e poetas e reunia ensaios de Antônio Cândido e Mário de Andrade e poemas de Carlos Drummond de Andrade.

Em 1946, publicou na revista seu segundo livro de ficção, Sete Anos de Pastor (1946). Ele ganhou repercussão nacional a partir de 1959, com a publicação de Novelas Nada Exemplares, que reuniu sua produção literária. Recebeu pela obra o Prêmio Jabuti de Câmara Brasileira do Livro.

Em seguida publicou Cemitério dos Elefantes (1964) e O Vampiro de Curitiba (1965). Por seu temperamento recluso e avesso a entrevistas, recebeu o apelido de 'Vampiro de Curitiba'.

Publicou também A Morte na Praça (1965) e Desastres do Amor (1968). Isolado dos meios intelectuais, ele ganharia novamente o Jabuti em 1965, 1995 e 2011.

Seu livro A Guerra Conjugal, de 1969, posteriormente foi transformado em um premiado filme, dirigido por Joaquim Pedro de Andrade.

Seu único romance é A Polaquinha, de 1985. Em 1994, Trevisan publicou Ah, é?, marco do estilo minimalista.

No ano de 1996, ele ganhou o Prêmio Ministério da Cultura de Literatura. Já em 2003, venceu o 1º Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira juntamente com Bernardo Carvalho. Na ocasião, o livro premiado foi Pico na Veia.

O autor foi eleito por unanimidade vencedor do Prêmio Camões de 2012, ano em que também recebeu o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra.

A obra de Trevisan, publicada pela Editora Record ao longo das últimas décadas, foi transferida para a Todavia no segundo semestre deste ano. A editora preparava suas edições para 2025, ano do centenário de Dalton Trevisan. correio24horas.com.br


domingo, 8 de dezembro de 2024

A Cronica de Walmir Rosário - Direto de Canavieiras

 

DEZEMBRO CHEGOU E COMPROMISSOS AUMENTARAM

Ganhei o perdão por chegar atrasado pela primeira vez 

Por Walmir Rosário*

Uma avalanche de atribuições chega junto com o mês de dezembro, isso para quem – como eu – assume as responsabilidades. Tenho que me virar para não falhar com minha presença numa obrigação qualquer, desde a mais singela até os encargos mais sérios. Os deveres contraídos não aceitam as corriqueiras desculpas de última hora, do tipo, um compromisso de última hora...

Um velho e saudoso amigo sempre me dizia, “Rosário, se você começar a falhar nas atribuições contraídas, ou simplesmente recusar os convites, pode ter certeza, que daqui a uns dias você não será lembrado nem para participar de sepultamentos”. E essa é a lei que impera soberanamente na vida social, taxando os inveterados ausentes como antissociais.

Pelo que já devem ter percebido, e não estou me referindo aos compromissos financeiros, cuja inadimplência será tratada por órgãos especiais, a exemplo de SPC, Serasa, cartório de protestos. Refiro-me à vida em sociedade, da qual não se recusa os encontros entre amigos, chegados ou não, em locais antes nunca imagináveis. Faz parte.

Confesso que sou exigente nos meus compromissos assumidos e sou daqueles que acredita que beber cerveja é igual a tomar banho: tem que ser uma obrigação diária. De antemão aviso que a idade nem sempre permite que eu lembre todos os eventos que deverei participar, por culpa exclusiva da memória, às vezes preocupada com temas nada relevantes.

É do conhecimento de todos que o aumento de feriados – municipais, estaduais e federais – complica nosso cérebro, principalmente os mais novos ou aqueles nem tão importantes que são comemorados em dias distintos – recuados ou adiantados. Recentemente me passei com um desses feriados recém-instituídos e não arredei o pé de casa.

Mas como diz o ditado que quem tem amigos nunca está só, à “boquinha” da noite recebi uma mensagem do meu amigo e colega desde a faculdade de direito e da advocacia, Antônio Apóstolo. Ele se encontrava passeando por Paraty e não poderia deixar de me informar, solicitar dicas de onde comer bem e beber uma boa cachaça.

Imediatamente respondi que iria juntar o útil ao agradável e indiquei uma “casa de pasto” com um cardápio especializado em peixes, frutos do mar e carnes, devidamente harmonizados com bons vinhos, cervejas especiais e a boa cachaça. Não tinha errada, era só chegar à praça da Matriz e procurar o Alambique Antônio Melo, nome inusitado para o restaurante pilotado por minha comadre Áurea.

Cerca de 10 minutos depois, Apóstolo me envia uma foto, onde ao lado de sua amada, degustava uma cachaça Coqueiro, do tipo azulada, ou zuleica, como frequentemente chamada pelos íntimos. Entusiasmado, o casal já agendava para o dia seguinte uma parada na praia do Pontal, mais exatamente no Quiosque do Lapinha, com sagrada obrigação de degustar o tradicional camarão casadinho.

Somente após esse contato virtual com o casal Apóstolo é que me dei conta do feriado e dos amigos que deixei a esperar por mim a tarde inteira no Mac Vita para passarmos Canavieiras em revista, molhando a goela com cerveja. Sem mais delongas, me aprontei para não furar o compromisso, acreditando que ainda deveriam estar aguardando minha chegada, por não faltar aos encontros.

Realmente, ainda os encontrei ocupando três mesas, com duas ou três baixas por estrita necessidade do cumprimento de outros deveres. Não cheguei a ser repreendido, por possuir um extenso currículo e lista de presença positiva. Minhas escusas não passaram de um simples esquecimento e da atenção ao fazer o papel de guia turístico virtual ao casal amigo.

Mais explicações não foram necessárias em mesa de bar e recebi o conselho dos confrades e iniciar o levantamento de copo, já que chegara com substancial atraso. A partir de então iniciei uma pesquisa na internet para me orientar sobre como agendar meus futuros compromissos nos meios eletrônicos disponíveis. De lá pra cá, já me sinto familiarizado com os aplicativos no celular e a Alexa, a partir daqui responsáveis pelo cumprimento de minhas obrigações.

Vislumbro muitos afazeres pela frente neste dezembro.


*Radialista, jornalista e advogado.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Documentário 'Porto de Origem' mostra a história do bairro do Comércio

Documentário 'Porto de Origem' mostra a história do bairro do Comércio

 

Por.: Roberto Midlej/correio24horas.com.br


Filme do francês Bernard Attal mostra a rotina de pessoas que trabalham na região e resistem a sair de lá

O cineasta francês Bernard Attal vive em Salvador desde 2005 e hoje mora em um imóvel no Santo Antônio Além do Carmo, com vista para a região do Comércio. Além disso, frequenta a Cidade Baixa porque tem um escritório ali. O movimento na área sempre lhe chamou a atenção, especialmente pela diversidade de profissionais que atuam ou atuavam no local, incluindo pessoas que prestam serviços em áreas hoje consideradas meio obsoletas, como engraxates e alfaiates.

Preocupado com a decadência da região, Bernard decidiu realizar um filme para chamar a atenção para o problema: o documentário Porto de Origem, que está nos cinemas de Salvador. Além de ouvir especialistas que falam sobre a história e a arquitetura da região, Bernard também ouviu anônimos, especialmente comerciantes e prestadores de serviço que trabalham ali e muitas vezes têm uma relação nostálgica com o bairro.

Preocupado com a decadência da região, Bernard decidiu realizar um filme para chamar a atenção para o problema: o documentário Porto de Origem, que está nos cinemas de Salvador. Além de ouvir especialistas que falam sobre a história e a arquitetura da região, Bernard também ouviu anônimos, especialmente comerciantes e prestadores de serviço que trabalham ali e muitas vezes têm uma relação nostálgica com o bairro.

 

Mas o diretor admite que também houve uma curiosa motivação para realizar o filme. Em 2014, a avó dele morreu e, como parte da herança, lhe deixou um envelope com títulos de investimentos antigos, que não tinham mais valor. “Meses depois, olhei os papéis com mais atenção e percebi que havia um título relacionado à Bahia”, lembra Bernard. O papel havia sido emitido por uma empresa francesa que tinha participação na reforma do Porto de Salvador após a Primeira Guerra Mundial. Era o estímulo que faltava para que Bernard desse início ao filme.

Revitalização

Queria também fazer um filme sobre o bairro do Comércio e sobre como as pessoas vivem aqui, no bairro que é muito negligenciado. E queria também tratar da revitalização do Comércio, de que há tantos anos se fala”, justifica Bernard. Chama também a atenção do cineasta a importância dos trapiches do Comércio. Um deles, o Trapiche Barnabé, passa por uma reforma na qual o próprio Bernard está envolvido.

Há ainda uma outra motivação para o filme: o diretor é leitor assíduo de Jorge Amado, que usa a região da Cidade Baixa como cenário de diversos livros. “Li tudo dele e o que me chama a atenção é que ele é um dos poucos escritores que fala do Porto. Em Capitães da Areia, o Porto é o lugar central. Ele é o único que fala dos trapiches e eu não podia deixar de mencioná-lo no filme”. Por isso, o documentário usa um pequeno trecho do clássico livro de Jorge Amado.

Há, inevitavelmente, um toque de nostalgia na obra, como se vê nos depoimentos dos prestadores de serviço que atuam ali. O dono de uma loja de tecidos, por exemplo, se queixa da concorrência com os produtos chineses. Muitos são idosos que se recusam a trabalhar e sair de lá.

Há, inevitavelmente, um toque de nostalgia na obra, como se vê nos depoimentos dos prestadores de serviço que atuam ali. O dono de uma loja de tecidos, por exemplo, se queixa da concorrência com os produtos chineses. Muitos são idosos que se recusam a trabalhar em outros locais, como o alfaiate e o engraxate, ambos com mais de 90 anos.

“Por um lado, queria mostrar essas pessoas que resistiram e fizeram questão de ficar lá, mesmo com problemas como a falta de segurança. E também queria mostrar as empresas que estão ali e fazem o Porto continuar vivo, como os moinhos de trigo”. Mas o filme também tenta olhar para o futuro e pensa sobre como a área pode ser revitalizada.

Para Bernard, Salvador deveria se espelhar em cidades como Barcelona, na Espanha, e Marseille, na França, para revitalizar aquela área. “Marseille, como Salvador, tinha muitos problemas de segurança. E tem um patrimônio histórico que vai até a Antiguidade. A cidade foi revitalizada graças a políticas públicas”.

O filme já estreou em Salvador e chegará a outras cidades baianas, como Vitória da Conquista, Barreiras e Luís Eduardo Magalhães.

Em cartaz no UCI Shopping da Bahia e Cineflix (Shopping Bela Vista)

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

A AMÉRICA SE RENDE AO BOTAFOGO

 

A AMÉRICA SE RENDE AO BOTAFOGO

Botafogo é campeão da Libertadores da América
Foto Vitor Silva-Botafogo

Por Walmir Rosário*

É sempre assim, “tem coisas que só acontecem com o Botafogo”. Esse velho chavão, ou melhor, mantra, sempre foi utilizado para marcar, ressaltar, os fatos negativos do Glorioso de General Severiano. Agora, com a conquista da taça do Campeonato Libertadores da América, definitivamente, também passará a definir os atos e fatos positivos.

Asseguro que nunca nos faltou conquistar taças, torneios e campeonatos por todo o mundo, inclusive os que valiam em nível mundial, apesar de refutados pelos eternos rivais. Por muitos anos o Botafogo “papava” os títulos contra os rivais europeus, como Barcelona, Real Madri, e outras equipes da prateleira de cima do continente europeu. Tudo anotado na imprensa da época.

Os campeonatos da América do Sul, alguns com estofo de mundial, fazem parte dos troféus exibidos na sede do clube, expostos com o destaque que sempre mereceu. Apenas os rivais brasileiros não querem reconhecer, atitude mesquinha e ranzinza dos eternos sofredores, que não esquecem as memoráveis surras em campo.

Faz parte da história do futebol brasileiro os tempos de crise vividos pelo Botafogo, fruto de más administrações das pessoas que somente buscaram tirar proveito do Glorioso. Mesmo assim, conseguia reunir os pedaços e realizar memoráveis feitos no futebol brasileiro e internacional. Alguns até pregavam o fim do clube, que seria considerada a falência do futebol brasileiro.

Realmente tem coisas que só acontecem com o Botafogo. Isto é fato. Qual o clube de futebol que revelou e manteve em seu plantel as grandes feras do futebol brasileiro? Qual o clube que forneceu a maior quantidade e os mais brilhantes craques à Seleção Brasileira? O Botafogo, claro, como voltou a fazer este ano, para a alegria dos que realmente gostam, são apaixonados pelo futebol.

E dentre as coisas que só acontecem com o Botafogo, posso citar que, por pouco, ele não encerrou as atividades, como queriam dirigentes e torcedores de clubes rivais. São pessoas que não dão a mínima importância para o futebol e se preocupam apenas com o clube pelo qual torce, sem saber que não morreria” apenas o Botafogo, mas o futebol brasileiro.

Por anos a fio fomos nominados de forma pejorativa como sendo a torcida que cabia numa kombi. Apenas ríamos, mas não nos esquivávamos de dar a resposta nos resultados dentro de campo, humilhando os adversários com acachapantes derrotas. Dizem hoje que isso é coisa do passado, digna de museu, mas mudam rapidamente de assunto, apenas para não prolongar o sofrimento.

Nossos rivais jamais esquecerão nossa invasão a Buenos Aires, de forma ordeira e pacífica, com a preocupação de apenas levantar a taça de campeão da Copa Libertadores da América. Mostramos nossa superioridade fora e dentro de campo, ao vencermos nosso adversário, o Atlético Mineiro, por 3X1, placar que seria mais elástico, não fosse nossa minoria de um jogador em campo. Um infortúnio no começo do jogo.

Vencemos e convencemos forças pré-estabelecidas, a exemplo dos rivais, arbitragem, direção do futebol nacional, grande e esmagadora parte da imprensa nacional, que não souberam ou quiseram enxergar a mudança empreendida pelo Botafogo. Criticavam a nova forma de administração do clube, a Sociedade Anônima do Futebol (SAF), entidade privada com o formato de fazer os investimentos retornarem com sucesso financeiro e os grandes resultados dentro de campo.

Fomos dia e noite criticados pela imprensa e rivais sob o argumento de que o grande investidor teria apenas a vontade de tomar o clube, como se fosse uma ave de rapina do capitalismo. Erraram feio, os investimentos foram feitos, os resultados apareceram em forma de administração, craques, vitórias em campo e pagamento do enorme passivo do Botafogo associação.

E as críticas não paravam, agora sobre o pretexto que o investidor americano não se importaria com os torcedores e que com a SAF a paixão do futebol teria seus dias contados. Ledo engano, o Botafogo é cada vez mais uma família unida. Tanto assim, que pela primeira vez, John Textor levou funcionários e famílias de atletas do Botafogo para assistirem à partida em Buenos Aires.

Enfim, a Libertadores é só o começo de um trabalho recém implantado, cujo planejamento rende os primeiros frutos. As comemorações serão rápidas, pois novas atividades nos esperam, desta vez com a sonhada conquista do Campeonato Brasileiro de 2024. Somos líderes e vamos nos focar em manter nosso status quo para proporcionar novas alegrias aos botafoguenses.

Já estamos classificados para o Mundial 2025 da Fifa e queremos mais. Os torcedores da kombi pedem passagem...

*Radialista, jornalista e advogado